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Thalita

Tirei meus sapatos e subo devagarinho pra meu quarto.

Não queria acordar a fera da minha mãe, ainda era cedo pra discutir com ela e hoje eu tô fazendo de tudo pra não perder a cabeça com nada. Depois de quase ir pra cadeia a pessoa só merece um sossego.

Tranquei minha porta e fui pra dentro do chuveiro direto. Tinha que me renovar, eu tava só a derrota. Saí do banho e me joguei na cama adormecendo.

Acordei com gritos lá em baixo e já sabia
que meu pai estava aqui. Minha mãe e meu pai terminaram quando eu tinha onze anos, relacionamento deles sempre foram muito tóxicos, mas piorou quando meu irmão morreu e minha mãe maluca que só colocou a culpa toda no meu pai que já era cheio de problema com o morro. Ele é um dos de frente da Rocinha, seu Nico é um ótimo pai porém não era um bom marido.

Ele fazia várias cagadas também, mas a louca obsessiva era minha mãe. Toda minha infância foi gritaria e xingamentos. Quando eu tinha uns sete anos meu pai começou a trair minha mãe, ficava dias sem vim em casa. Eu tive que achar uma saída pra não acabar enlouquecendo, e eu achei.

A arte era minha grande paixão, e isso inclui muita coisa, a moda, pinturas, músicas, encenar e fotografia.

Eu fazia croqui, desenhava quando podia, meu pai pagava aula de canto e de teatro e no meu aniversário de nove anos me deu uma câmera. Meu principal objetivo era não ficar doida.

Ano passado terminei a escola e já fui atrás de um emprego, queria fazer uma faculdade ou engrenar na carreira de cantora. Mas minha mãe é controladora e sempre criticou minhas escolhas criativas. Isso sempre me fez sentir desmotivação e insegurança.

Desci a escada estressada e fui abraçar o meu pai ignorando a minha mãe. Que só gritava com ele.

- Boa tarde pai.- sentir ele mexer nos meus cachos como sempre fez. Eu amava aparecer meu pai, a cor da pele, o mesmo sorriso e os cachinhos que eu puxei dele me dava uma esperança de querer ter um filho e vim do mesmo jeito.

Nico:Como foi ontem meu amor? Ninguém tirou tua paciência né?- pergunta de forma protetora

- Foi ótimo- minha mãe deu um grito me fazendo assutar.

Carol: Porra Nico, eu tô falando com você caralho. Sobe lá pra cima Thalita e te tranca.- colocou o dedo na minha cara- agora!!- meu pai deu um tapa no dedo dela me colocando atrás dele como um animal defendendo seu filhote de um predador

Nico: Tira a porra do teu dedo da cara dela, e ela não vai subir não. Ela vai lá pra casa, Niara tá chamando ela por que vai ter churrasco e a Isa vai tá lá

Carol: Não minha filha tu não leva, canalha- puxou minha blusa rasgando ela- já falei que não gosto de te ver perto dessa tal de Isabele, garota que é comida por traficante e o que Niara quer? Ela já não tem o filho querido dela, aquele traficante lá.

Nico: Namoral Carol, vou nem perder meu tempo contigo. - ele só pegou minha mão me puxando pra fora de casa. Nessas horas eu me sentia apenas uma garotinha de sete anos querendo o conforto na cama dos pais. Sinto saudades da minha antiga vida.

LANCE BANDIDO Where stories live. Discover now