10 - DEVANEIOS PROFUNDOS

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Embora eu não esteja em meus melhores dias, mais um capítulo forcei a sair. Talvez, por estar cabisbaixa houve facilidade em escrever o que segue para vocês.

Confiram o que o Jadir tem para nos apresentar hoje!~

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Aquilo era ridículo! Não se diagnostica alguém com depressão assim... Eu nem havia tentado me matar! [...] Nos últimos 5 anos...

— Acho que você deveria procurar tratament...

— Quem é Henrique? — Cortei-a bruscamente, enquanto visualizava um quadro de Romero Britto depositado no centro do quarto. Suas cores fortes estavam para me deixar com enxaqueca.

— Hen..rique? — Seu nervosismo era audível. — Como você sabe...?

— O Daniel o mencionou uma vez e está escrito aqui — voltei a fitá-la, sisudo, mas apontei para o quadro. — Parece alguém importante. Foi ele quem te deu esse quadro, não foi?

— Sim — abaixou a expressão. — É alguém do meu passado... Um amigo.

— Amigo do passado? — ri desafiador. — Não parece coisa boa. Por que você nunca me falou dele?

Victória levantou o semblante com decisão e disse:

— Não importa, Jadir. O assunto não tem nada a ver com ele. Qual é o seu problema?

Eu ainda mantinha minha postura desafiadora. Era ridículo, eu sei. Eu jamais poderia tentar disputar com alguém a respeito dos danos da vida. Quem havia sofrido mais, então? A questão é tão subjetiva e pessoal que nenhuma reguinha de escala de dor poderia ser assertiva de fato. Eu via em seus olhos e, saindo do comum, a estava desafiando a ver nos meus. Não havia escala suficiente para nos medir.

Aliviei e disse:

— Tenho que ir.

***

— Hey, Jadir!

Ótimo! Aquele seria um longo dia...

— Como vai, Daniel?

Saindo da presença da Victória, eu estava voltando para o hospital, andando. Eu devia ir para casa descansar um pouco, mas eu não queria ter de encarar minha mãe. E, também, graças ao Emerson, eu já não tinha o refúgio do dormitório alugado.

— Eu sinto muito, cara. Eu soube do falecimento do seu pai...

— Ah, tudo bem. Deve ter sido melhor assim — falei tentando soar o mais indiferente possível.

— Você está bem mesmo? — Pareceu desconfiado.

— Claro — continuei no tom. — Você sabia que ele estava sofrendo naquele estado.

— Sei...

Me virei e continuei meu percurso. Daniel pareceu hesitar, mas logo se pôs a me acompanhar. Alguns instantes se passaram até ele perguntar:

— Você estava com a Victória?

— Sim. Eu estava refazendo o teste respiratório. A capacidade pulmonar dela parece estar melhor e talvez ela não precise ficar com o Bipap a noite inteira.

— Que bom — falou aliviado, mas logo se alterou. — Ela te falou mais alguma coisa?

Virei debochado e disse:

— Já te falei que não serei seu informante.

— Jadir, procure me entender — seu incômodo era notável. — Ela às vezes age de modo estranho e não me fala o que acontece... Eu preciso saber. Preciso ter certeza de que ela está bem.

SUAS CONSEQUÊNCIAS EM MIM - Spin-Off Trilogia dos Irmãos AmâncioWhere stories live. Discover now