Capítulo 12

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JENNIE

Um ano e Cinco meses antes

— Podiam ser eles.

Apontei para um casal sentado alguns degraus abaixo de onde estávamos almoçando, na escada da biblioteca.

Jisoo fez uma cara confusa.

— Eles podiam ser quem?

— Mieyon e Jasper.

— O casal do diário novo, que você ganhou de aniversário da garota que mora com você?

Balancei a cabeça para responder que sim.
Ela foi muito fofa. Eu nem imaginava que ela sabia que era meu aniversário, mas me deu de presente um diário incrível. Eu estava
obcecada por ele.

Jisoo desembrulhou o sanduíche e deu uma mordida. Depois, falou com a boca cheia:

— Pensei que não soubesse o nome do namorado.

— Não sei. Mas decidi chamá-lo de Jasper, já que ela se refere a ele como J. Assim ele parece mais real quando penso nos dois.

— Meu bem, você sabe que eu te amo. Mas a maior parte de tudo que passa pela sua cabeça não é real.

Dei uma cotovelada bem-humorada nela. Ultimamente, eu almoçava sentada na escada da biblioteca – exatamente a
escada onde havia acontecido boa parte da história sobre a qual eu lia no diário. Gostava de ler os registros e imaginar que algumas pessoas por perto eram aquelas que ocupavam as páginas em minhas mãos.

— Esse diário é o melhor que já li. Na semana passada, li um dia em que a esposa da Mieyon chegou em casa mais cedo do trabalho para ver como ela estava. Na noite anterior, ela havia inventado que não estava se sentindo bem quando ela quis transar. Mas a verdade era que ela havia transado com Jasper algumas horas antes, por isso não queria nada com a esposa. Enfim… quando ela chegou em casa, ela estava cochilando, porque de manhã tinha encontrado Jasper de novo e estava fisicamente esgotada. A esposa sempre trabalhava até tarde, por isso ela não se preocupou quando deixou o celular em cima da bancada da cozinha, carregando. Mas, quando entrou, ela viu uma mensagem de texto na tela. Era Jasper marcando o encontro do dia seguinte. Felizmente, ele
estava nos contatos como J. Quando a esposa questionou a mensagem, ela disse que tinha a ver com uma surpresa para o aniversário dela, e ela acreditou. A coitada parece não ter nem ideia de nada, mas agora ela está paranoica com o celular.

Jisoo balançou a cabeça.

— Coitada? Ela é uma babaca.

— Eu sei. Mas me sinto mal pela esposa. O casamento delas foi aqui na biblioteca. — Estendi as mãos. — E agora às vezes ela encontra Jasper bem aqui nesta escada, e eles vão se pegar naquele beco depois da esquina, atrás de uma caçamba. Não entendo. Ela parecia apaixonada pela esposa no ano
passado, antes do casamento.

Ela mordeu mais um pedaço do sanduíche.

— Espera… comprou vários volumes do diário dessa pessoa? Um diário não dura vários anos, não?

— Esse, sim, porque ela não escreve com muita frequência. Tem uns saltos… chega a haver meses entre os registros em
algumas fases. Ela escrevia muito antes do casamento, descrevia tudo o que estava planejando. Depois, quase parou. Acho que ela não teve nada empolgante para escrever durante um ou dois anos… até começar a dormir com o amigo da esposa.

— É melhor ler devagar. Ou vai ter síndrome de abstinência quando terminar.

— Verdade. É porque a dona do diário e todo mundo sobre quem ela escreve moram por aqui. Eu nunca tinha lido um diário assim, muito menos histórias que acontecem a um
quarteirão de onde eu trabalho. Isso faz tudo parecer real demais… como se acontecesse agora, não quando ela escreveu. Não consigo parar de pensar nas pessoas da história e
imaginar se já esbarrei com uma delas. Outro dia estava no Starbucks e li o nome do barista no crachá, era Jasper. Derrubei meu latte gelado no chão, porque fiquei toda agitada
pensando que podia ser ele. Fiquei no café até ele terminar o turno, aí o namorado foi buscá-lo, o que o excluiu da lista de
possibilidades de amantes da mulher do diário.

— O barista era bonitinho?

— Era, sim. Mas eu estava espionando o cara porque o nome dele era Jasper! Não sei nem o homem verdadeiro do tal amante.

— Em que Starbucks isso aconteceu? Um barista gostoso e gay.

Dei risada.

— Sério, Jisoo. O que eu ia fazer depois de ter passado duas horas esperando o barista sair do trabalho? Seguir o cara até a casa dele?

— Está ficando meio obcecada.

Suspirei.

— Min Hyu disse a mesma coisa. A gente brigou há pouco tempo porque meu celular ficou sem bateria. Esqueci de carregar e, quando fui procurar o celular dele para avisar a você que ia me atrasar para o jantar, percebi que ele não deixa mais o telefone em qualquer lugar. Fiquei desconfiada, tudo
por causa da paranoia de Mieyon. Então Min e eu discutimos. Ele não tinha feito nada de errado.

Jisoo balançou a cabeça.

— Talvez você deva dar um tempo na leitura.

Finalmente abri o pote de salada que tinha preparado para o almoço. Espetei o garfo e suspirei.

— É, talvez.

Jisoo riu.

— Você é uma piada.

A Cinderela - Jenlisa (G!P)Where stories live. Discover now