Capítulo 1

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Estou morando em Mystery Spell para estudar e trabalhar para a família Bartholy. Nicolae, Drogo, Lorie e Peter, os quatro irmãos que me receberam na mansão da família.

Sempre conversei com todos, menos com Peter. Se eu não conversasse com Drogo, por exemplo, seria ótimo, suas brincadeiras e insultos de vez em quando (sempre) passam dos limites. Ele tem um temperamento muito duvidoso e não me recebeu de uma forma muito calorosa.

Peter sempre me intrigou e me deixa um pouco chateada por nunca ter trocado se quer uma simples palavra comigo.

Toda noite uma bela música sai de seu misterioso quarto, um som de piano, que sempre me tira o sono no intuito de admirar as melódias.

Eu também nunca ousei em falar com ele... Provavelmente eu deveria engolir esse meu medo bobo e bater na porta dele.

Eu me levanto da cama disposta a falar com o belo pianista, quando uma pequena fúria entra no quarto.

- As crianças da minha escola são todas estúpidas! - Lorie grita.

Ela se esparrama na minha cama, como uma estrela do mar. Seu rosto está retorcido em uma careta de insatisfação.

- Eles foram desagradáveis com você?- pergunto vendo seu rosto ficando vermelho de raiva.

Ela me olha com um incomum condescendência para uma criança da sua idade. Depois de um tempo e muitos suspiros amargos, ela decide me responder.

- Tem um menino que me irrita! Ele fica rindo de mim.- desabafa cruzando os braços e bufando.

- Sabia que quando os meninos zombam de você, talvez é porque eles gostam de você? - digo com um sorriso compreensivo.

Ela me olha com os olhos arregalados e corando. Rapidamente retoma com seu beicinho irritado.

- Você está falando bobagem! O que sabe sobre isso, nem namorado tem!

Ela estava falando a verdade. Com uma vida como a minha, não seria viável, está uma confusão.

Não sou uma desesperada também!

- Você quer brincar? - digo tentando mudar de assunto.

Ela suspira como se fosse algo que eu propus que irritou ela profundamente.

- Não, venha.

Às vezes sinto que estou trabalhando para uma ditadora de saia. A Lorie tem apenas seis anos de idade, mas tem a confiança de uma mulher adulta.

Ela me faz ir até seu quarto e vamos diretamente para seu closet dos sonhos...

- Eu tenho que me arrumar para o baile da Sra. Afiada e do Sr. Sem Cabeça, eu preciso de um belo vestido.- ela diz olhando em volta procurando alguma coisa que lhe agrada.

- Eu pensei que o Sr. Sem Cabeça tinha cortado a garganta da Sra.Afiada...

- Oh...- ela para pra pensar.- Eles fizeram as pazes de novo.

É claro que haveriam menos divórcios se vivêssemos no mundo da Lorie.

Então aqui estou eu, aceno com a cabeça em aprovação a escolha de um vestido rezando para ela se cansar dessa brincadeira.

Depois de uma hora ela se cansa e pede para eu a deixar sozinha.

Aleluia!

Quando saio do seu quarto percebo que tem mais alguém no corredor.

É o Drogo, e como sempre que eu o encontro, aperto meus punhos e meu maxilar.

- Fica calma pequenina, me pediram para ser obediente e educado.

Ele me lança um olhar de gozação enquanto se aproxima tão gloriosamente que parece que ele está flutuando acima do solo.

- Talvez eu coma você mais tarde quando o Santo Nicolae sair do meu pé...

Ele sai de perto de mim despreocupado, o que eu deveria pensar? Realmente essa família é bem estranha.

Um pouco abalada vou para meu quarto.

Já passei por dificuldades suficientes na minha vida para me deixar abalar por esses dois!

O tempo passa e a noite cai. A mansão se torna silenciosa e escura. Da minha janela, mal consigo ver o jardim.

Por um momento me perco em meus pensamentos, até que ouço um som doce e melodioso, ecoando minha melancolia noturna.

O Peter ainda está tocando... Céus, ele é tão cativante quanto a música que toca em seu piano.

Agora já chega! Fico fantasiando ele há dias! Eu tenho que dar um jeito de falar com ele. Estou sendo mal educada também, deveria conversar com ele para tentar uma aproximação, afinal, estou morando na casa dele.

Me sinto nervosa, abro a porta do meu quarto para ver de qual quarto sai esse som.

A melodia vem de um dos quartos quase no fim do corredor. A porta está entreaberta e a luz fraca.

Silenciosamente, me aproximo, como se eu estivesse hipnotizada.

Nunca ouvi uma música tão triste e tão bonita. É como se cada nota envolvesse em meu coração, gentilmente, quase com tortura.

Adoro músicas clássicas...

Sem fazer nenhum barulho, olho para dentro do quarto.

Está pouco iluminado. Vejo estantes para livros e alguns cartazes espalhados pelas paredes.

Mas meus olhos ficam imediatamente atraídos pelo piano na parte de trás do quarto e o homem que o toca.

Suas costas são largas, sua cintura delgada e bem definida. Só consigo ver seus cabelos desgrenhados e pretos roçando seu pescoço.

Bom, é agora ou nunca.

Sua maneira de me olhar de vez em quando, quando ele acha que não estou vendo, me faz querer me aproximar dele.

Fico por um momento vendo ele tocar, cativada pela música, melancólica e delicada.

A cabeça dele muda ao ritmo as notas como se o mundo exterior não existisse em sua volta.

Somente ele e a dor dele que ele expressa ao tocar os dedos nas teclas do piano.

Na verdade eu deveria sair daqui! Não é hora de nos conhecermos e termos uma conversa. Então levemente eu saio.

Covarde.

O chão range abaixo de meus pés.

Droga!

Eu quase não tenho tempo para olhar antes que ele apareça de pé na minha frente. Meu corpo congela.

(Não esqueçam de dar a estrelinha beijos beijos). 🙂

Is it love? PeterWhere stories live. Discover now