AGORA OU NUNCA (Spin-off de Tudo ou nada)

CAPÍTULO 5 - LOLLA

Pisco mais algumas vezes.

Tento ao máximo controlar minhas pernas bambas e o suor que parece escorrer pela minha espinha. É um trabalho um tanto impossível diante do meu nervosismo.

— O que disse?

Fabrício me encontrou ainda na recepção. Eu não iria mesmo esperar deixá-lo entrar na sua sala e dar uma desculpa esfarrapada para a sua secretária. Eu teria que abocanhá-lo assim. De supetão!

Olhos castanhos claro e grandes me olham de volta. Ele é alto, bonito. Usa um terno azul preto que combina com seus olhos e parece ter custado o valor de todo o meu guarda-roupa.

— Jaime me mandou. Ele acredita que eu possa ser agenciada por vocês. Resolvi aceitar a oferta.

Ele franze o cenho e olha para a secretária. Não sei o porquê, mas ela está com a boca entreaberta.

— Se pudermos fazer uma reunião — sugiro. —, eu apresento meus planos e aceito as sugestões. Afinal... — dou uma risadinha. Sinto meus músculos estremecer sob a pele. — Estou aqui para isso.

Eu minha última chance. Minha cartada final. A moeda da sorte ainda está voando em cima da minha cabeça e eu torcia que ela não virasse merda e caísse na minha testa.

Ajeito o pé de apoio e adequo a tiara para centralizá-la.

Ele me olha de cima a baixo.

— Você faz o que exatamente? Desculpe, mas o senhor Jaime não te...

— Ah, ele não deve ter tido tempo. Ele assistiu meu show ontem. Eu canto. Canto Funk, mas não só isso. Comecei como MC dos bailes da Comunidade do Vidigal, mas também sou convidada por outras comunidades e já tenho um nome a zelar. Só não gosto de me ligarem ao fato de MC já que eu quero cres...

— Calma! — Ele pede com uma mão. Mostra um sorriso forçado. — Você está indo rápido demais. Se importa se eu... — Ele pega o celular no bolso interno do paletó.

Levanto um pouco os ombros.

Não! Era melhor ele não ligar para o Jaime. Não agora!

Com o celular já no ouvido, ele me chama com a mão para entrar na sua sala.

Caminho com o barulho alto demais do meu salto, seguindo-o.

A sala na Avenida Vieira Solto é imensa. A vista do último andar na praia de Ipanema é de tirar o fôlego. Nunca havia entrado em um lugar tão chique na vida.

Ele aponta um sofá creme no meio da sala. Quase tropeço ao pisar no tapete.

Sento e cruzo as pernas, mas mudo a posição várias vezes quando ele se vira para a paisagem, de costas para mim.

Ouço ele sussurrar. Meu coração está acelerado.

Não pode dar errado. Não pode! Olhe onde cheguei?! Sei que a minha determinação de hoje será o meu sucesso de amanhã. Então, é AGORA OU NUNCA!

— Não. Ela se apresentou como Lolla.

Ergo meus olhos.

— Jaime... está me ouvindo? O que eu faço com ela?

Só ouço ele falar um Ok antes de tirar o celular da orelha.

Ele me mostra um sorriso amigável e fico ainda mais inquieta.

Se ele não me enxotar daqui antes de me ouvir já seria um bom negócio.

Ele abre um botão do seu terno caro e se senta na cadeira chique de diretor.