10

1 0 0
                                    

OS DIAS QUE SE seguem são de uma tranquilidade quase perturbadora. Escoltamos a Presidente a algumas reuniões, velamos o trabalho dela, treinamos nas horas vagas...

Com menos de uma semana, já temos uma rotina formada e quando chega o sábado, a Presidente anuncia que fará uma viagem para um de nossos países aliados. A segurança de lá é o bastante para mantê-la segura. O General vai acompanhá-la e isso nos rende uma folga de dois dias até que ela retorne.

♦♦♦

— O que dois membros da guarda presidencial fazem em minha humilde casa? — brinca a sra. Fraser ao atender a porta. Brock e eu rimos junto com ela.

A sra. Fraser dá passagem e entramos no apartamento.

Sem demora, Brock se lança no sofá.

— Chegaram quase na hora do almoço. — diz a sra. Fraser.

— A senhora conhece o filho que tem, sra. Fraser. — digo, sorrindo.

— Vivian. — relembra ela mais uma vez.

— Eu vou me acostumar, prometo. — falo.

A sra. Fraser sorri e, em seguida, cruza a sala.

— Vou dar uma olhada na comida. — diz, antes de passar para a sala de jantar em direção à cozinha.

— A ausência tem um lado bom, não acha? — pergunta Brock esparramado no sofá como um sapo dissecado. — Quer dizer, uma semana atrás, se eu me deitasse no sofá, minha ma~e me arrancaria dele pelas orelhas.

— Realmente é uma grande vantagem poder se jogar no sofá. — afirmo, irônico.

— Você não entenderia. — diz ele. Me sento na poltrona ao seu lado.

— Acha que o almoço ainda demora? — pergunta Brock alisando a barriga.

— Como vou saber? — questiono. — Mas você sabe que a sra. Grabeel trabalha sozinha nessa casa. Cozinha, limpa, lustra. E embora ela diga que dá conta de tudo sozinha, é uma sobrecarga.

— Tem razão. — concorda Brock. — Minha mãe poderia contratar alguém para ajudar a sra. Grabeel.

— É uma boa ideia. — digo. — Agora que você se mudou para a mansão presidencial, a garota estaria segura.

— Se está falando da Mary, ela bem que gostou. — afirma Brock em um tom malicioso.

— Ela tinha noive, Brock. — falo, me inclinando para a frente.

— E no que isso interfere? — questiona ele. — O fato é que eu não ouvi ela reclamar de nada.

— Porque ela era muda. — digo em um tom que acentua o quão óbvia era essa informação.

Solto o corpo na poltrona novamente.

— Isso explica muita coisa. — sussurra Brock para si mesmo, mas não baixo o suficiente para que eu não ouça.

Reviro os olhos e sorrio.

O amor fugaz de Brock por Mary teve início quando a mãe dele praticamente obrigou a sra. Grabeel a tirar férias. Ela contratou uma substituta. Mary. Uma garota de pele cor de caramelo, cabelos e olhos negros e sorriso de marfim. Aparentemente, Brock ficou tão estarrecido com a beleza dela que não ouviu quando a sra. Fraser contou sobre sua deficiência. Ele nunca trocou uma palavra com Mary, o que evidentemente seria impossível. Mas em uma tarde, um aceno de cabeça acompanhado de um sorriso dela fez Brock interpretar a saudação silenciosa como uma atração declarada. À noite, quando a sra. Fraser já havia se recolhido, Brock foi até a cozinha e roubou um beijo da moça. Assustada, ela correu e se trancou no quarto para, no dia seguinte, pedir demissão e zunir porta afora.

C.H.A.O.S.Where stories live. Discover now