Natalie

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O feudo de Locksley não era grande, mas suas terras eram férteis e bem cuidadas

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O feudo de Locksley não era grande, mas suas terras eram férteis e bem cuidadas. O pequeno povoado de casas baixas se estendia abaixo do castelo e era cercado por uma muralha não muito alta. Suas ruas estreitas calçadas com pedras desiguais terminavam na praça da igreja onde aconteciam os festivais e comemorações locais. O castelo de pedra ficava no canto noroeste da vila, sobre uma colina, e dominava a paisagem como um guardião. Suas muralhas eram mais altas e de suas torres podia se avistar toda a região ao redor.

Robert nunca se sentira tão exausto em toda sua vida. Desde que haviam voltado de Hastings, seu pai lhe dera numerosas tarefas como castigos.

Verificar pastos...

Contar as ovelhas...

Levar as sementes aos camponeses...

Supervisionar as muralhas... Consertar as muralhas... Erguer mais muralhas!

Era uma lista interminável! A noite sentia–se tão cansado que geralmente engolia sua refeição rapidamente e caia na cama como uma pedra. E na manhã seguinte, lá estava ele como um feitor de escravos, ordenando-lhe novamente que fizesse algo enfadonho, tedioso e cansativo.

— E meus estudos com padre Ralph? Preciso encontrá-lo. Ele estava me ensinando o árabe!  — insistira com impaciência, ao final de um daqueles dias extenuantes.

— Estudos! Para que estudar se isso não lhe trouxe o mínimo de bom senso?! Árabe? — Thomas rira com desprezo, — Para que precisa aprender esta língua? Se algum dia se encontrar com um deles só precisará saber manejar a espada. Um homem precisa apenas cuidar de seus afazeres e lutar. Um pouco de instrução é bem-vinda, pois ajuda na administração das terras, entretanto o excesso pode ser prejudicial. Que ideias estranhas seus tutores enfiaram em sua cabeça desmiolada?  Nada útil! Já teve o suficiente de estudos! — concluíra, dando o assunto por encerrado.

Depois disso, haviam passado a tarde toda no galpão de estoque do castelo, verificando o peso da lã produzida pela tosquia dos carneiros que os camponeses tinham trazido pela manhã. Ele fizera um esforço enorme para se manter acordado durante aquela tarefa entediante enquanto seu pai reclamava para que anotasse os pesos corretamente. Infelizmente, os números teimavam em embaralhar-se no pergaminho toda vez que suas pálpebras piscavam de sono, e então, ele puxara o pergaminho de sua mão e o amassara, atirando-o de volta em seu rosto com ar irritado. E, ao final, acabaram discutindo... mais uma vez!

 mais uma vez!

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⚜️⚜️⚜️

Nesta manhã, ele o avisara de que deveriam visitar Peter Thompson, um próspero camponês que cuidava de um grande lote de terras ao sul do condado.

Isso era estranho!

Poucos dias atrás, ele o proibira de pisar naquelas terras devido às suas aventuras com Natalie, uma das filhas do camponês. Não sabia como seu pai descobrira o romance, embora desconfiasse de que fora o capitão de armas que espalhara os boatos. Tinham brigado por causa da garota e seu pai havia terminado a discussão - como sempre- , chamando-o de irresponsável, indigno de portar o nome dos Locksley e o ameaçara mais uma vez com a masmorra.

E agora estamos aqui, passando o dia com o camponês. Será que ele se esqueceu de tudo? Observou-o com desconfiança enquanto ele conversava entretido com Peter.

Uma pedrinha bateu em seu ombro e ele viu Natalie chamá-lo com um sinal de mão, escondida atrás de uma árvore. Olhou novamente para o pai. Ele estava descendo uma trilha em direção ao moinho, acompanhado pelo camponês. Talvez demorassem um pouco lá no rio...

Fez outro sinal para Natalie, esperou os dois sumirem de vista e, em seguida, correu até a garota. Ela é quente, muito quente! Seus olhos azuis, o rosto de pele clara e rosada e as sardas do nariz lhes davam um ar inocente, mas as coisas que ela sabia fazer deixariam qualquer soldado morto de vergonha.

Ele vestiu seu melhor sorriso ao aproximar-se dela.

— Esteve sumido, Robert... — ela reclamou, os lábios curvando-se para baixo, demonstrando seu desagrado.

Ele deu de ombros.

— Meu pai proibiu-me de visitá-la.

— Mas você está aqui hoje com ele!

— Estranho, não é mesmo? — ele respondeu evasivamente.

Natalie encarou-o mais de perto, analisando-o. Robert estava diferente. Uma luz estranha brilhava no fundo dos olhos dele com um brilho selvagem que não existia antes. E tinha emagrecido também, o que deixava o rosto dele ainda mais anguloso e atraente.

— Soube de sua aventura na floresta e que matou alguns lobos. Todos estão falando sobre isto! — ela subiu lentamente a mão através do peito dele, —  Ficou com alguma cicatriz? — perguntou,  puxando a gola da túnica e olhando com curiosidade para as marcas.

— Sim, algumas... — ele respondeu, sentindo seu corpo estremecer involuntariamente ao toque dela.

Então, lembrou-se de Marion dançando a luz da lua e afastou-se um pouco. Contudo, Natalie estava ali à sua frente, os lábios rosados e desejáveis ao seu alcance. Sua alma queria resistir à garota, mas seu corpo implorava por alguma forma de alívio.

Corpo e alma batalharam arduamente entre si, praticamente empatados.


Nota da autora:

Será que ele vai ficar com a garota e trair o amor da vida dele?

Me ajudem a resolver, caros leitores; deixem seus comments

Sobre Amor e Lobos vol.1  VERSÃO WATTPADOnde as histórias ganham vida. Descobre agora