15 - ALTAS DOSES DE DESISTÊNCIA

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Gente, o capítulo não está revisado.

Mas será que chegamos ao final desta história?

Confiram porquê.

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Era incrível a habilidade das mulheres em poderem decidir a coisa mais importante da vida: ter ou não ter filhos? Eis a questão...

— E então, Raí! Como vão as coisas, amigo?

— O quê? Ah, sim! Estão indo... A Emy ainda não sabe o que aconteceu ao certo... Sua mente está uma bagunça, mas de saúde anda bem. Está dando até alguns passos, mas sem previsão de alta... [1]

— Ah, que bom.

Meu amigo de profissão e de torcida organizada estava de volta, com a saúde recuperada após o acidente de trânsito e com a cabeça mais para lá do que para cá. Era visível sua ânsia em sair logo do hospital para voltar ao outro, lugar no qual sua mente e disposição se aprisionaram.

— Ah, e outra coisa — chamou-me, antes d'eu me virar para sair e continuar em meu plantão.

— O quê?

— Você não me contou que aquela sua amiga estava grávida...

— Amiga? Grávida? De quem você está falando?

— Opa, depois conversamos — apressou-se. — Estão me chamando no quarto 12.

— Mas...

Será que eu estava dormindo no trabalho outra vez?

***

Minha amiga... Minha amiga... O Raí sabia que eu conhecia muita gente em nosso bairro e que, do público feminino, várias poderiam ser consideradas "minhas amigas". Mas, pelo tom em que falou comigo, o nível de amizade parecia ser algo mais exclusivo. Ou seja, a "amiga" era minha, não era dele, ou do Denis, ou ainda do velho Luís... Oh não! Não era paranóia. Ele só podia estar falando de uma das mulheres dos irmãos. Mas, de quem se tratava?

Óbvio que eu estava totalmente desconcentrado naquela noite, mal observando a hora, mas ansiando para que terminasse logo o turno. Confesso que nem passou mais pela minha cabeça ir atrás do Raí para me certificar de quem falava... No fundo, eu tinha medo.

Estela havia me procurado pouco antes do plantão, mas não me dissera nada importante. Talvez, quisesse se certificar de que eu estivesse respirando, assim como eu fazia com minha mãe. Suas dores não podiam ser vistas a olho nu, em concordância com as minhas. Devo ter puxado a ela nisso... Éramos difíceis de ser interpretados, quase como atores natos. Meu avô materno era um dos melhores, aliás, profissionalmente falando...

Estou divagando... Devo estar muito cansado mesmo!

Não retive quase nada das lamentações da Natalie, há pouco tempo. Ela, também, nem me procurou após isso. Soube dos exames que ela fez no passado que atestavam a impossibilidade da gravidez, devido a complicações da raríssima distrofia muscular que a acometeu. Mas, para uma condição tão rara, a propabilidade de que ela poderia sim engravidar talvez não seja nula.

Quanto a Victória...

Fala sério! Não importa qual delas tenha engravidado... O fato é que essa é uma notícia terrível! Caso tenha sido a Estela, seus filhos não herdariam a doença terminal do Adriel, mas sua descendência a começar pelos netos sim. Quanto a Victória seria a mesma coisa, ainda que o Daniel não tenha a doença, está em sua genética. Pior ainda seria no caso da Natalie, cuja descendência direta seria sim afetada, já que ela também possui a doença... O que essas garotas têm na cabeça? Quem mais elas querem condenar? Não percebem a vida que levam? Para sempre os filhos culparão os pais, ou pelo menos, pelo curto tempo de vida que terão... Vida? Que vida? Os irmãos tiveram sorte. Ao menos, as pessoas certas apareceram em suas vidas. Mas, será que seus rebentos terão essa mesma sorte?

SUAS CONSEQUÊNCIAS EM MIM - Spin-Off Trilogia dos Irmãos AmâncioKde žijí příběhy. Začni objevovat