Sinto um cutucar no meu braço e acordo assustado.
— O que está fazendo aqui? — Lolla está de pé, olhando o meu estado caótico com uma garrafa de Uísque vazia caída ao lado. — Você dormiu aí?
Ela segura as sandálias na mão e está um pouco descabelada.
Levanto-me me sentindo um panaca. Minha cabeça dói. Eu bebi demais.
Lolla fugiu de mim.
Esse era o óbvio depois de tê-la deixado sozinha no restaurante, mas me deixar preocupado foi cruel. Sentei na porta do seu quarto e acabei pegando no sono.
— Bebeu isso tudo?
— Não, o rapaz do bar me deu com dois dedinhos. Talvez um pouco mais. Não foi cheia, senão eu estava em coma alcoólico — sorrio.
Ela permanece séria.
— Que horas são? — indago, olhando com dificuldade o meu relógio de pulso.
— Já passa das 3 da manhã.
— Onde estava, Lolla? Não pode sair assim sem me dizer onde vai, eu fiquei louco.
— Isso não é da sua conta. Já estou de volta e, como pode ver, viva. Agora vai para o seu quarto que eu preciso dormir.
Sinto meu coração apertar. Nos seus olhos há magoa. Ela mal consegue me olhar.
Deus, essa mulher acabou comigo!
— Onde esteve? — pergunto de novo, sem deixá-la entrar. Eu quero respostas. Quero que ela diga o que imaginei por tantas horas.
— Estive com alguém que fez o que você deixou de fazer.
Sinto meu corpo reagir com raiva.
Pego seu braço e a coloco contra a parede.
— Me solta agora, Jaime.
— Esteve com ele, não é? Mateus. Foi logo para o colo de outro? — Merda! O que eu acabei de falar?
— Cala a sua boca. — Ela me empurra.
— Diga que ele não te tocou, Lolla.
— Não vou dizer isso.
— Por favor... você... você só pode ser minha.
Seu rosto não tem expressão. Nada.
— Não posso ser de quem também não é meu.
— Eu sou... Deus, eu sou seu, Lolla. Você não vê? Eu só preciso de tempo.
— Você está bêbado. Precisa de um banho.
— Eu... eu só preciso de você... Lolla, ouça...
— Não quero ouvir promessas, Jaime. Eu sou grandinha demais para entender o que um homem traidor diz para a sua amante. Eu não cairei nessa.
— Não! — Passo a mão sobre o seu rosto. Tão linda.
— Vamos, Jaime. Eu vou te ajudar a ir para o seu quarto.
Ela me escora. Eu não estou conseguindo pensar direito.
Lolla me guia e me coloca na cama.
— E o banho?
— Não seja ridículo. Eu não te aguento.
— Sim. Isso... eu sou ridículo. Eu deixei a mulher mais linda do mundo ficar sozinha num restaurante de rico. Eu sou ridículo.
Sinto ela se sentar ao meu lado e me esforço para sentar também.
— Eu preciso dizer algumas coisas, Lolla. Algumas que talvez amanhã eu não tenha coragem porque tenho medo.
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AGORA OU NUNCA (Spin-off de Tudo ou nada)
RomanceApós cuidar com afinco da carreira de jogador de futebol do seu irmão Henrique Soares, JAIME queria apenas paz. Prestes a mudar depois de se conformar com a ideia de que seus planejamentos de vida foram por água abaixo, ele tem uma grata surpresa ao...