Capítulo 15

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Depois de um banho rápido, Rafael se despediu voltando ao trabalho, mas disse que voltaria mais tarde para me levar ao aeroporto, assim que ele saiu, passado uns 5 minutos, a campainha toca, abro a porta apenas de lingerie, pois pensei que Rafael havia esquecido alguma coisa, porém, Xrysa é quem está alí, parada na minha frente, toda cabisbaixa, me analisando de cima a baixo.

— Como me encontrou aqui? — Fico em alerta, se ela partir pra cima, vai ter volta. — Se me atacar de novo, eu juro que te mando pra emergência dessa vez. — Ameaço, ela recua e levanta as mãos em sinal de rendição, olhando de tão perto, a pele pálida do rosto, tornava as olheiras mais evidentes, ela também parecia um pouco magra.

— Eu segui vocês, desde o KOB. — Revela. — Posso entrar? — Ela fixa os olhos no meu pescoço. — Então ele finalmente entregou a joia para você. Desde que nos casamos, eu o vi segurar esse colar centenas de vezes, no início pensei que ele estava esperando por uma data especial para me dar, mas uma vez, alguns dias depois de seu aniversário, eu o vi chorar enquanto segurava esse colar. Muitas teorias passaram pela minha cabeça, nunca acertei em nenhuma delas. — Explica a grega, abro passagem e ela entra.

— Provavelmente era meu aniversário, dez dias após o dele. — Nem por um instante dou as costas a ela, afinal não sou boba de abaixar a guarda perante uma mulher com raiva, vejo a grega analisar o lugar.

— Deve ter sido isso.

— Não me parece que veio aqui só pra ver onde durmo com o Rafael. — Disparo, ela sorri e nega com a cabeça.

— Eu e o Vagner tivemos uma longa conversa, e ele disse que ia se divorciar de mim, ofereceu-me a casa em que moramos, uma pensão alta, até o Pedro terminar os estudos e o carro.  — Diz, confesso que fico um pouco surpresa por Rafael abrir mão de tanta coisa.

— Aonde pretende chegar com isso?

— Eu entendo agora, a profundidade do amor dele, por você, desde que nos casamos, o Vagner Rafael só me tocou uma vez, ele estava bêbado e quando ele atingiu o clímax, foi por você que ele chamou. Estamos casados há menos de um ano, tentei fazer com que ele se apaixonasse por mim novamente, mas tudo o que ele quer, é você, Daiane. — Ela me encara e vejo suas lágrimas caírem sem controle.

— Eu também o desejo, mas isso não significa que vim à Lisboa para forçar o divórcio de vocês.

— Eu sei, e sinto muito por atacá-la assim. Vim aqui dizer que aceitarei qualquer coisa dele e que não vos perturbarei mais.  — Xrysa se levanta e vai até a porta. — Já ouviste falar da lenda do fio vermelho?

— Sim. A 'Akai Ito' é uma lenda que diz que quando a pessoa é destinada a outra, ambas têm um laço vermelho que as ligam, no dedo mindinho. O laço pode embaraçar, emaranhar, mas ele nunca quebra. O laço não é visível a olho nu, mas está lá desde o momento do nascimento.

— Exatamente, vocês dois estão conectados um ao outro pelo fio vermelho, e espero um dia encontrar a pessoa do outro lado do meu fio.  — A grega abre a porta e vai embora, fico parada tentando entender o que acabou de acontecer, e um breve sentimento apatia me acomete. A mulher que acabou de sair do meu quarto, certamente não era a mesma pessoa ensandecida, que amaldiçoou até minha décima quinta geração no outro dia, das duas uma, ou ela foi substituída por um alien, ou o Rafael fez lavagem cerebral nela, apesar de que nenhuma das opções parece viável. E como cavalo dado não se olha os dentes, acabo aceitando a mansidão da Xrysa, afinal espero não ter que reencontrá-la.

***

Ao anoitecer, Rafael me encontrou no saguão do hotel, fazendo meu check out, contei a ele o ocorrido e ele apenas sorriu, dizendo que Xrysa é muito intensa, em todos seus sentimentos, por isso, agora seu sentimento de aceitação está em nível máximo, deixando ela calma, já que ela sabe que nada irá mudar, mediante qualquer ação dela. E o assunto morreu alí. Antes de irmos ao aeroporto, paramos em uma padaria para eu fazer um lanche, afinal serão mais de 6 horas de vôo até Várzea Grande, cidade vizinha à que eu moro e mais 1 hora e meia de táxi até em casa. Pedi um café quente e alguns pães salgados.

Um encontro em Portugal (REPOSTADA)Where stories live. Discover now