5 - A AMARGURA VERMELHA

165 20 1
                                    

O favorito da maioria, enfim, aparece...

~~~~

Para a trinca das broncas da semana se concretizar, faltava ele... O pior dos piores! As trevas da minha vida! O meu eterno pesadelo...

— E aí Adriel? Tudo bem? — Perguntei entredentes.

Era dia seguinte ao casamento, umas sete ou oito da manhã nem sei mais, embora eu saiba que o sol não nascera há muito tempo... Adriel estava na porta de casa, com sua clássica expressão emburrada e braços cruzados. Porém, não falava nada. Aquilo definitivamente estava me deixando nervoso!

— Entra logo, cara! Quem está com você? A polícia?

Adriel estava sozinho. Adentrou devagar, pisadas firmes e claudicantes faziam parte dele, mas estava diferente... Não falava nada! Era certo que ele também estava uma "pilha de nervos" comigo. Maravilha! Ainda bem que a Angélica já havia saído... Não seria uma boa ela presenciar meu claro e autêntico desabamento físico e moral.

Não conseguindo disfarçar o mau jeito, gaguejei ao oferecer, sabendo que seria ignorado:

— Então... Não quer se sentar?

Sua visão firme para mim, soltando faíscas claro, ainda com os braços cruzados, estavam me obrigando a falar primeiro com respeito ao assunto que, óbvio, eu sabia qual era. Todavia, com ele eu teria que ter muito mais cuidado do que tive com o Natiel. Acusar a Estela por tudo não era má ideia naquele momento... Era suicídio!

Abaixei os ombros já exaustos e larguei o sarcasmo por completo para falar:

— Aí cara, me desculpe pelo seu pai... Parecia uma boa ideia no início, mas... — Hesitei ao perceber a mudança de expressão do meu amigo. Não foi para algo bom. Reiteirei: — Eu realmente sinto muito.

— Sei... — Murmurou pela primeira vez, ainda de pé, com os braços cruzados e feições nada amigáveis.

— Sabe? Que mais? Fale algo, por misericórdia! — Acho que eu estava com tremuras.

Ainda levou um tempo para, enfim, falar:

— Você não se cansa de fazer coisas erradas?

Sorri nervoso.

— Por melhores que sejam suas intenções, nada pode justificar sua óbvia ausência cerebral...

— Como é? — Arqueei as sobrancelhas.

— Acho que não seria difícil adivinhar que a aparição do seu Damião no casamento do Daniel seria um desastre completo... Estragou o dia mais importante da vida dele. Parabéns!

— O quê? — Eu estava surpreso, não pelas ofensas, mas pela alteração no olhar do Adriel enquanto falava. Não sabia que ele podia ser sarcástico. Nem quero imaginar o que a Estela fez para amenizar o humor desse cara... Vivendo e aprendendo.

— Ok, está certo, eu sou o culpado. Qual é o castigo? Te ouvir por mais um minuto?

— Talvez... Até porque sei que sua única culpa foi ficar calado quando deveria falar...

— E aposto que falo quando deveria me calar? — Tentei soar engraçado, mas Adriel voltou a ficar sério. Então murmurei: — Acho que é um bom momento para isso.

— Você falou em castigo...

— Eu? — Ergui os olhos.

— Vai ter que cuidar da Maya.

SUAS CONSEQUÊNCIAS EM MIM - Spin-Off Trilogia dos Irmãos AmâncioWhere stories live. Discover now