Kartini e Isabella são mulheres bem diferentes.
Se Kartini era negra, militante e feminista ativista, Isabella era uma princesinha, sonhando com seu conto de fadas e vivendo um amor com um verdadeiro príncipe encantado. Kartini gostava de Marx, rap...
O termo em inglês significa literalmente vergonha do corpo, mas seu sentido é um pouco mais amplo. É fazer com que as pessoas sintam-se envergonhadas do corpo que têm, sendo inclusive humilhadas por isso. A é uma forma de body-shaming.
Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.
— Se vc emagrecer uns 5 quilos o vestido ficará perfeito – minha mãe fala, me encarando no espelho.
Nossos olhos se encontram e eu engulo em seco. Eu nunca estaria adequada para ela, nunca no tamanho certo, com a roupa certa, no curso certo...
Eu nunca fui a filha que ela tanto sonhou, a bonequinha que ela teria orgulho de desfilar entre as amigas.
— Você está linda, Dafne – minha mãe elogia.
Assim como eu, Dafne também será madrinha no casamento de Thiago e Patrícia. Nenhuma de nós duas está gostando disso. Mas pelo menos ela parece uma modelo em seu vestido, enquanto eu pareço um grande cupcake.
— Já fiz as marcas para as modificações, podem tirar os vestidos, queridas – a costureira fala.
— Graças a Deus essa tortura acabou – Dafne murmura ao entrarmos no provador.
— Parece que estamos indo pro casamento da Barbie com o Ken.
— E não é isso mesmo? Duas pessoas de plástico e sem cérebro.
Nós rimos e tentamos tirar o vestido sem que os alfinetes não nos machuque. E apesar de querer me bater por isso, encaro nossos reflexos no espelho. Dois corpos totalmente diferentes, dois formatos, mas só um é amado e sonhado.
Respiro fundo e desvio o olhar, fazia tempos que eu não me sentia desse jeito, é como se o monstro que estava trancafiado estivesse se libertando e sedento por me dominar.
Não posso deixar isso acontecer.
— Tô indo pro Mundo da Lua, quer ir comigo? – Dafne pergunta, me trazendo de volta para a realidade.
— Não, obrigada, eu vou pra casa da Jullie, vamos fazer uma tarde das garotas com muito brigadeiro e comédias românticas.
Dafne faz uma careta, o que me faz rir, acho que assistir 10 Coisas Que Eu Odeio Em Você seria uma tortura para ela. Visto minha roupa e saímos do provador, encontrando nossas mães rodeando Patrícia em seu vestido de noiva.
Seu corpo está delineado pela roupa, suas melhores curvas destacadas, não consigo não imaginar como ficaria em mim e mordo o lábio por isso.
Preciso sair daqui o mais rápido possível.
— Estamos indo – murmuro para elas.
Dafne me acompanha e o vento me acalma, estava um clima delicioso em Ponte Belo, algo que não acontecia muitas vezes. O céu está nublado e um friozinho gostoso nos permite caminhar sem querer morrer.
