Capitulo 6

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Na semana seguinte apareceu o ortodontista que fizera a recuperação de seus dentes e Augusto Stern, o cirurgião plástico. Acompanhando, veio Fiorella que lhe piscou um olho sorrindo alegremente, entrando no quarto com o carrinho cheio de ferramentas que serviriam para tirar todas aquelas ataduras dela, e depois de um momento, Thiago.

Bárbara sentiu o pulso acelerar e o estômago se revirar de medo diante daquela presença inesperada. Ele a olhou friamente, antes de se encostar num canto à parede. Quieto, cruzou os braços no peito, assistindo a tudo de forma impassível.

O ortodontista aplicou-lhe uma anestesia no maxilar, fazendo-a piscar forte diante da pequena dor momentânea. Os médicos começaram a discutir interminavelmente, fazendo-a sentir-se como um objeto inanimado. Mas ela não prestava atenção ao que diziam. Toda sua mente estava concentrada em Thiago. Ele tinha a capacidade de amortecer-la inteira e ainda assim, deixá-la em estado de alerta por si mesma.

Como iria fazer para se manter viva e longe dele, quando tivesse de deixar a proteção do hospital para voltar para a casa? —Era um pensamento assustador.

Thiago  estava decidido a vingar-se das ações que ela nem conseguia se lembrar, e era claro que ele não acreditava na amnésia dela.

Como terminaria tudo isso? — Perguntava para si mesma cheia de incertezas.

Ia ter que esperar para ver o que o futuro lhe traria, mas até lá, como lidaria com o pavor que sentia? Suspirou e fechou os olhos, concentrando-se na conversa entre a enfermeira e os dois médicos. Dr.Augusto explicava como pretendia restaurar seu rosto danificado, entretanto, todos pareciam satisfeitos com sua recuperação. A anestesia e a máscara curadora a impediam de falar e não deixavam que sentisse dor. As linhas de sutura foram removidas e jogadas fora, junto com o tampão que imobilizava o nariz e resguardava a operação que tinha sofrido para colocá-lo no lugar.


 As linhas de sutura foram removidas e jogadas fora, junto com o tampão que imobilizava o nariz e resguardava a operação que tinha sofrido para colocá-lo no lugar

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De repente, o Dr. Stern a mandou abriu os olhos, e para sua surpresa, havia espalhado três fotos sobre seu colo todas tiradas em épocas diferentes. Eram retratos de uma mulher surpreendentemente linda.

A estrutura óssea era clássica. Os olhos azuis, pouco puxados, bem separados, sedutores e misteriosos; os cílios longos tornavam os olhos provocantes, convidativos, as sobrancelhas eram bem traçadas e negras; a boca perfeita e os lábios cheios; os cabelos médios e castanhos com algumas mechas claras. Muito diferente da atual tonalidade que ela usava.

Na terceira fotografia, os cabelos estavam presos, e mostrava boa parte do colo e do decote, dando-lhe um aspecto bastante sensual

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Na terceira fotografia, os cabelos estavam presos, e mostrava boa parte do colo e do decote, dando-lhe um aspecto bastante sensual. Com cuidado, examinou as fotos, compreendendo, incrédula, que de alguma forma, era ela mesma.

Chocada, levantou a cabeça e olhou para Thiago. Ele a olhava fixa e intensamente, um brilho forte nos olhos de pura acusação. Como se a desafiasse a fazer algum tipo de espetáculo, Bárbara sentiu raiva e desviou o olhar. Começava a se zangar com a maneira silenciosa que ele a acusava.

— Não é tão grave quanto pensei — Stern lhe disse. — Vou ter que fazer outro trabalho de reconstrução no nariz, lábios e uma harmonização facial, mas posso quase lhe garantir que o resultado será satisfatório. — Ele fez uma pausa. — Espero que não se importe, mas acho que por conta das cirurgias de correção a laser, seu olho perdeu um pouco da melanina ocular...

Vendo a confusão repentina atravessar o olhar de Bárbara, que ainda estava impedida de poder falar por conta da anestesia, o médico adiantou-se e explicou.

— Não podemos confirmar pois provavelmente você não se recorda, mas houve uma lesão ocular ocasionada pela explosão do carro. Você precisou passar por uma pequena cirurgia à laser, e isso pode ter ocasionado uma pequena perda da sua melanina ocular, e por isso, pode ser que a cor de seus olhos tenha mudado, mas nada de muito grave.

