38/ tarde demais

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Gustavo NARRANDO

Entrei na cozinha pisando fundo e peguei uma garrafinha de água e dei um gole sentindo os olhares dos muleques encima de mim.


- Vocês sabiam não sabiam?

- Sabia de que? - o Luan perguntou com a testa franzida

- Que a Ana Flávia tá grávida - ele suspirou - Sabia né?

- Eu tava com ela quando ela descobriu

- E não me contou nada por quê?

- Porque ela me pediu pra não contar

- E você ajudou ela nessa ideia maluca de querer abortar?

- Claro que não muleque - suspirou - É por isso que o huff não tá falando com ela

- Sério? - olhei o Murilo

- É - suspirou - Eu só não te contei porque sabia que uma hora tu ia descobrir por conta própria

- Olha - o Luan começou - Ela só tá assustada, você sabe que ela sofreu muito com a mãe dela, ela só tá com medo de ser uma mãe ruim assim como a mãe dela foi pra ela

- Você vai ficar defendendo essa maluquice dela?

- Eu não to defendendo ela Gustavo, mas porra tenta entender a garota

- Entender que ela quer tirar meu filho?

Soltei um soluço e eles me olharam com pena, porra. Meu sonho é ser pai, ainda mais de um filho da Ana Flávia que é a mulher que eu amo e ela quer fazer uma maluquice dessas.

- Eu concordo com o Luan - o huff falou e encarei ele - Eu acho doidera ela querer fazer isso, mas precisamos entender os motivos dela também

- Eu quero que se foda os motivos dela. É uma criança porra - funguei - Meu filho

- Calma Gustavo. Uma hora ela vai se tocar da burrada que ela quer fazer

- Espero que essa hora não chegue tarde demais

(...)

Acordei sentindo que minha cabeça ia explodir a qualquer instante.

Eu passei a noite em claro chorando pensando na Ana Flávia.

Não era só por raiva/mágoa por ela querer abortar meu filho e também medo de acontecer alguma coisa com ela.

Levantei da cama, fui pro banheiro, escovei os dentes, tomei um banho e comecei a ouvir batidas na porta do banheiro.

Sai do box, me enrolei na toalha e abri a porta vendo a Ana com a mão na boca, ela passou por mim e se abaixou no vaso começando a vomitar.

Me aproximei dela, segurei seu cabelo pra não sujar e ela tossiu algumas vezes fazendo uma careta.

- Tá tudo bem?

- Claro que não - passou a mão na boca

- Você quer alguma coisa?

- Que isso acabe logo - me olhou e suspirei

- Você não vai mudar de ideia né?

- Não

Quarentena - MIOTELA  ✓Where stories live. Discover now