Capítulo 17

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EXTENSÃO DE PODER

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EXTENSÃO DE PODER

  O carro está silencioso, nenhum barulho além do pneu contra o asfalto. Alana está dirigindo, atenta à estrada; eu estou no banco do carona, observando a paisagem além da janela e agarrando o cinto de segurança do QY19; Caio, Luís e Ágata estão no banco de trás, dispersos em seus próprios pensamentos.

A Avenida Marechal Castelo Branco está com movimentação baixa, não há quase ninguém na rua, principalmente depois do soar da sirene que ecoou por toda a cidade e outros municípios próximos, um sinal de alerta, iniciando um toque de recolher e tirando todo mundo das ruas, pelo menos aqui, na zona sul.

Ainda está cedo, umas oito da manhã ou algum número perto disso, e o carro vagueia pela estrada sem se preocupar com trânsito ou engarrafamentos ou pedestres que insistem em atravessar fora da faixa. Os altos prédios na esquerda estão com as janelas bem abertas, mostrando rostos curiosos e amedrontados. No lado direito, onde o Rio Poti serpenteia com calma, meus olhos ficam em alerta para qualquer movimentação estranha nas águas, mas as árvores depois da calçada tornam minha visão limitada, como um muro escondendo os perigos do rio.

Passamos por alguns agentes da Equipe de Patrulhamento, que vistoriam a rua e suas extremidades, na procura de alguém que não cumpriu o decreto de ficar em casa. Todos levam em mãos uma mac-13, uma arma de laser, feita de metal e com um cano cilíndrico e curto, cuja ponta emite uma luz azul resplandecente. Um tiro apenas é capaz de causar grandes estragos, como queimar a matéria e produzir um orifício irrecuperável.

O alerta havia sido lançado naquela manhã, mais cedo, enquanto eu acordava e tentava entender por que a lâmpada do quarto estava piscando em vermelho seguida de um zunido contínuo e doloroso a audição. Jorge nos mandou entrar no carro e averiguar. O chamado partiu de uma civil que passava no lugar, próximo ao rio, e encontrou um corpo mutilado, sem um dos membros, nas margens e nas palavras dela viu: “ uma criatura vinda direto do inferno entrando na água”.

— Qual monstro você acha que é? — Luís indaga, encarando-me pelo retrovisor, olheiras destacando seus olhos claros e lhe dando uma aparência sinistra.

— Pela descrição da testemunha, creio que seja o Khrismoy — respondo, fechando os olhos, visualizando mentalmente a página do diário onde há as informações. Um monstro aquático, perigoso e com uma das menores taxas de humanidade do mundo, apenas sete por cento.

— Ótimo! — Ágata exclama em falsa alegria, enquanto Alana estaciona o carro em cima da ciclovia, ao lado do shopping das flores, cada loja fechada e acorrentada. Em uma delas, folhas de um pé de maracujá saltam entre as correntes, como que em protesto.

É aí! — A voz de Tobias sai através do plib de Caio, que salta do carro e espera que nós façamos o mesmo, para só então ir até uma academia pública que fica entre  a floricultura e as três pontes, que liga a Frei Serafim a João XXIII. — Foi aí que encontraram o corpo de Jonas Ferreira, um pescador de 63 anos, ele estava arrumando a rede quando foi atacado, o monstro deve estar por perto.

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