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W A R L L A

Sabe quando você acha que está fazendo tudo certo, tudo para o bem, para o seu bem e também o de outras pessoas? Em um dia você está bem mas a vida parece se sentar em seu troninho com sua taça cintilante de vinho, olha para sua cara  ri e diz "... Coitado, alá iludido..."

A alguns dias atrás eu tinha tudo. Não era tudo perfeito, mas eu tinha tudo, mas neste momento eu não posso dizer o mesmo. Já se faz duas semanas que eu estou aqui neste hospital ouvindo médicos de todos os lugares me enchendo o saco com perguntas, fazendo estudos e no final não tendo respostas. Dia e noite ouvindo meu irmão gritar com médicos para que eles sejam mais competentes, e que me curem logo. Mas todos já sabem. Eu não irei sair dessa.

Meu irmão insiste em querer constatar ao Miguel, mas isso não foi preciso graças ao papel que eu deveria assinar para o nosso respectivo divórcio. Ele me achou apenas pelo meu cheiro, cheiro de humana. Eu disse que estava indisposta e pedi para a segurança não o deixar entrar no quarto, principalmente se ele tiver um papel nas mãos. Eu sei que pode ser egoísmo meu, mas eu não consigo assinar aquele maldito pedaço de papel, talvez eu não deveria mesmo, e ele carregaria o peso de estar casado comigo para sempre. Mas isso não é o certo a se fazer, mas de todo jeito ele vai conseguir o quer, se divorciando, ou ficando viúvo,  a segunda opção parece mais viável no momento.

Quando me transformei me senti heroína achando que nunca iria morrer na vida. Morte... refúgio de uns, tormento para outros, e para mim... não tenho uma opinião formada sobre o assunto.

Eu gostaria muito de ir para casa, mas Wallace está viajando, disse que foi procurar cura ou sei lá! Mas eu preciso dele ... talvez esse "ele" não seja meu irmão. Alec nunca mais apareceu para mim depois do penhasco. Talvez com os meus novos problemas até ele desistiu de mim. Quem sabe. Talvez Wallace inventou a desculpa que foi procurar uma cura só para não ouvir os médicos dizendo "Hora da morte..."

Começo a tossir e sangue sai por minha boca e por meu nariz, começo a ficar sufocada e sem ar. Aperto um botão que chama a enfermeira. Apago.

Acordo depois, já limpa e sem sinais de sangue pelo lençol e pela roupa. Respiro e percebo um aparelho respiratório. Agora é assim, tudo pode me levar a um desmaio graças as minhas forças.

Olho em minha barriga na região do útero e a vejo bem elevada, eles queriam fazer uma cirurgia, mas disseram que quando foram tentar fazer uma, teve complicações.

A porta do quarto bate com força me dando um belo susto, o que me faz quase saltar. Coloco a mão no peito. Olho em direção a porta e vejo Miguel encostado na porta me olhando o mais sério possível, me dando até medo, será que ele veio me obrigar a assinar?

_ Se for sobre o divórcio eu quero que..

_ Você está bem?

Sou pega de surpresa por essa simples questão. Olho em seus olhos que continuam bem sérios.

_ Bom, tirando o fato que posso morrer a qualquer momento, estou.

O ponto roxo em seus olhos estava fraco, eu ainda não compreendia essa nova coloração em seus olho, deve ser porque estavam dilatados.

_ Quando você voltará para casa?

Meus olhos se enchem de lágrimas porém eu me recomponho engolindo em seco. "Casa".

_ Se eu sair dos aparelhos...

Deixo a frase pairar no ar. Era tão fácil falar sobre isso com Wallace mas com Miguel não posso dizer o mesmo.

_ Eu tive um sonho. Sonhei com Alec.

_ Ok, agora os seus sonhos voltaram? Acho que você deve procurar um médico isso com certeza não faz bem pra saúde.

_ No começo eu também tinha esse pensamento, em todas as noites ele aparecia em meus sonhos, me mostrava o quanto eu estou sozinho, e me falava sobre... – Ele para e me olha fixamente nos olhos.

_ Sobre? – O incentivo a terminar.

_ Sobre você e um maldito bebê.

_ Ah, não sei o que dizer, pois no começo eu acreditava estar grávida mas eu descobri que era apenas um tumor corrosivo. – Sorrio.

_ Antes eu achava estar ficando louco mas ele me pediu para acreditar, porém lógico que eu não acreditei pois isso não seria possível, mas ele insistia tanto que eu comecei a acreditar nas paranoias dele, um pouco forçado acredite. Eu estava perdendo a minha estabilidade emocional o que me causou muita frustração o que também gerou muito estresse o que me fez vir aqui algumas vezes pedir para que você assinasse um maldito pedaço de papel para ver se meus sonhos acabasse mas você é teimosa.

_ Você não precisa me contar isso, sério.

_ Mas eu quero, então fica caladinha e me escuta. Eu não acreditava mas agora eu estou começando.

Começo a rir o que me gera dores.

_ Você está louco? Já sei, Wallace te subordinou para vir aqui me fazer rir?

_ Eu falei com a deusa Lua.... eu sei, é loucura.

Fico boquiaberta com sua afirmação, isso é de fato uma das coisas mais raras de acontecer. Ela nunca se comunica.

_ E... o que?

_ Ela disse que eu só saberei da verdade se eu... posso? – Ele chega perto.

_ Pode o que?

_ Tocar sua barriga.

Olho com os cenhos franzidos, isso é totalmente loucura mas se isso o deixará melhor, não vai mudar nada na minha vida.

Eu balanço a cabeça em sinal positivo e é ai que tudo acontece.

Uma dor alucinante me domina me fazendo urrar, suas mãos brilham e ele parece também sentir dor. Seus olhos começam a sangrar,ele aperta minha barriga o que me faz gritar e derramar lágrimas de dor. Ouço bem distante apenas o monitor de frequência cardíaca apitando sem parar.  

Wolf and Ice _ Entre o Amor e a GuerraOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz