Jk, o detetive.

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Numa noite chuvosa, as luzes de Seul refletiam nas poças d'água que Jeon Jungkook observava por sua janela. Kim Seokjin adentrou a sala do departamento com um xícara de cafe, o aroma persistente despertou Jeon de seu transe trazendo a atenção para o mais velho detetive.

— Tudo bem por aqui? — questionou fechando a porta - ainda estão em reunião e acredito que seja sobre você.

Fitou o relógio em seu pulso e suspirou afrouxando a gravata. Estava de folga, contudo, uma reunião de última hora fora notificada e Jungkook, Namjoon e Jin aceitaram a proposta de plantão na madrugada devido ao caso que estava sendo investigado. Trocar dias de folgas por um bom aumento e bônus era algo quase recorrente, afinal, escolhas desse tipo eram mais acessíveis a pessoas que não possuíam relacionamentos, não moravam com os pais e não tinham filhos. 

— Acredito que seja apenas mais um caso básico, raras vezes algo grande e que mereça forte atenção é executado. 

A porta se abriu revelando a presença de Kim Namjoon, seu ar imponente, sobretudo, doce, era marca registrada, segurava alguns papeis meticulosamente e um copo de água. Era do tipo de poucas expressões, desejava seu próprio espaço; tal característica talvez explique a admiração que Jungkook sentia por seu "quase" superior. Namjoon fitou Jeon e sorriu gentilmente inclinando os papeis em sua direção. 

— Pegue os papeis, leia e trabalhe no caso. Parabéns por isso, é algo complexo, da forma como lhe instiga. — bebericou a água — Ah, chefe está a sua espera na sala de reunião. 

Jungkook passou por Namjoon a caminho da sala, seus olhos deslizaram ligeiramente pelas três folhas em sua mão, continha informações de um criminoso jovem, uma foto de seu rosto e algumas de suas vítimas. Cruel. Ele era cruel.

Seus traços me parece familiar. Não me recordo como ou porquê.

Antes de adentrar a sala de reuniões, Jungkook encostou a lateral de seu corpo na parede lendo pouco mais a fundo sobre o caso. Seria a segunda vez em quase dez anos de carreira como detetive. Ao finalizar a terceira folha, passou a língua pelo lábio inferior soltando um sorriso satisfeito. Deu dois toques na porta antes de entrar. 

— Acredito que já sabe do novo caso. — apontou para a cadeira e levantou-se caminhando lentamente até um quadro verde repleto por fotos e linhas vermelhas. — Ele gosta de se passar por um deus, logo, talvez seja um ponto fraco — deslizou a indicador por uma imagem — Gosta de ser enigmático, e convenhamos, ele é inteligente. 

Jeon era um detetive conhecido, toda a área judicial conhecia seu nome, a maioria não sabia de sua feição, era do tipo que trabalhava nas sombras e para apresentar-se a outras pessoas que julgava como "não convém", fora do departamento utilizava outro nome. Seu trabalho é ilustre, reverenciado por muitos. Inclusive, por Min Yoongi, chefe da agência onde trabalha e trabalhou a maior parte de sua carreira. 

— Antes de tudo, agradeço a confiança em me entregar um caso grande como este. Li sobre o que se trata e lhe garanto que iremos encerra-lo logo. — Jungkook mantinha sua postura confiante, imponente e em outras palavras, para aqueles que gostam de homens sérios e robustos, ele estava sexy pra caralho.

— Você é o maior agente que temos, demasiados casos só foram concluídos devido sua proatividade e mente genial. O caso é seu por mérito próprio. — pareceu analisar o quadro — Pode começar a trabalhar nele amanhã mesmo, todo suporte iremos fornecer. 

Jungkook consentiu com um curto "certo" e retirou-se da sala. Caminhou novamente para o lugar que antes estava. Seokjin, aparentemente havia ido embora e Namjoon encontrava-se imerso em atualizar planilhas. O relógio de Jeon dispara causando um barulho relevante em bons dias, sinalizando que seu plantão havia acabado. Em passos largos alcançou sua mesa e pegou chave de sua moto, celular e uma pasta, esta que usou para colocar os papeis que havia recém recebido. Geralmente, aquela parte do departamento era silenciosa na sua maioria de tempo e não seria diferente até Taehyung chegar. 

