CAPÍTULO 2 - JAIME

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Sandália alta, meia calça arrastão, short curto e top preto deixando a barriga negativa de fora. Seu cabelo está nos ombros e com uma franja caída do lado e uma tiara verde-água que dá para enxergar até em Marte.

Seu rosto de menina me deixa incomodado. Confesso que imaginei uma Lollita diferente.

Os jovens vibram enquanto a moça canta afinada.

Ela rebola até o chão e fico deslumbrado pela sua atuação tão sensu... Vejo Henrique colar em mim.

— Cara... o que foi aquilo?

— Aquilo o quê?

Fico desnorteado. Estou prestando atenção na cantora bombadona na qual Ana adora.

— Essa Lollita é boa também, viu...

— Sim, ótima cantora.

— Não falei nesse sentindo, cara! Porra, pensa um pouco com a cabeça debaixo!

— Para de ser ridículo, Henrique. Só estava ouvindo a moça cantar.

— Esquece! Agora me diz, o que foi aquilo com a garçonete gata? Você ficou com cara de panaca. Óbvio que ela iria correr.

Nego com a cabeça, meio sem paciência.

— A moça está trabalhando. Não vou importuná-la.

errado, mano.

— O que está errado, Henrique?

— O jeito como lida com as mulheres. Poderia te dar um curso intensivo, mas você precisaria de tempo e... o tempo não está a seu favor.

— Ah, é? O que eu deveria fazer?

Os olhos dele brilham. Merda! Era isso que ele queria que eu indagasse.

— Pergunta se ela faz essa dancinha particular — sugere com a maior cara lavada, indicando com os olhos a mulher dançando. — Diz que ela é gostosa e...

— Não acredito no que estou ouvindo. Dicas para ser um babaca?

Agora ele faz uma cara de paisagem.

— Quer continuar no osso? — pergunta sério.

— Já disse que não estou no osso. Você é louco, sabia?

— Eu não. Você que é.

Sei lá, talvez eu devesse mesmo ser mais ousado.

Cara, vai por mim... vai dar certo, irmão. — Ele me dá dois tapinhas nas costas e sai quando Catarina o chama no outro lado do salão.

Respiro fundo e sou atingido por uma grande confiança. Acho que a bebida está fazendo efeito.

Mexo um pouco o pescoço e tento encontrar a mulher no meio dos convidados e não a encontro mais. Dou uma volta pelo local e acabo parando no corredor para os banheiros. No fundo vejo Kelly, a mulher que saí, meio psicopata, sair do toilette feminino. Sem querer falar mais do que o oi que falamos quando ela chegou, viro-me com pressa para sair dali o mais rápido possível, mas recebo uma batida em cheio.

— Ai!!!

Sinto o líquido gelado escorrer pela minha barriga.

Olho para frente e vejo a garçonete de Ula também molhada com os olhos assustados. Pronto! Encontrei a garota.

— Desculpe! — peço. Tirando a bandeja da sua mão. — Deus, desculpe!

— Não... — ela sorri sem graça, sem me encarar, tentando limpar com as mãos os seios que quase pulam sob o sutiã. Desfaço o olhar. — A culpa não foi sua.

AGORA OU NUNCA (Spin-off de Tudo ou nada)Where stories live. Discover now