[16]: O DILEMA DAS CENAS PATÉTICAS DOS BANHEIROS

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ALTERIDADE:

É a capacidade de se colocar no lugar do outro na relação interpessoal (relação com grupos, família, trabalho, lazer é a relação que temos com os outros), com consideração, identificação e dialogar com o outro. Quando você se relaciona com outras pessoas ou grupos é preciso compreender a diferença e aprender com ela, respeitando o indivíduo como ser humano psicossocial. Isso é alteridade.

Eu não devia ter saído da minha cama

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Eu não devia ter saído da minha cama.

É a única coisa que penso enquanto estou ajoelhada no banheiro sujo da universidade colocando tudo para fora.

Consigo parar de vomitar por um momento e fecho o vaso, sentando em cima da tampa. Sei que nesse momento sou a personagem patética dos filmes, chorando no banheiro, mas eu não consigo conter isso.

Tudo está desmoronando dentro e fora de mim e não faço ideia de como mudar isso. Queria ser forte como Jullie e ter ido pedir explicações para Henrique, mas tenho medo, medo que suas palavras me quebrem mais.

Não sei quanto tempo passa, ouço a porta do banheiro abrindo e fechando, vozes de algumas garotas. Depois que tudo fica silêncio tenho coragem de sair do cubículo, o reflexo do espelho me encara e engulo em seco, fechando os olhos e seguindo para a torneira sem encarar o monstro que reflito.

Passo água no rosto e quando estou fazendo um gargarejo a porta se abre novamente e eu gemo ao ver quem é.

— Você tá bem? – Vênus pergunta, seus olhos me analisam de cima a baixo e eu quase posso ouvir as engrenagens do seu cérebro tentando adivinhar meus problemas.

Cuspo e procuro na minha bolsa um elástico para prender o cabelo. Seria fácil responder a ela que está tudo bem, mentir sobre isso sempre é a melhor opção...

— Se você puxar mais o cabelo acabará ficando careca – ela murmura. – Olha, eu normalmente não calo minha boca um minuto, mas sou boa ouvinte, até porque um dia vou fazer isso pra me sustentar, então se você quiser desabafar comigo, piorar não vai.

— Eu... – a mentira está na ponta da língua, mas me olho no espelho e tudo se desfaz. – Eu não estou bem.

— É tá meio perceptível isso, foi o que a Kart fez? Ela é meio louca às vezes, mas não faz por mal, pelo menos não sempre.

— Não é ela, pelo menos não totalmente – suspiro. – É o meu namorado.

— Sempre os machos fazendo merda.

Encaro-a, Vênus não é uma típica mulher bonita, ela não chama atenção por onde passa, pelo menos não pela sua estética, mas seu corpo ainda é nas proporções ditas perfeitas. Ela não tem problemas para achar roupas que caibam nela. Ela não teve sua festa de 15 anos arruinada por a acharem uma atração de circo.

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