Capítulo 12

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O ÁPICE DO ÊXTASE

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O ÁPICE DO ÊXTASE

   "Mandou bem". Foi a primeira coisa que Caio  disse quando cheguei acompanhado de Ágata e, por algum motivo ainda desconhecido, meu ego inflamou com essas palavras e um sorriso brincou em meus lábios. Caio é o tipo de pessoa que consegue te deixar feliz com um elogio assim, é o tipo de pessoa que você quer chamar atenção, e isso me deixa irritado, sentido o fogo correr pelas veias e cantar para ser liberado.

Agi feito um vassalo, que acabara de ter oitenta por cento de sua plantação entregue para seu senhor e, mesmo assim, se contentou com um simples elogio.

A que nível cheguei, aceitando a autoridade dele com tamanha facilidade. Isso vai durar pouco, prometo a mim mesmo, logo logo eu voltarei a ser o líder e Caio um lacaio qualquer.

Angela me recebe em uma sala no último andar subterrâneo, um espaço que não conhecia. Apenas naquela manhã recebi uma mensagem indicando o local onde acontecerão os treinos, sai do elevador em um corredor amplo, a esquerda escura e com uma câmara de desinfecção e à direita bem iluminada  e cheirando a alvejante, foi o lado em que dobrei.

Ela está aqui a mando de Jorge — que tenho evitado —, ficará responsável pelos treinos, monitorando. A sala é grande e foi forrada com com peças de EVA pretas, tão macias que tiro as botas e fico descalço.

Angela sorri, o cabelo preso para cima e a bata rosa perfeitamente engomada, depois se vira, fecha a porta e sai. Sozinho aqui, sinto. Nos quatro cantos da sala e com certeza em outros lugares que meus olhos não alcançam, câmeras.

Levo as mãos a cintura e fito uma delas, fazendo pose, questionando quem estaria vendo essas gravações. Cientistas, lógico, e talvez Jorge. Talvez meu tio queria ficar de  olho em mim, temendo que eu tenha um ataque novamente, ou que eu cometa alguma outra falha que possa de alguma forma prejudicar a campanha política de Luana, já que as agências do país a apoiam piamente.

Meu ato de dois anos atrás por pouco não virou matéria nos jornais locais, nacionais e internacionais. Jorge conseguiu isolar o caso, mantendo todas as informações presas entre o concreto das paredes do prédio. Seria um escândalo se o mundo soubesse que o sobrinho do presidente de uma agência no Brasil matou um monstro. Está na constituição, vai contra os direitos humanos.

Sim, a ONU considera os monstros humanos, e não estão errados, há humanidade neles, trinta por cento, é cientificamente comprovado e eles eram homens e mulheres antes da Nuvem Negra. É claro que esqueceram que os outros setenta por cento dessa conta, a maior parte da pizza, é formado por um instinto primitivo de matar. Esqueceram que no início os monstros mataram milhares de pessoas, cidadãos que ainda não acreditavam na nova realidade, majis que mal sabiam controlar seus poderes e policiais e militares que tiveram que aprender, da noite para o dia, como combater esse novo mal.

Completamente NaturalWhere stories live. Discover now