Ainda sem poder falar, ela fez um gesto de cabeça, expressando que o que ele dissera, havia esclarecido a sua dúvida. Ao menos não tinha ficado cega e enxergava perfeitamente bem.

— Luigi, o médico ortodontista, acaba de remover os arames e a máscara curadora. Você vai poder falar bem melhor, assim que passar o efeito da anestesia — disse, olhando para Dr.Nanderitti que acabava de entrar no quarto. — Se Leonardo concordar, sou da opinião que após essas cirurgias de reconstruções, você pode ir para casa. O que acha, Nanderitti?

— Talvez no meio da semana que vem, já que a cirurgia será amanhã mesmo. — Ele respondeu, olhando as fotos e depois para Thiago. — E ela ainda precisa de um pouco de fisioterapia. O hospital fica longe da cidade e vai ser trabalhoso para Thiago ter que trazê-la aqui todos os dias. Certo, chefe?

Novamente aquela forma de tratamento estranha: chefe. Thiago nada respondera e Bárbara ficou deprimida diante da perspectiva que a esperava. Olhou novamente para Thiago, cheia das angústias dos pensamentos, mas o olhar que ele deu a ela, foi hostil.

— Vou ter que levar uma das fotos de perfil e a foto de frente para os estudos.

Dr.Stern disse, pegando duas fotos e deixando uma outra em cima da mesa de cabeceira. Se despediram enquanto caminhavam para fora do quarto.

— Até logo, Bárbara. Até o começo da semana, Thiago. — Augusto Stern acenou para ele sem obter resposta.

Mas antes de saírem, um rapazinho, que estagiava no hospital e que acompanhava o quadro de Bárbara, aproveitou a porta aberta e entrou, trazendo na mão um simples vasinho de vidro com um botão de rosa. Ele fez uma curvatura exageradamente elegante, enquanto os outros assistiam, rindo.

— Senhorita! — ele disse, estendendo a rosa para Bárbara. — Ouvi dizer que vai deixar a nossa companhia neste hospital. Isto é uma pequena homenagem de...

Ele se calou.  O vasinho foi lançado de suas mãos e atirado violentamente contra a parede, espatifando-se. O menino ficou vermelho de vergonha, olhando de olhos arregalados para o homem enorme que pairava sobre ele.

— Ela não tem permissão de aceitar presentes de ninguém. — Thiago disse em tom cortante.— Deixe para dar-lhe flores no dia em que a sepultarmos.

Bárbara empalideceu. Todos pareceram murchar com a sentença feita sob ela, fazendo-os se dispersar discretamente em silêncio. O garoto ainda olhou para ela completamente sem graça e cheio de pesar antes de sair depressa.

Além do medo, Bárbara sentiu uma vergonha que nunca tinha sentido antes. Sua vontade, além de fugir, era pular no pescoço daquele homem e dizer que além de pavor, sentia muita raiva dele. Em um impulso, tentou se levantar para protestar, indignada, mas Thiago a atirou com força e violência de volta ao leito, e a segurou no lugar, machucando o braço ainda engessado.

— Ele não passa de um menino! — disse com toda a energia que conseguia, apesar da anestesia.

— E desde quando isso faz diferença para você, sua puta? Nenhum homem vai lhe dar presentinhos! —disse em completa arrogância.— Nenhum homem vai ter a oportunidade de chegar perto de você, sem que antes eu lhe esfole viva! Vou te mandar direto para o inferno, me ouviu bem? Principalmente depois que eu tiver meu filho de volta!

O medo a tomou. Depois de vociferar todo seu desprezo, a deixou completamente abalada e saiu do quarto. Bárbara chorou. Lágrimas de raiva, desespero e impotência que queimavam seu rosto e a deixavam fraca. Era uma ameaça de morte explícita e mais do que nunca ela pensou em fugir. Mas na mesma hora pensou na garotinha que dizia ser sua filha. Com um peso enorme em suas costas, chorou ainda mais.





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Eita pleura!

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A Dama Sem Nome: Um Romance da Máfia- NOVA VERSÃO 2023Where stories live. Discover now