Capítulo 24

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CORRENDO O RISCO

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CORRENDO O RISCO

Ágata

    Demorou mais do que eu esperava para o processo por agressão física chegar,  eu já havia até esquecido da promessa de Leandro.

— Vou processá-la — disse antes de sair daqui com uma lâmina enfiada no olho.

Lembro de ouvir sua voz ao longe, quando estava largada no chão sem conseguir me mover, dopada. Ele foi embora logo em seguida, junto dos agentes e Zuke, deixando a tarefa de me carregar para dentro de casa para minha mãe e Célia, o que não deu muito certo e me fez parar no sofá já que 1. Minha mãe tem uma perna defeituosa e 2. Célia já é idosa.

Mamãe mantém seu plib ligado no e-mail do Tribunal de Justiça de Teresina, de onde o nome Ágata Ribeiro quase salta da tela. Desvio o olhar dali e volto para a série na TV.

— Esse maltido só quer dinheiro, o conheço muito bem — resmunga para Célia.

As duas estão atrás de mim, cochichando, como se eu não devesse escutar a conversa. Reviro os olhos. Faz um mês que não vejo Mateus, mas continuo tendo notícias. Ele está bem, informação que para mim já é mais que suficiente. Alana vem aqui às vezes, com uma travessa de biscoitos ou pudim, outras vezes liga, mas sempre tem notícias.

— Ele está bem, incendiou a casa de Jorge, mas não se machucou — disse, aliviada, na noite em que levaram Zuke, alguns minutos depois de eu ter conseguido me mover o suficiente para atender sua ligação.

— Ele voltou a se tratar, está tomando os remédios direitinho e se encontra duas vezes por semana com a psiquiatra — contou uma semana atrás, me fazendo imaginar um grande sorriso em seu rosto.

— Fui vê-lo hoje, ele perguntou quando você vai, disse que sente sua falta. Quer que eu mande o número de Lurdes? — Neguei e desliguei logo em seguida. Como ele pode perguntar de mim depois que eu basicamente o abandonei e fugi para casa?

— Que bom que me livrei desse embuste! — Mamãe diz um pouco mais alto, levanta e vem até mim, ficando na minha frente e me impedindo de ver a TV. — Ágata Maria, vá trocar de roupa, vamos sair!

— Não quero sair, mãe!

Desde que deixei a agência que não saio de casa. A ausência de Zuke, bem como as memórias daquele último dia me fazem acreditar que a casa é o lugar mais seguro para mim, apesar da monotonia. Poderia ter voltado para o laboratório, mas aproveitei que a licença ainda não acabou e, convenhamos, sou mil vezes melhor lutando do que trancada em uma sala esterilizada analisando substâncias.

Completamente NaturalWhere stories live. Discover now