Chapter Seven

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Primeiro, obrigada pelos comentários, de verdade. Fico rindo demais com a maioria KKKKK' E bem-vindos, novos leitores. Só pra avisar, a partir daqui os capítulos vão explorar mais a evolução Muke da coisa. Então, se preparem :P


Luke POV



O desespero é uma sensação engraçada. Como quando se vê um bicho estranho no próprio braço, e você instintivamente age com rapidez para tirá-lo de lá. É como uma sequência. Há o problema, a ansiedade, e a perda da razão.

O desespero é como um botão "Off" da razão. Só há ações, e a maioria delas instintivas. E ainda há quem diga que os humanos perderam os instintos graças à vida em sociedade. Particularmente, eu discordo. Acho que eles estão ali, apenas esperando sua chance de foder com todo o planejado.

A escolha das vítimas é uma parte interessante dos assassinatos em série. As vítimas sempre têm que ter coisas em comum umas com as outras. Alguns assassinos matam apenas mulheres, ou apenas crianças, ou apenas prostitutas. Pode ser algo mais emocional, em vez de físico. Matar apenas pessoas infelizes, ou até pessoas pervertidas. O importante é seguir um padrão.

Minha primeira vítima me incomodou muito, visualmente falando. Era um universitário daquele tipo que está sempre acompanhado, fazendo todos rirem e suspirarem por ele. Adaptado à sociedade desde o primeiro choro. E eu detestava esse tipo de pessoa com tendências à popularidade. Tudo para eles vinha fácil, e não se incomodavam nem um pouco em estar na presença de outras pessoas. Esse, em especial, era cobiçado por muitas mulheres, e até homens. Ele nem se dava ao trabalho de notá-los. Porque, no fundo, esse tipo de pessoa era farinha do mesmo saco.

Eu sabia disso porque na escola eu agia exatamente como ele. Arrancava sorrisos dos outros, e era invejado pela maioria. Mas tudo isso fazia parte da arte de fingir. E essa arte tinha de ser apreciada com moderação, e utilizada apenas pelos mais habilidosos. Como eu.

Como Michael.

Trinquei os dentes, porque aquela era a vigésima vez que o nome dele aparecia em minha mente desde o momento em que acordei. Como um verme que se instala michaelmichaelmichael, e tudo parece lembrar aquele maldito virgem de cabelo colorido.

No andar debaixo, escutei o som de panelas batendo, e soube que minha mãe estava preparando o jantar. Se eu desse sorte, e ela estivesse de bom humor depois da visita de hoje, teríamos bastante fritura. E eu quase podia imaginar a mesa cheia de tigelas e porções enormes de comida, como se Ben e Jack fossem voltar a qualquer momento com suas mulheres, e meu pai fosse entrar pela porta da frente, cansado do trabalho.

Sobraria arroz, batatas, e até copos limpos. Porque a mesa agora era para duas pessoas, mas ela nunca se acostumaria com isso. Porque o cérebro de uma mulher depressiva é como uma massa cinzenta. Há uma neblina que a impede de enxergar o presente e o futuro. Como se estivesse presa no passado por toda a eternidade.

Uma vez, pensei em acabar com o sofrimento dela. Seria rápido, ela mal teria tempo de sentir. Acho até que me agradeceria futuramente, se é que existia um futuro do outro lado. Mas não parecia o melhor a fazer. Ela ainda tinha utilidade aqui, ainda que jogando quilos de comida fora, e lavando as blusas que seu filho caçula havia usado para tirar a vida do filho dos outros naquele mesmo dia.

Essa noite, ela teria de lavar mais uma dessas. Liz nunca notou nenhuma mancha de sangue, mas, se o fez, foi gentil o bastante para não comentar. Acho que desde o princípio ela sempre soube o que eu era, ou o que me tornaria.

HQiller ☂ [Muke Clemmings]Where stories live. Discover now