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MEU CORPO PARECE OBEDECER A comandos automáticos enviados pelo meu cérebro, é a única explicação plausível para o fato de eu ter conseguido me levantar da poltrona e caminhado até o elevador no fim do hall do andar de Brock. Todos estão com uma expressão de animação fundida a orgulho e felicidade, e falam sem parar, mas não consigo ouvir. É como se meus ouvidos tivessem sido abafados pelos meus pensamentos, tenho um furacão no cérebro. Um ciclone de perguntas pertinentes que não posso responder porque simplesmente não sei como fazer isso.

A sensação de não saber como fazer para compreender o que acontece a si próprio é perturbadora. Mas não há nada que posso fazer, então apenas sigo os outros até o saguão do prédio. Do lado de fora, um carro luxuoso nos aguarda, sua lataria cintila refletindo as luzes dos prédios ao redor, o céu repleto de estrelas abrilhanta ainda mais a cidade e, ao meu ver, Atlanta nunca pareceu tão especial antes.

Entramos no carro e o motorista dá a partida, seguimos pela avenida movimentada. Enquanto todos anseiam pela chegada ao baile de nomeação, eu apenas olho pela janela, os prédios passam por nós e vão diminuindo até desaparecer na silhueta da cidade atrás de nós ou quando o carro dobra em uma esquina.

Leva cerca de vinte minutos para que o carro pare em frente a uma luxuosa estrutura, iluminada por luzes de cor quente. Já passei pela frente da casa de bailes inúmeras vezes, mas nunca tive a chance de entrar, esse dia, enfim, chegou e ainda nem sei como foi que isso aconteceu.

Descemos do carro e seguimos para dentro do prédio, nos deparamos com uma grande porta dupla em cor de marfim com detalhes dourados e segurando a maçaneta de cada uma delas está um guarda, eles abrem as portas e do outro lado vemos um enorme salão decorados com os mais requintados ornamentos e pessoas educadas e bem vestidas. Tudo está impecável, desde o chão encerados refletindo as luzes dos lustres até as superfícies bem polidas dos vitrais emoldurados por cortinas douradas bem alinhadas.

A sra. Fraser acena para uma mulher sentada em uma mesa à nossa direita, ela faz um gesto para que nós caminhemos até ela. Nós nos aproximamos da mesa.

— Vivian! — diz a mulher com a voz repleta de excitação, levantando-se.

— Sandra! — responde a sra. Fraser.

As duas se abraçam.

— Fiquei muito feliz de saber que seu filho foi aprovado. — diz Sandra com um sorriso branco perfeito. — Meus parabéns, Brock.

Brock dá um sorriso simpático para Sandra.

— Obrigado. — agradece ele e ela responde com um aceno de cabeça.

— Ariana, querida, sabia que você conseguiria. — diz ela.

— Agradeço por acreditar, sra. Rogers. — responde Ariana, simpática.

— E também não posso me esquecer de você, sr. Hawkins. Guarda presidencial, não é algo fácil de conseguir. Deve ter se empenhado muito.

Na verdade, não. Ganhei o cargo por acaso, penso.

— Todos nos empenhamos. — digo, sorrindo. — Cargos não querem dizer nada, temos todos a mesma importância. — digo, só não sei se para ela ou para mim mesmo na esperança de me sentir melhor por estar em um cargo que não deveria ser meu.

— Concordo plenamente com você, querido. Seus pais estão orgulhosos do homem que você se tornou. — fala Sandra.

Sorrio para ela.

— Todos nós estamos. — diz a sra. Fraser pousando a mão sobre meu ombro. — Mas, diga-me, onde está seu filho?

— Em algum lugar. Ele estava aqui até uns minutos atrás. Não ficou muito feliz com o cargo que conseguiu. Queria um cargo na guarda presidencial. Seguir os passos do pai.

C.H.A.O.S.Where stories live. Discover now