— Credo, parece que todo mundo veio madrugar na empresa. 

— Você chegou agora para uma reunião de quase uma hora atrás? — Kim questionou incrédulo — Essa empresa está perdida!

— Não é pra tanto! Eu já soube do motivo e depois vou lá ver o quadro. — aproximou-se de Jeon — Gostou da surpresa? É por isso que não pôde participar da reunião. 

Sorriu com Taehyung contando motivos como se fosse uma criança. Era divertido te-lo na agência, sua alegria espantava as más energias e aquela vibe séria do ambiente fechado.

Jungkook não era tão sociável, alguns de seus detalhes influenciavam as pessoas a não lhe incomodarem, como seu semblante fechado e aparente mal humor durante as manhãs. As únicas pessoas em toda a empresa que tentavam alguma aproximação eram os do mesmo setor e a recepcionista que, dizendo Kim Taehyung, era "caidinha" por mim. Espero que ela descubra que não curto mulheres e muito menos me relacionar com alguém. 
Despediu-se brevemente e seguiu até o estacionamento. Como de rotina, deu boa noite ao guarda e subiu em sua moto girando a chave e dando partida. Para uma pessoa solteira, um apartamento pequeno e comum seria suficiente, sobretudo, Jungkook almejava bastante espaço e um escritório de tamanho médio. Comprou um apartamento no centro, em um condomínio de boa segurança. 

Honestamente, nada melhor do que estar em casa após ter um caso que goste de trabalhar em seu nome.

Jeon passava bastante tempo em casa comparado aos outros detetives, devido aos plantões.
Sua rotina era simples, chegava em sua residência e caminhava diretamente para o quarto, tirava seus pertences e colocava em uma espécie de mesa ao lado da cama e seguia para o banhar. Seu banho era rápido, menos de dez minutos. Logo em  seguida, deitava-se em sua cama e fitava o teto, alinhando seus demasiados pensamentos. Hoje, por algum motivo, os lumes de Jeon foram de encontro ao canto da parede.

— Que caralho! — ligeiramente estava de pé subindo na cama — Não é possível uma porra dessas. 

Havia uma barata parada, por alguns instantes ele pôde jurar que estavam se encarando e ela estava prestes a voar nele. Infelizmente, não era possível fazer malas e deixar a residência para o inseto. Então, desceu devagar da cama, cautelosamente pegou uma vassoura e acertou em cheio a pobre coitada. 
Seus olhos rolaram até os papeis, sentou-se na cama relendo as informações sem pausa. Seu raciocínio era extremamente veloz e desta vez, não fora diferente.

— Tem um padrão de vítimas, todos jovens e homens. Aparentemente, sádico ou um possível psicopata. — soltou os papeis — Preciso saber se isso se trata de vingança, não me informaram se as vítimas possuem alguma ficha criminal. Ou se isso é apenas uma diversão para ele.

Anotou em um bloco de notas: "pesquisar e estudar as fichas criminais e vida pessoal de Park Jimin"

Pegou-se rememorando o plantão de uma hora atrás, recordava de alguém com traços semelhante, os detalhes eram familiares. Essa peculiaridade seria capaz de tirar noites de sono de Jeon, contudo, seu descanso, ao menos hoje pois estava quase amanhecendo, deveria ser priorizado. Agradeceu ao plantão, só assim poderia entrar apenas depois das 13h. 

Arrumou seu corpo a cama e cobriu-se de forma confortável. 

Ao fechar seus olhos, uma imagem veio a sua memória.

— Que merda! Como não reconheci? — suas mãos foram de encontro aos fios que antes estavam caídos em sua teste — Você fugiu mesmo, ratinho. Sempre escapa das consequências...

Mas desta vez, devo honrar a lei, você não vai fugir de mim e nem da cadeia. Eu vou te...reencontrar.

Prenda-me Se for Capaz.Where stories live. Discover now