CAPÍTULO 12 - JAIME

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— Está tudo bem, amor? — A voz de Celina me faz parar de encarar a janela.

— Nossa! Vai cair o mundo aí fora.

— Seria melhor você não sair de casa, Celina.

— Ah, . Vou ligar para o hospital e pedir que ninguém se machuque ou precise de cuidados médicos. Pode deixar, eles conseguem isso.

Ela se vira e coloca a sua toalha pendurada.

Cerros os olhos. Sua ironia me deixou um pouco irritado.

Ela me vê e sorri.

— Estou brincando. — Ela vem até mim e beija meus lábios. — Não posso deixar de ir. Minha profissão é algo...

— Eu sei. Eu... desculpe. Fui um idiota.

Fui mesmo.

— Deixa que eu te levo até o hospital.

— Não precisa. Eu sei dirigir bem e depois eu teria que te pedir para me buscar ou pedir um Uber, não... prefiro ir com o meu carro. E você tem algo importante para contar à sua família, não?

Sinto o peso da aliança na minha mão. Ainda demoraria um pouco para me acostumar.

— Tenho sim — sorrio.

Ela sai nua do banheiro e vai para o quarto se arrumar.

Minutos depois ela me dá um beijo de despedida dizendo que seu plantão acabaria às 06 da manhã.

Aceito seu beijinho e a abraço apertado antes dela sair.

Eu teria que aprender a lidar com essa questão da profissão da Celina.

A verdade é que eu detesto trocar o dia pela noite. Sempre me senti improdutivo, mas, por ela, eu deveria tentar. Valeria a pena.

Sem pensar muito, atravesso a rua correndo.

Me estreito no pequeno parapeito e abro a porta sem cerimônia. Afinal, a casa do meu irmão era minha também. Eu faço parte dessa família. Quem não deveria estar aqui é ela: Lolla.

Assim que eles me veem se calam de alguma coisa engraçada na qual estavam falando. Estão todos sentados à mesa: Catarina, Ana, Henrique, os gêmeos desenhando em algum caderno e Lolla com um sorriso casto.

— Aí está você! — Catarina vem até mim. — Não atende celular não?

— Acho que deixei carregando.

— Já até coloquei a mesa para o nosso jantar.

— Cadê a Cecê, irmão? — Henrique pergunta alto.

Lolla olha para ele e depois para mim.

— Celina teve que trabalhar. Ela pediu desculpas pela falta.

— Que pena, cunhado. Mas entra... como viu, estamos com visitas também.

Caminho até ela que levanta da cadeira com um tímido sorriso quando chego perto.

— Onde você estava? — indago sem sorrisos.

Ela arregala os olhos um pouco.

— Encontrei Lolla em Ipanema, tio. Estava sendo atacada por fãs.

Lolla olha para minha sobrinha e parece lembrar do caso, pois sorri. Ela se volta a mim, me olhando no fundo dos olhos e parece apertá-los.

— Eu poderia ter sido avisada da matéria — diz, com toda calma do mundo.

AGORA OU NUNCA (Spin-off de Tudo ou nada)Where stories live. Discover now