AGORA OU NUNCA (Spin-off de Tudo ou nada)

CAPÍTULO 31 - JAIME

Ironia é a palavra que define o meu atual estado.

Passei os últimos dias tentando fazer o que Lolla me pediu: esquecer.

E bastou vê-la à minha frente para fixar em mim o motivo de ir contra o seu pedido. Filha da mãe!

Os dias foram arrastados. O que me salvou foi a minha teimosia em aprender a surfar decentemente sem me afogar.

Ainda tento entender o que aconteceu no último final de semana. Por muitas vezes senti raiva da Lolla. Raiva porque ela não me deixou explicar e a forma fria e egoísta que tratou o que tínhamos acabado de viver. Eu não tinha pensado nas consequências da nossa noite juntos e nem tive tempo, até porque, não foi premeditado. Jamais seria.

A sensação que tenho é que caí como um otário. Caí nas suas garras. Fui uma brincadeira para ela. Uma brincadeira de uma noite. Talvez desde o início quando ela disse que me escolheu.

A verdade é que estou revoltado. Queria poder ligar o foda-se e deixar tudo na mão do Fabrício. Cheguei até a ir na Prime para resolver isso de uma vez por todas, mas, quando o vi perguntar por ela, todos os meus objetivos decaíram. Ele não chegaria perto da Lolla. Eu não deixaria isso acontecer.

Ao mesmo tempo que a raiva vinha, por ela fazer pouco caso do que vivemos, eu me culpo. Celina não merecia isso. Que tipo de homem virei? Eu resolvi contá-la e tentei. Por duas vezes estive à ponto de contar. Duas. Ambas foram impedidas. Uma pelo seu celular que resolveu tocar e outra por ela dizer que estava com dor de cabeça. Eu não queria magoá-la. Eu só queria transformá-la em minha esposa, mãe dos meus filhos e ter o meu felizes para sempre garantido. Mas depois disso, depois do que fiz com ela, depois de me permitir cair em tentação e provar de um veneno torturante, eu não sei mais de nada. Sou um filho da puta perdido e viciado em algo que não deve ser meu.

Fecho os meus olhos e respiro fundo.

Eu a vi.

Não que eu não a tenha visto essa semana. Confesso que me dei a permissão de me deixar ainda mais louco e assisti todos os seus vídeos do YouTube. E vi todos os seus stories no Instagram.

Mas vê-la pessoalmente foi pior do que imaginei que seria.

— Jaime? — Henrique me faz voltar a realidade.

Busquei Ana quando Catarina me pediu. Maldita hora em que vi Lolla. A filha da mãe ainda não seguiu minhas ordens!

Ana entrou em carro e ainda tive que a ouvir tagarelar da praia até em casa sobre o como Lolla é incrível. Como se eu já não soubesse!

Ana saiu do carro animada para se arrumar para o show e eu continuei dentro do veículo.

Henrique está do lado, de pé, me vendo ser o doido que ainda não saiu do carro.

— Está calor, sabia? Quer cozinhar aí?

Saio do carro.

— O que houve? — Ele pergunta curioso.

— Nada. Está tudo bem.

Passo por ele para ir para casa. Não estou a fim de papo.

Ouço seus pés vindo atrás de mim.

— Cadê a Celina?

— No trabalho.

— Mas não é só à noite?

— É, mas hoje teve que ir cedo.

— Hum.

Abro a porta de casa e olho para o meu irmão.