Perpétuo [7/7]

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"A morte é uma surpresa. Ao menos, é claro, que você já esteja morto por dentro." - SAW

Capítulo 7

O maior erro que você pode cometer, é o de ficar o tempo todo com medo de cometer algum. Aliás devo lhes dizer algo muito importante sobre cicatrizes, temos que ver todas como algo belo. Porque uma cicatriz não se forma em um morto. Uma cicatriz significa: "Eu sobrevivi".

Os tiros não pegaram em nenhum dos meus órgãos vitais, em meu peito ficaram apenas as marcas, lembranças do meu erro.

Lembro-me de estar em um corredor de hospital sendo levado para a sala de cirurgia, nos meses que estive em recuperação começaram a investigar tudo sobre minha vida. Após indícios e suspeitas foram até meu endereço e ao entrarem em meu apartamento, se depararam com o que nunca imaginariam um dia encontrar, eles presenciaram um pesado acordados.

Virei notícia mundial, deitado na cama do hospital acompanhei a tudo.

No jornal e em vários outros meios de comunicação eram transmitidas a notícia:

- O que foi encontrado parecia uma cena de um filme de terror, os policiais se depararam ao entrar no apartamento com vários crânios em uma estante, recepcionando macabramente todos que ali entravam, um a um enfileirados os crânios ficavam expostos como se fossem troféus, "Era como se estivéssemos em uma catacumba"- disse um dos policiais em choque.

Na cozinha havia um figado e tiras de carne em uma tábua de cortar, posteriormente constatado ser carne humana. Dentro de uma panela havia uma cabeça fervida, em potes separados haviam: pênis, olhos, línguas. Em um freezer haviam quilos de carne e vários pedaços de corpos mutilados, na geladeira garrafas com sangue. Um odor de morte exalava do porão, ao descerem as escadas, o que foi achado era aterrador, o cheiro era insuportável, dento de um tanque d'água, haviam vários torsos, corpos desmembrados, ali jogados a vários meses, em estado de putrefação.

A policia teve um trabalho terrível em identificar todas as vítimas.

Meses se passaram até chegar o dia do meu julgamento, foi o dia mais esperado do ano.

Eu estava recuperado, sentado na mesa do tribunal, apenas olhava o show a minha volta, milhares de repórteres estavam presentes, câmeras filmavam tudo, registrando cada momento.

Não houve debates acalorados entre a acusação e defesa, pois eu não tinha o que negar, tudo o que fiz teve um propósito, eu estava com meu corpo e mente em paz, contei detalhadamente cada assassinato cometido. O julgamento durou dias, era meu show, meu mundo, dei a mídia tudo o que eles queriam. Depois de muito ver e ouvir chegava por fim o término julgamento.

Os jurados se reuniram em uma sala secreta e após algumas horas saíram com o resultado unânime. Após o Juiz dar o resultado final eu não expressei nenhum sentimento ou reação ao ouvir a sentença, pois iria de encontro ao meu destino, o veredito estava dado.

O Juiz perguntou se eu tinha algo a dizer antes de ser levado, fiquei de pé, houve um silêncio absoluto, a imprensa com seus microfones esticados, virei a todos e disse meio aos jornalistas e flashs:

"Sem crueldade não há espetáculo". - Nietzsche

Um alvoroço se instaurou no lugar, o juiz batia o martelo sem parar pedindo ordem e silêncio, a imprensa foi a loucura, enquanto eu era levado algemado, escoltado por policiais, um tumulto se estendeu do lado de fora do tribunal. Aquela cena passou em câmera lenta, uma trilha macabra passou a tocar em minha mente, era lindo, com um sorriso no rosto me viram pela ultima vez antes de eu sair.

Já se passou muito tempo, enclausurado não tenho mais tanta noção do tempo, não ver a luz do dia muda toda a percepção de tempo.

Hoje escrevo e descrevo tudo a vocês com muito prazer, sentado e tranquilo, em minha cela.

No corredor da morte, aguardando meu dia chegar.

"Escreve com sangue e aprenderás que sangue é espírito". - Nietzsche

Shadow  - Tríade SombriaWhere stories live. Discover now