Chapter Nineteen

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Sem recados, desculpas, só agradecimentos. Vocês são os melhores leitores do mundo, cara <3

Boa leitura, coisa e tal.

Luke POV

Eram quase nove da manhã quando ouvi o carro de Michael estacionando na calçada. Agora o ronco do motor já me era suficientemente familiar para reconhecê-lo mesmo ao longe.

Liz estava sentada na grama, em cima de sua toalha de mesa mais antiga, cujos bordados eram em tons diferentes de rosa e pêssego. Era o tipo de toalha bem antiquada, estampada com flores que se entrelaçavam nos caules. Com um livro apoiado no colo, os cabelos loiros desgrenhados até a raiz de minha mãe a faziam parecer ainda mais insana do que o normal. Mantinha os olhos tão azuis quanto os meus fixos nas páginas que pareciam nunca se mover.

Eternamente presa num parágrafo.

Eu a olhava me sentindo extremamente satisfeito. Estávamos ambos no círculo de mato bem capinado do jardim, o único bem cuidado dali. Logo não foi nem um pouco difícil identificar a movimentação de Michael pelo mato, abrindo caminho com seus braços desajeitados e coturnos pesados.

Esmagando a grama.

Pisquei algumas vezes, virando o corpo no exato momento em que ele surgiu em meio à relva.

Seus olhos verdes se fixaram nos meus, sempre curiosos. O verde mais vivo que eu um dia tive o prazer de ver. Admirei sua beleza por alguns instantes, porque sabia que em breve não teria mais tal oportunidade. O cabelo estava vermelho feito um tomate, mas eu gostava de pensar que a cor era, na verdade, carmim. Como as rosas, e como o sangue.

Fui eu quem cobri a distância entre nós, avançando na grama em sua direção. Como se cada passo fosse calculado, sendo observado por ele o tempo todo. Venerado pelo seu olhar sempre tão hesitante. Porque não apenas Michael era bipolar, como também tudo nele. O seu amor e o seu ódio andavam lado a lado, de forma que eu nunca teria sua plena confiança. Ou sua cumplicidade. Ou ele.

E saber disso não me doía, embora causasse um vazio que eu já havia decidido como preencher.

Nossos corpos se tocaram naturalmente. Minhas mãos encontraram seu pescoço, e ele usou a ponta do nariz para tocar a minha bochecha. E a ausência completa de sentimentos com relação a esse momento me era terrivelmente ruim.

Se por um lado era ótimo não ter nojo dele, nojo de tocá-lo, como acontecia com as outras pessoas, por outro a indiferença já me era pouco. Eu queria sentir o que quer que ele estivesse sentindo agora. Eu queria saber como era. Então, não me contive o suficiente antes de deixar escapar um infeliz "O que está sentindo?"

Michael não me olhou diretamente. Seus olhos encaravam a visão de minha mãe na grama, e, diferente do que imaginei, ela o olhava de volta. Quase petrificada. Deduzi que devia ser culpa da falta de convivência com outras pessoas, mas ela já havia visto Michael em nossa casa algumas vezes. Liz apenas não aparecia para ele. Mas eu podia senti-la pelos cantos, nos observando. E sempre soube que Michael também podia. Embora ele nunca houvesse comentado nada a respeito.

Surpreendendo a mim, para variar, ele não disse apenas um sentimento. Paixão, amor, saudade. Em vez disso, ele disse:

"Sinto uma coceira na barriga, e minhas mãos tremem um pouco. Acho que é a ansiedade. Normalmente fico bem nervoso ao falar com você, mas a ansiedade faz parecer ainda pior. É como uma sensação de inquietação, que não é tão ruim quanto parece. É apenas bem inconveniente."

"Nenhuma das palavras que você disse até agora têm significados positivos" Me vi afirmando "Ansiedade. Inquietação. Inconveniente. São essas as sensações?"

HQiller ☂ [Muke Clemmings]Where stories live. Discover now