27- plano de fuga

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Gina Pellegrine

Maldito homem! Eu odiava Saulo, mas também odiava o que ele me fazia sentir. Ele sempre ficava me repreendendo e nunca me deixava conversar com ninguém. Depois do que ele falou, eu subi para o quarto e olhei para a janela enquanto eu gritava. De repente, a porta se abriu e dona Eleonora entrou com uma chave na mão.

Ela simplesmente me abraçou.
Minha sogra me abraçou.
Ficamos ali durante um bom tempo nos abraçando, eu precisava daquilo.

- Querida, eu sinto muito. - ela disse com a voz triste.

- Eu estou tão magoada, Dona Eleonora. Eu gosto deles, eu sempre quis que eles me notassem e quisessem ficar comigo, mas tem algo de errado. Eles dizem que me amam, mas nunca me respeitam ou fazem algo de verdade para mim. Eles mataram meus pais, me sequestraram e agora querem que eu me case com eles! Eu não queria! Eu não queria!

- Eu sei, Gina, eu sei exatamente pelo o que você está passando. Eu passei por isso quando conheci o pai do Saulo, ele é a cara dele. Eu conversei com eles, mas eles não querem abrir mão de você. Estão obcecados por você.

- E o que eu faço, dona Eleonora? Eu não quero me casar e muito menos perder minha castidade com eles! Eles estão loucos para me corromper. Não deixe que toquem em mim, por favor.

- Querida, eles serão seus maridos, não posso impedí-los de consumar o casamento.

- Oh meu deus...

- Mas posso impedir o casamento. Na verdade, nós duas podemos.

- Como?

- Fugindo! Se você não estiver aqui, não haverá casamento, eles teriam que primeiro achar a noiva fugitiva.

- Se eles me acharem, irão me punir da pior forma.

- Mas é um risco que teremos que correr. E se eles não acharem você? Pode ser tudo diferente, eu não quero que passe pelo o que eu passei. Eu vou te ajudar, Gina. Você vai fugir.

- Para onde?

- Primeiro, temos que organizar um plano.

- Tá, mas como seria?

- Temos que separar dinheiro e passagem para você só de ida, depois temos que inventar uma desculpa para você sair daqui. Ah já sei! Vamos dizer que iremos escolher o vestido de noiva e o buquê, depois iremos dar uma volta num shopping.

- Acha que eles irão acreditar?

- Claro, nós vamos...

- Mãe. - a voz grossa de Saulo interrompeu nossa conversa. Ele estava de pé na porta nos olhando.

- O que você quer, Saulo?

- Posso falar com a minha noiva?

A mãe dele me olhou e eu acenei com a cabeça. Ela saiu do quarto e fechou a porta, nos deixando sozinha. Eu já sabia o que ele queria fazer, então me ajoelhei no chão e me apoiei sob a cama. Ele acariciou minhas costas e meu pescoço, fazendo com que eu me arrepiasse de medo. Ele se abaixou ao meu lado e sussurrou em meu ouvido:

- Levante-se, meu amor.

- Não vai me punir?

- Não, eu não quero te machucar de novo. Me dói ver que tem medo de mim, me dói ver que a mulher que eu amo tem medo do meu toque.

- Se você soubesse o que dói em mim, nunca se perdoaria.

- Amore mio, mia ragazza... - ele beijou meu pescoço, soltando seu ar quente que nos excitava. Eu me soltei de seus beijos e levantei em direção á janela, por onde fiquei olhando a paisagem do jardim. Ele se levantou e me abraçou por trás, mas eu afastei seus braços de mim.

- Saulo, vai embora por favor.

- Amore mio, per favore no! Não se afaste de mim, isso dói muito.

- Sabe o que mais dói? É saber que os homens por quem eu me apaixonei, só sabem me machucar e nunca me respeitam!

- Gina, vamos conversar sobre isso, por favor...

- Pra quê? Para você me proibir de fazer tudo o que eu gosto? Pra você me bater? Caramba, por que nunca tentam me entender?

- Não quero brigar, só quero conversar. Eu quero te entender, mas não consigo.

- Não consegue ou não quer?

- Ambos.

- Então não seja hipócrita, Saulo Salazar. Seja um homem, pare de agir como se fosse o dono de tudo.

- Gina, cuidado.

- Ou o quê? Vai me punir por falar a verdade na sua cara?

- Irei te punir por me afrontar!

- Então me puna, pois irei afrontá-lo o quanto eu puder. Você não está cumprindo nosso acordo. Eu prometi me comportar se vocês me respeitassem e até agora não estou vendo nenhum respeito.

- Anjo, é que está sendo tão difícil, eu nunca fiquei assim.

- Assim como?

- A mercê de uma mulher.

- E eu nunca fiquei assim: tão magoada pelos homens que dizem que me amar.

- Amore mio...

- Não, chega. Estou cansada das suas mentiras, me deixe em paz pelo menos hoje.

𝑷𝒂𝒓𝒂 𝑺𝒆𝒎𝒑𝒓𝒆 𝑵𝒐𝒔𝒔𝒂, 𝑺𝒐𝒎𝒆𝒏𝒕𝒆 𝑵𝒐𝒔𝒔𝒂Where stories live. Discover now