13: você sabe como superamos memórias dolorosas?

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melissa


A intensidade da situação era sufocante.

As lembranças se repetiam na minha cabeça e a água gelada ao meu redor parecia me roubar o ar dos pulmões.

O coração batia tão forte e rápido, que o pulsar ecoava aos meus ouvidos. Mas eu não sabia se era por causa do trauma ou a nossa proximidade... A sensação de tocá-lo, de sentir o roçar da ponta dos seus dedos no meu rosto, o jeito como ele me olhava...

— É muito difícil, Harry – confessei, deixando que ele visse a garota quebrada por trás da máscara.

Harry apertou os lábios e assentiu levemente.

— Shh – confortou, limpando as poucas lágrimas que escaparam dos meus olhos.

Seu tom era suave. Harry escorregou o toque para os meus cabelos e aproximou o tronco nu do meu, a respiração quente atingindo-me o rosto quando ele voltou a falar.

— Você sabe como superamos memórias dolorosas? Criando novas.

Senti a boca seca e meus dedos se afundaram na sua nuca, aquela sensação entorpecente se derramando pelo corpo, reagindo a ele automaticamente.

Harry dançou com o nariz por minha bochecha, puxando o meu cheiro e grunhindo satisfeito antes de concluir:

— Você pode passar a lembrar de um lago como o lugar em que eu te beijei pela primeira vez.

Ele arrastou o rosto contra o meu para me olhar nos olhos, como se para se certificar de que estava tudo bem.

Eu queria. Eu queria muito, como não me lembrava de querer algo antes. E ele leu isso nas minhas íris, pois no instante seguinte sua boca estava na minha.

Harry havia se aproximado os poucos centímetros que nos separava e colou nossos lábios com cuidado, como se não quisesse me assustar, dando-me a chance de me acostumar com a sensação.

Meus dedos afundaram na sua pele molhada quando aquele formigamento começou a passar dele para mim, quando os olhos pesaram e meu torso inteiro se entregou à entorpecência que ele me causava.

Era tão bom quanto eu me lembrava. Sua boca era tão macia quanto a minha lembrança embaçada daquela noite do bar me dizia ser.

Ele grunhiu nos meus lábios como se estivesse tão aliviado quanto eu, por finalmente poder me beijar novamente. E, de um segundo para outro, nada mais importava. Não enquanto ele continuasse me beijando.

Quando eu achei que não podia melhorar, a língua quente e molhada entrou na minha boca. Arfei satisfeita no segundo em que seu gosto se derramou na minha língua.

Nossa.

Eu não conseguia processar os próprios movimentos, não conseguia pensar enquanto ele me beijava daquele jeito. Meu corpo lhe correspondia por conta própria, como se soubesse como responder aos seus lábios, como se já estivesse acostumado com aquele toque necessitado que ele tinha sobre mim, me apertando e deixando nossos troncos molhados roçarem.

A calma ia sumindo a cada segundo. No começo, era como se ele estivesse me provando, como se quisesse conhecer o meu sabor. Mas depois ele começou a me beijar como se precisasse disso. Como se precisasse de mim. E naquele momento eu precisava dele também.

Enquanto eu o sentia sugar os meus lábios e embrenhar seus longos dedos no meu cabelo molhado, eu correspondia com toda a vontade que tinha. Apertava-me contra ele e aproveitava daquela sensação quente que corria pelas veias a cada roçar das nossas línguas. O gosto dele era tão bom. Eu poderia beijá-lo o dia inteiro.

Sua boca era macia e dominante. Harry me beijava como se me desafiasse, como se estivesse provando um ponto. E tudo o que eu conseguia fazer era derreter em rendição ao calor da sua língua.

Sem saber exatamente o que eu estava fazendo, entrelacei as pernas ao seu redor, querendo senti-lo mais perto. Harry desgrudou os nossos lábios apenas para soltar um grunhido que arrepiou os pelos da minha nuca, mas logo voltou a me beijar com entusiasmo renovado.

Ele arrastou uma das mãos por minhas costas até à minha perna, apertando a coxa ao seu redor com vontade.

— Droga, Mel... O seu gosto... — sussurrou na minha boca.

Eu estava arrepiada e sem fôlego quando escorreguei as mãos por seus braços, acariciando aqueles músculos que eu queria tanto tocar. Mas foi quando eu puxei os fios da sua nuca que Harry mordeu o meu lábio, firmando o aperto na minha cintura. O pouco ar que eu tinha escapou dos pulmões quando me senti roçar contra a sua ereção, firmemente alojada entre as minhas pernas.

Harry desceu os beijos famintos para o meu pescoço e eu senti minha cabeça tombar e pernas se apertarem. Ele arrastava as mãos por mim com tanta força e vontade, que eu não conseguia nem reagir, apenas ficar à disposição do seu toque.

A minha boca estava entorpecida por seu gosto e os olhos firmemente fechados quando ele mordiscou o meu colo, me abraçando com força. Estremeci nos seus braços e ele riu baixinho, mas logo voltou a ocupar a sua boca em descobrir cada centímetro meu.

Aquilo estava tão bom e tão envolvente, que eu mal conseguia pensar. Eu não conseguia lembrar por que aquilo era errado, não conseguia me lembrar de me sentir mal por estar ali...

Por estar ali... Em um lago! Beijando Harry!

Abri as pálpebras de uma vez, encarando o céu ensolarado.

Ele ainda me devorava, mal respirando enquanto me atacava com os lábios famintos. Harry tinha entrado tanto na minha pele, que eu me esqueci do meu trauma, esqueci aquelas memórias dolorosas e o porquê de não me sentir confortável dentro da água.

O medo não tinha achado o caminho para a minha mente enquanto eu o sentia, enquanto o beijava, me perdia em Harry.

O poder que ele tinha sobre mim me assustava. E eu sabia que isso não significava nada para ele, sabia que tudo o que ele queria era conquistar a garota que dizia "não". Eu sabia que, no segundo em que ele conseguisse o que queria, partiria para a próxima conquista e eu seria só mais uma. Enquanto para mim ele teria sido o único que conseguiu me afetar daquela forma.

Ele subiu a boca por meu queixo e tentou retomar o nosso beijo, mas eu segurei seu rosto e me afastei, olhando-o com a testa franzida quando ele abriu os olhos.

— Eu quero voltar — pedi, tirando as mãos dele.

Eu senti que Harry ainda me encarava quando afrouxou o aperto, nitidamente contrariado em ter que fazer isso. Mas ele não disse nada, apenas tirou o tempo que precisava para retirar suas mãos de mim e me deixar livre.

A água instantaneamente pareceu mais gelada quando ele se afastou.

— Você... – Harry precisou coçar a garganta quando sua voz falhou, gasta. — Você precisa de ajuda para sair da água ou...

Balancei a cabeça negativamente, evitando olhá-lo.

Ainda conseguia sentir os calafrios brincando com os meus joelhos à medida em que andava rapidamente para fora do lago. Mas enquanto a fraqueza fosse nas pernas estava tudo bem. O problema seria quando aquelas sensações perigosas começassem a brincar com o meu coração machucado.

Eu não podia deixar isso acontecer.

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Fuck Me [HS]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora