Raiva, culpa e ódio²

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Park Jimin.

Estava quase amanhecendo quando as buscas encerraram, Jungkook estava no carro comigo, estava me repreendendo devido minha tentativa de mais uma vitima. Observei a estrada enquanto Jeon falava sem pausas e questionava assuntos passados em busca de respostas. 

─ Bunny, eu entendi que errei mais uma vez, chega! — apertei meus punhos tentando me conter— Eu já acabei com minha vida toda, porra, tem um vazio em mim que é preenchido quando faço essas merdas. É isso que queria ouvir? 

Pude ouvir seu suspiro exaustivo enquanto um breve silêncio instalou-se no carro. Antes de adentrar a cidade alguns minutos depois, Jeon proferiu que me deixaria na entrada do bairro ao invés da mansão. Contando que o bairro era abandonado e coberto por mato devido a este motivo, achei rude de sua parte.

🐰

Ao adentrar, corri para servir o café de Pitter, ele provavelmente não havia despertado, contudo, é melhor do que ficar a manhã inteira sem comer devido ao meu sono.

— Olá, Sr. Perfeitinho. — ironizou como sempre — acorde, acorde, acorde! Preciso que se alimente.

Sentei a frente de Pitter e coloquei a bandeja em seu colo, havia panquecas, suco e morangos. Hoje seria o tipico dia que prefiro me isolar sem sair da cama, não estava chateado, porém, fiquei com uma ponta de magoa devido ao jeito que Jungkook tratou-me no carro. 

Pitter estava em silencio, havia acordado recentemente, não havia feito suas higienes matinais pois não dei-lhe tempo para isso ainda, contudo, confesso que há um pouco de empatia surgindo em mim, Pitter está a semanas sentado a maior parte do dia nessa cadeira velha no centro do comodo quase vazio, humanamente falando eu estava sendo um monstro, Pitter errou e eu me igualei errando mais ainda. 

─ Irei lhe soltar, poderá circular pelo quarto e apenas isso. ─ o avisou colocando um pedaço de panqueca em sua boca. 

─ Uma pergunta: Jeon virá novamente? Tem alguns finais de semana que você esquece meu banho diário ─ comentou ─ 

— Sim, mas poderá ficar o dia todo livre, sugiro que deite e aproveite isso — sorriu fechado e desamarrou a corda ─ não tente bancar o espertinho, Pitter, no banheiro não hã nada que possa te ajudar a fugir, aqui só tem essa cadeira e o sofá. Lembre-se que você está em meio ao nada, o bairro é abandonado e longe de ajuda. 

Pitter se quer sentia suas pernas, alongou sentado tentando recuperar o sentido para finalmente levantar-se. Resolvi sair antes que ele pudesse tentar algo contra mim, tranquei a porta e conferi se estava fechado e não abriria de modo algum.

Segui a caminho de meu quarto, peguei uma toalha, a mini caixinha de som, coloquei músicas melancólicas e iniciei um banho demorado. Meu objetivo para hoje seria colocar meus pensamentos em ordem e de alguma forma, tentar manter Jk longe de minha mente, apenas em meu coração, apenas isso.

Fechei meus olhos em busca de tranquilidade, respirei fundo trazendo uma sensação de relaxamento para meu corpo. Quando abri meus olhos, pude ter a visão de um banheiro pequeno, sem espelho, detalhes, apenas um chuveiro e privada, passei a ponta dos dedos em meus olhos demasiadas vezes até sentir segurança para abri-los e, quando abri, estava normal, no local onde estou, com espelho, detalhes espalhados pelo banheiro, produtos capilares. Tudo no seu devido lugar e diferente do que enxerguei por um instante.

A água fria bateu contra minhas costas, pude sentir formigar em minha pele como se atravessasse até minha alma. Cada gota do chuveiro parecia me relembrar alguma angústia. Meus pensamentos emaranhados como teias, quando percebi, estava mergulhando em uma piscina de reflexões dolorosas, lembranças e frases que ecoaram desde a adolescência.
Cada respiração é uma batalha contra a escuridão interior, cada momento no chuveiro é uma fuga temporária do peso de minhas emoções, estas que me colocaram em um ciclo de vingança eterna. 

Prenda-me Se for Capaz.Where stories live. Discover now