Prólogo

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Às 7 horas da noite a chuva era impiedosa na pequena janela. Em seus ouvidos, o ar congelante soprava versículos indecifráveis. Renato era parcialmente iluminado pela luz pálida dos relâmpagos, enquanto seu rosto ficava encoberto sob as garras da escuridão. Desde o início, sentiu que estava sendo sugado por uma espécie de buraco negro que o conduzia a outro universo. Escorregando dolorosamente num ralo de pensamentos perturbadores, seus olhos permaneciam abertos como os de uma cabeça guilhotinada há poucos segundos, vendo as belezas do mundo dançarem diante de si pela última vez.

Uma série de tropeços, sinais e descobertas o haviam trazido até esse recinto inusitado, dentro do banheiro do museu de arte. Era um ponto obscuro de sua trajetória, onde permanecia estático, buscando apenas um sentido para tudo que havia ocorrido. Abandonado às entrelinhas da fatalidade e do acaso, como um herói vacilante, foi durante muito tempo um títere sob o controle de um deus sádico. Tentou resistir ao chamado incontornável do propósito, mas finalmente aceitou o destino. Lutar contra si mesmo era inútil. Precisava ter fé. Erguer-se. Contra tudo e todos. Agora era o momento.

Num labirinto de muitos níveis, pensou ter encontrado a saída: uma teoria definitiva de sua própria história. Um sentido que explicasse, de forma coerente, tudo que lhe acontecera até então, e de que maneira deveria proceder para voltar aos eixos da serenidade. Mas será que, em algum momento, Renato teve essa virtude que esperava reencontrar? Ou o passado não teria sido apenas um delírio? Tudo era um enorme quebra-cabeças, com milhares de peças e milhões de encaixes. Lúdico, mas complicado.

Já de madrugada, o silêncio foi quebrado apenas por suas próprias palavras, pronunciadas de forma melancólica, como uma oração. Um resto de chuva fina caía sobre a vidraça do banheiro. Clarões intermitentes acariciavam suas roupas úmidas. O vento continuava a tocar uma melodia sombria entre as frestas da janela, e sua lembrança voava para lugares que, mesmo em sonhos, jamais poderíamos imaginar...

***

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Tiago Masutti

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