CAPÍTULO 18 - JAIME

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Agora tenho total entendimento que o meu nervosismo é um sinal claro da responsabilidade que eu estou me metendo.

Olho para Lolla que está ao meu lado, posando para as fotos. Os inúmeros flashes fazem meus olhos se fecharem.

Saber que ela não tem filiação na identidade foi algo que mexeu comigo. Eu mesmo não conheci meu pai. Ele apenas me registrou e sumiu no mundo. Depois que comecei a ganhar dinheiro fui procurá-lo e descobri que ele já havia falecido. Porém eu sempre tive minha mãe. Tanto que ignorava o sobrenome do meu pai e sempre usei o Soares da minha mãe, assim como Henrique. Nossa mãe foi ausente por ter que trabalhar tanto para nos sustentar, mas não imagino como seria sem ela. Assim como não imagino como foi a infância da Raíssa.

Ela sorri exibindo todo o seu charme. Ali não há vestígio de uma infância tão triste como eu imagino. Ou ela sabia mentir bem, ou é apenas aquilo que ela mesma contou: não se importa.

As perguntas foram das mais variadas e a coletiva foi um sucesso. No momento certo, onde todos estão falando de Lolla e procurando por ela pelas redes sociais.

— Como está? — pergunto a ela, entregando uma garrafinha de água, entrando em uma sala mais reservada.

— Dormente — responde.

Ela se senta na cadeira e deixa os ombros caírem. Sei o quanto sucesso suga. Lembro de como Henrique ficava nas coletivas. A diferença é que ele extravasava procurando mulheres e as levando para a cama.

Fabrício entra na sala.

— Eu sabia, garota, sabia que se sairia bem! Você foi perfeita.

— Tem certeza? — indaga com uma cara meio assustada.

Ela levanta e recebe um abraço apertado dele.

Fico olhando de soslaio enquanto remexo no celular para ver se Celina me mandou alguma mensagem. E não tem nada. Ela deve estar dormindo.

Fabrício ainda toca nela.

Sinto meu rosto queimar.

— Não tem mais o que fazer, Fabrício?

Ele me olha e Lolla aperta os lábios se sentando novamente.

— A sua lista... já finalizada. — Ele me entrega um papel. — Aqui está todo o cronograma semanal da Lolla.

— Meu?

— Sim — digo. — Está preparada?

Ela faz que sim.

Entrego para ela o que pedi, mastigado, para Fabrício fazer. Ele só procurou os professores que sugeri e organizou os horários e dia de semana.

Ela vê e arregala os olhos.

— Aulas de português, fonoaudióloga, psicóloga, dança, inglês, espanhol, etiqueta... — narra cada passo. — Sobra tempo para cantar?

Fabrício ri alto.

Olho sério para ela.

Fabrício perto dela me deixa mal-humorado.

Talvez por saber que ele a queria levar para cama. Ele não faria mais isso, nem por cima do meu cadáver!

— Desculpe... — ela arranha a garganta. — É um ótimo cronograma, Fabrício, obrigada!

— Foi o Jaime que pediu. Só organizei.

— Obrigada, Jaime.

— Deve fazer tudo que está aí. Vida de artista não é só cantar, Lolla. Precisa entender isso. Não está mais no seu quarto gravando com um celular.

AGORA OU NUNCA (Spin-off de Tudo ou nada)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora