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ENCONTRO BROCK DO LADO EXTERNO do prédio, ele está sentado nos degraus da escadaria de entrada. Ao ouvir o barulho do meu tênis colidindo com o solo de mármore, ele se vira rapidamente.

Me sinto acabado por dentro. Contrariando a provável sensação coletiva dos recrutas aprovados, me sinto mais tenso do que estava antes de passar pela demonstração. Me pego imaginando os comentários dos três membros do comitê de julgamento depois que deixei a sala. Penso no trio debatendo sobre o quão decepcionante eu sou. Algumas situações são tão constrangedoras que o simples ato de recordá-las é suficiente para trazer o desconforto de volta a você.

É assim que me encontro agora. Insatisfeito comigo mesmo e desconfortável com meu desempenho.

Conforme desço a escadaria, os olhos castanhos de Brock me seguem em cada movimento como os de uma ave de rapina prestes a atacar.

— E então? Como foi lá dentro? — pergunta ele e posso sentir o entusiasmo em sua voz.

Não gosto de despertar preocupação em ninguém, é uma característica de nascença. Também não aprecio a sensação de ser alvo da pena de ninguém, mas acho que o desprezo por isso é unânime.

Brock é meu melhor amigo, mas não acho que ele precise saber sobre da verdade sobre minha demonstração, não até que a verdade sobre minha demonstração, não até que a verdade apareça hoje à noite sem me deixar escolha.

Forço um sorriso, o melhor que consigo.

— Excelente. — minto.

Não faço isso apenas pelo meu orgulho, mas também por consideração a Brock, seria egoísmo meu roubar a alegria dele no dia de hoje e enchê-lo de preocupação no lugar dela e eu o conheço, sei que ele se preocuparia. Brock é versado em coragem, mas possui um coração solidário. Se compadece de cada ser vivo que resta sobre a face do planeta. Certa vez, ele me imobilizou para impedir que eu matasse uma barata asquerosa.

Um sorriso de satisfação preenche o rosto dele. Acho que minto melhor do que eu esperava. Isso é desprezível!

— Venha! — chama ele. — Temos que ir.

— Não vamos esperar Ariana terminar a demonstração dela? — pergunto.

— Ela disse que nos encontra lá em casa mais tarde. — avisa ele enquanto caminhamos em ritmo apressado sob o céu alaranjado de final de tarde.

♦♦♦

Assim que Brock gira a maçaneta e empurra a porta do apartamento nos deparamos com a mãe dele. Uma mulher morena, mais baixa que eu, com cabelos curtos e óculos quadrados, ela usa um vestido branco de mangas compridas e esboça uma expressão acolhedora.

— Aí estão os meus garotos. — diz ela, sorrindo enquanto nos abraça. O abraço dela tem uma capacidade de conforto sem igual, quase me faz esquecer do meu desempenho ruim. — E então? Como foi?

— Fomos ótimos. — responde Brock quase que de imediato como se a resposta fosse sufocá-lo se ele demorasse a colocá-la para fora.

— Eu sabia que seriam. — diz a mãe dele. Estou tão orgulhosa de vocês dois.

A sra. Fraser é como uma segunda mãe para mim. Quando Brock e eu nos tornamos amigos, ela me "adotou" sentimentalmente e passou a me tratar como um filho desde então. Dessa forma, Brock e eu somos uma espécie de irmãos.

— Agora, já para os banheiros. Estão imundos e suados. — diz ela.

— Esse suor é a prova de nossa honra. — diz Brock simulando uma postura imponente e rindo em seguida.

C.H.A.O.S.Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin