Trabalho.

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Trabalhar para alguns pode ser um modo de fuga, Jungkook precisou investir em uma carreira deixando tudo para trás e assim chegou onde tanto almejou; o topo como detetive. Seus dias eram apenas livros, documentários, podcast, professores até finalmente cursar e formar todo o conhecimento que fora necessário. 

Para alguns, o detetive Jeon Jungkook, este que nunca mostrou seu rosto em redes ou qualquer meio onde seja possível vê-lo, é uma inspiração. Seu nome é sempre lembrado, principalmente em casos de alta complexabilidade e violência, usado de referencia em cursos até mesmo de pericia, pois já teve experiencia com essa área e entregou trabalhos impecáveis, Jungkook tornou o que mais desejou desde a infância e, jamais abandonaria isso. 

Talvez tenha uma exceção, bom, talvez. 

Kim Namjoon, Kim Seokjin e Kim Taehyung foram convocados a uma reunião, no escritório gelado restou apenas Jung Hoseok, Jeon Jungkook e a onomatopeia do pendulo presente no relógio. Os minutos passavam lentamente enquanto Jeon encarava a rua após a janela, estava imerso em pensamentos; na mesa havia um papel com o nome do caso no centro e algumas setas indicando tudo a respeito, estava em busca de mais uma pista ─ tudo muito convincente, não?

Hoseok quebrou o silêncio buscando saber se poderia tirar algumas duvidas com o detetive, afinal, seu período de experiencia estava prestes a acabar e então, iria seguir trabalhando na agência e desejava estar naquela parte do departamento. Jeon assentiu virando sua cadeira e mantendo a atenção no mais novo. 

— Como você lida com a inevitável exposição a violência? Pelo que ouvi falar, há um caso aberto que você está trabalhando que é bem violento. ─ iniciou as perguntas.

─ Fiz terapia até aprender a lidar com casos assim sozinho, no começo tive dificuldades, as cenas ficavam em minha mente durante muito tempo.

─ Como você lida com a pressão de resolver casos de alta complexidade? ─ questionou atento a resposta. 

─ Peguei casos especifico que são muito confusos, complicados e que algumas peças nunca encaixam, a pressão tanto de todo o departamento quanto do chefe é em massa e eu mal durmo. Resumidamente, lido mau com isso.

Hoseok assentiu mostrando sua admiração ao detetive, questionou a respeito dos cursos e comentou sobre sua carreira. Jung era o tipo de pessoa que gostava de interagir com todo mundo, que deixava o ambiente leve e alegre; tentou questionar a respeito do dia que foram a Cherry juntamente aos colegas de trabalho, questionou o motivo pelo qual foi embora sem explicar muito bem. 

─ Tive alguns problemas para resolver. 

─ Lhe vi com um rapaz, tinha cabelos castanhos, estava com trajes bonitos, é seu namorado? ─ questionou sem importar com inconveniência. 

─ Não acha que está sendo invasivo, Jung? ─ respondeu duramente. 

O recém chegado murmurou um "desculpe-me" e seguiu com a série de perguntas que havia planejado. Questionou sobre o chefe, sobre o restante do departamento, sobre desafios e oportunidades no meio jurídico.

Uma pergunta ecoou na cabeça de Jungkook por algumas horas após Hoseok cessar as perguntas: "você já se viu em situações que precisou escolher entre a ética ou a resolução do caso?"

Ética refere-se aos princípios morais que orientam o comportamento humano e as escolhas que as pessoas fazem em suas vidas pessoais e profissionais. Esses princípios envolvem questões de certo e errado, bom ou mau, justiça, honestidade ou responsabilidade.

Devido ao seu trabalho ser literalmente desvendar e encerrar casos, Jeon valorizava muito a resolução do caso, entretanto, sua ética estava sendo duvidosa durante o caso Park Jimin, pois manter vínculos com um fugitivo perigoso garantindo para si mesmo o motivo ser unicamente prende-lo daqui algumas semanas, não era de boa ética.

Namjoon adentrou o escritório com uma bandeja com algumas xícaras e uma garrafa térmica de café, potinhos de açúcar e algumas mini colheres descartáveis.

— Trouxe café! — avisou com um sorriso no rosto.

— Pelo visto alguém está tendo um bom dia — Jeon comentou virando sua cadeira para Namjoon — sente-se aqui, me conte.

— Jin me beijou ontem, foi incrível, Jungkook. — comentou baixinho e sorridente, sentou-se ao lado do outro detetive e contou-lhe detalhes.

— Isto significa que estão rumo a um relacionamento, Seokjin não é do tipo que beija por beijar, muito menos você, certo? — Jungkook piscou jogando uma indireta a respeito do mais velho pedir Jin em namoro.

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Jungkook alcançou uma xícara e colocou um pouco de café adicionando açúcar em seguida, seus olhos voltaram ao papel que estava escrevendo. Pegou firmemente na caneta e puxou mais uma seta, escreveu sobre o padrão de vítimas e alguns pontos a respeito disso, deixando vagamente pontas soltas, afinal, não havia como resolve-las sem entrega-lo junto. 

Desta vez, Jungkook recebeu um email em seu notebook, o chefe estava agendando uma reunião no período da tarde, tratava-se de uma oportunidade. Jeon suspirou imaginando tudo que poderia ser, tudo que menos almejava era mais responsabilidades, contudo, não havia como evitar trabalhos. 

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No horário informado, o detetive seguiu para a sala e Min Yoongi, o homem estava em pé fitando o horizonte como de costume, Jeon pediu licença e adentrou sentando-se próximo a poltrona do superior.

─ Boa tarde, detetive Jeon. Como se sente? 

─ Ótimo e o senhor? 

─ Preocupado ─ virou-se caminhando até a poltrona de couro ─ preciso de sua ajuda, você possuí experiencia em algumas áreas, casos e pessoas, eu gostaria que participasse de uma palestra, contarei como hora extra, o que me diz a respeito? 

As mãos que antes suavam e tremiam de ansiedade, agora tranquilizaram-se, muitas suspeitas sobre o que seria esta reunião havia passado na mente do detetive; a ideia de se tornar sucessor de Yoongi, o chefe ter suspeitado de algo ou até mesmo encontrado algo. 

─ Claro, gosto de repassar conhecimento ─ confirmou sua presença ─ me informe o local, horário e data por gentileza. 

Min abriu uma gaveta embutida a enorme mesa que estavam, tirou uma apostila, havia tudo a respeito da palestra, Jungkook seria o palestrante principal. Havia três casos que trabalhou, duas de suas especializações e uma de suas experiencias como perito. 

O detetive agradeceu a oportunidade e seguiu de volta ao escritório, guardou em sua gaveta a apostila e voltou aos afazeres. Sua rotina continuou normalmente, estava no final do expediente, despediu-se de todos e retirou a chave da moto dos bolsos caminhando para o estacionamento. 

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No apartamento, Jungkook estava arrumando a bagunça de seu quarto, geralmente era nos finais de semana, entretanto, seus dias de sábado e domingo eram direcionados a Jimin. Como de costume, tomou um banho demorado e foi para a cozinha preparar seu jantar. 

Pegou uma tabua de madeira, uma faca grande e alguns pedaços de carne, lavou as mãos e começou a cortar em pedaços menores, concentrado e cauteloso com o deslizar da faca. Sua visão embaçou por um instante mostrando suas mão repletas de sangue enquanto segurava a faca, piscou demasiadas vezes jogando-a na pia e afastando-se encarando as mãos com uma feição assustada. 

─ Céus... ─ suspirou vendo as mãos limpas ─ que porra está havendo? ─ balançou  a cabeça.

De repente, a risada de Jimin ecoou atrás de si, o detetive virou-se rapidamente vendo a figura do menor sentado na cadeira e simplesmente sumiu com um piscar de olhos. Jeon mexeu os olho por alguns segundos e os abriu quando sentiu-se seguro para seguir preparando seu jantar. 

─ Talvez eu precise agendar uma consulta com algum neurologista ou psiquiatra... ─ soou como um pensamento alto e frustrado. 

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Ooi, amores. Passando rapidinho só pra dizer que o próximo capítulo é foda pra caralho.

O título se chama "perseguição" e bem, não darei spoilers.

Nos vemos no próximo capítulo, beijos!

Prenda-me Se for Capaz.Where stories live. Discover now