CAPÍTULO 14 - JAIME

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Estou nervoso.

Estou irritado.

Estou mal-humorado.

Não deveria. Eu não deveria estar assim.

Após Lolla se despedir veio a culpa.

Por várias coisas.

Por que não entrei aqui contando a todos a maior novidade?

Por que fiz com que minha sobrinha ficasse magoada?

Sento-me na cadeira do jardim da casa do meu irmão e logo ele aparece.

— E aí... — Ele está acendendo um charuto. — É Cubano. Um Cohiba Behike. Precisamos comemorar.

Faço que sim, tentando não ficar tão eufórico.

— O que está havendo? — Ele se senta na outra cadeira e coloca o pequeno maçarico na mesinha branca entre a gente, baforando a primeira puxada.

Coço a cabeça. Não sei o que dizer.

— Acho que todo mundo está se perguntando o porquê não aparenta estar feliz por se casar.

— Eu estou. De verdade.

— Ah é? — Ele me oferece o charuto.

Fumo, sem tragar, como deve ser, apenas sentindo os sabores do caríssimo apetrecho na boca.

— Então o que está te deixando assim? Sério, sempre achei que era tudo o que você queria...

— Não estou assim por causa da Celina.

Ele me olha de soslaio.

— Lolla?

Minha vez de olhar para ele.

— Ela é... uhhh... tentadora.

Entrego o charuto para ele e passo a mão no rosto.

— Esse é o problema — revelo. Confessando para mim mesmo. — Ela me deixa estranho.

— E por que aceitou ser seu empresário?

— Por causa de você.

— Epa! Todas as merdas é culpa minha? Sai pra lá, Jaime.

— Ela se parece com você. Uma bomba prestes a explodir. Se cair em mãos erradas vai se ferrar.

— Mas eu era o seu irmão. Tínhamos a perda tão recente do... — Ele ameaça dizer o nome do irmão gêmeo. Eu nem imaginava como ele o chamaria. — Era diferente.

— É, eu sei, mas ela ficou atrás de mim e agora estou eufórico em ajudá-la. Quero que amanheça logo para começar. Tenho planos, metas com ela. Estou realmente animadão.

— Putz, cara, agora quem não entendendo sou eu. Você putinho aí porque ela é parecida comigo e que não queria cuidar disso, mas aceitou e está animado.

Nem eu estava me entendo.

— Celina trabalha de madrugada. Precisa virar na maioria das vezes. Fazer cursos, estudar o tempo inteiro... tem responsabilidades, eu precisava criar as minhas. Eu iria pirar se ficasse em casa só esperando ela chegar.

— Isso eu concordo. Mas, você já não sabia disso antes?

— Já, claro. Ela me contava, mas...

— Na prática é diferente, não é?

Faço que sim.

Merda!

AGORA OU NUNCA (Spin-off de Tudo ou nada)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora