Capítulo 24

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...

Ele pega um livro e o abre. Vejo seus olhos verdes passarem pelas palavras e parece que ele já sabe tudo aquilo de cor.

Com um sorriso pequeno nos lábios ele levanta os olhos para mim, sinto tanta intensidade que me faz tremer, ele começa a recitar uma parte de um poema para mim.

- Perdi minhas forças, minha vida. Meus amigos e minha alegria, perdi meu orgulho, isso tornou meu gênio crível...

Ele se aproxima de mim e eu vou dando pequenos passos para trás, logo encostando em uma das estantes de livro.

- Quando eu conheci a Verdade, pensei que ela fosse minha amiga; quando eu a senti e entendi, eu já estava enjoado dela. E no entanto, ela é eterna, e aqueles que vivem sem ela, nessa Terra não entendem nada...

Ele recita calmamente olhando nos meus olhos.

Seu rosto está a centímetros do meu. De repente sinto um gosto salgado de uma lágrima em meus lábios.

Peter está recitando como se fosse ele, a verdade dele. Eu sinto sua tristeza e isso de alguma forma me deixa triste também.

Peter levanta sua mão até meu rosto e limpa suavemente a lágrima teimosa que cai sobre minha bochecha.

- Não chore...desculpa ter te deixado assim...

Eu não aguento ver ele triste. Sem conseguir me conter eu o abraço forte e afundo meu rosto na curva do seu pescoço.

No começo ele fica imóvel e rígido, mas logo depois suas mãos escorregam por minhas costas e ele me abraça pela cintura. Ele apoia seu queixo no meu ombro e enterra seu rosto no meu cabelo, sentindo meu aroma.

- Não aguento te ver triste...- murmuro e fecho meus olhos com força.- Tenho certeza que você vai encontrar poemas mais felizes que esse!

Eu brinco com ele, não quero ver ele assim. A vida é cheia de alegrias, basta saber procurar nos lugares certos.

Eu me afasto um pouco dele e sorrio. Pego sua mão e dessa vez eu o guio pela biblioteca.

Vou até o corredor que contém muitos romances e ele olha para mim não muito animado com a ideia e parece desconfortável.

Dou de ombros, gosto de ler coisas assim. Pego um livro que eu já li muitas vezes e imito alguns personagens, tentando fazer algumas vozes aleatórias.

Pouco a pouco seu rosto se relaxa e ele sorri abertamente com minhas piadinhas.

Ele se aproxima e fica atrás de mim, ele apoia novamente o queixo no meu ombro e passa os olhos pelas palavras do livro.

Ele logo imita Renata, uma personagem do livro e sua voz sai engraçada.

Caio na gargalhada e fecho o livro o colocando na estante novamente.

Pego sua mão e o arrasto para a sessão de ficção científica, ele fica ainda mais duvidoso.

Passo rapidamente os dedos por cada livro da estante e procuro um em específico. Eu o acho e sorrio vitoriosa.

Ele fica no alto e puxo ele sem cuidado me fazendo cambalear para trás e cair sentada no chão. Olho para Peter e estendo a mão para ele, que quando da, eu o puxo para baixo e faço ele se sentar ao meu lado.

Abro o livro no chão e olho para seu rosto esperando sua reação, isso me diverte!

- Sério que você quer ler esse livro? A estúpida história de amor de um vampiro com uma humana?

- Mas é engraçado! Quero dizer, esse livro é como uma campanha de publicidade para seu tipo!

Ele não parece nem um pouco feliz com minha escolha de livro mas vejo ele me olhar por canto de olho, como se ele não pudesse evitar.

Ele suspira e percebo que minha escolha não foi tão ruim assim, já que ele continua sentado no chão ao meu lado.

Seu rosto rapidamente se torna em uma expressão de puro deboche.

- Então é isso, você está interessada em mim porque você fantasia vampiros...

Eu finjo estar indignada com o que ele disse e logo caio na gargalhada.

- De jeito nenhum!

Esse tipo de romance nunca me atraiu, por tanto só li alguns, mas nenhum foi concluído.

O Peter não me interessa por beber sangue!

- Que bom então, você iria se decepcionar porque não tenho muita coisa em comum com esses vampiros dos livros...

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