Capítulo 10

6 0 0
                                    

Após a saída dele e eu chorar até não ter mais lágrimas, coloco minha playlist de animação, cuja primeira música é “Solteiro até Morrer”, do MC Kekel. Começo a dançar e cantar enquanto arrumo minha mala.

Quando a gente se encontrar
Lá na frente eu vou dizer
Que valeu te conhecer
Mas foi melhor eu te esquecer

Uma dose eu vou tomar

Taco o play, não vou parar
Mas se é passado sai pra lá
Que o meu presente tá melhor

Faço de tudo pra esquecer
Sofri uma vez
E nunca mais
Eu vou, sofrer

Conheci a liberdade
Nunca mais vou me prender
Uma vez solteiro
Solteiro até morrer. — Vou cantando e dançando desengonçadamente pelo quarto enquanto guardo tudo em seu devido lugar. Limpo o quarto ao som de Samba Squad, me arrisco em alguns passinhos enquanto o faço, coloco todas as embalagens e garrafas vazias no lixo, tomo um banho rápido e vou à padaria comer tudo o que eu conseguir. Tanta arrumação me deixou faminta. Depois da padaria, decidi andar pela cidade, tirar umas fotos e me despedir do lugar. Sem perceber, acabo parando no cais perto da casa do Rafael. Estou realmente fodida, até meu subconsciente me traz para perto desse português gostoso da porra. 

Me sento na grade de proteção perto do rio. O dia estava sombrio, o vento frio bate contra a minha pele, me arrepio. A chuva começa tímida. Sorrio. A alegria de pobre dura pouco. Desço da grade e vou para uma padaria não muito longe. As pessoas passavam pela rua apressadas, fugindo da chuva. Chamo um táxi por mensagem de texto. Enquanto espero, compro bolinhos de bacalhau e pães doces e, então, sentada num banquinho próximo à porta, vejo Xrysa acompanhada de outra garota parecida com ela entrar na padaria. O carma ama me foder.

— Bom dia, Daiane.

— Bom dia, Xrysa.

— Vieste visitar o Vagner? — Ela tem a maneira de falar de um português mas seu sotaque não é lusitano.

— Na verdade não, vim me despedir do cais. Esperava encontrar a matilha, mas parece que estão na toca. — Elas me olham confusas enquanto me refiro aos amigos do Rafael. Sorrio.

— Ah, claro, deixa eu te apresentar minha irmã mais nova, Agatha. Gath, essa é Daiane Gomes...

— Oh meu Deus! É você?! — Agatha sorri e começa a me olhar de um jeito estranho.

— Sou eu. Bem, depende do que estou sendo acusada. — Brinco. Agatha sorri.

— Você é Daiane Gomes, a escritora de Um amor para Samaellie! Eu sou sua maior fã grega. — Afirma. Vejo os olhos castanhos dela brilharem. — Samaellie Grimm é minha heroína! Confesso que nos capítulos finais quase morri de ansiedade.

— Eu fico feliz por isso! Não pela sua quase morte.

— Tira uma selfie comigo?

— Já chega Gath, deixa a Daiane em paz! — Ralha a mais velha. Sorrio.

— Não tem problemas. — Me coloco ao lado da greguinha e tiramos umas selfies. Ela é um pouco parecida com a irmã, mais baixa do que eu, tem olhos castanho claros com um traço negro nas laterais da íris, como se tivesse passado lápis de olho. Os lábios carnudos lhe dão uma sensualidade inocente e tímida. Os cabelos negros levemente cacheados e as unhas pintadas de vermelho me lembram a personagem do livro citado. Agatha tagarela o tempo todo sobre seus momentos favoritos do livro, lhe dou a devida atenção até meu  táxi chegar.

— Muito obrigada pela selfie.

— De nada! Agora preciso ir. — Me afasto. Elas me encaram enquanto eu entro no táxi e dou o endereço do Guesthouse.

Um encontro em Portugal (REPOSTADA)Where stories live. Discover now