Finn

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Nós fomos até a cozinha de mãos dadas, a mesa estava cheia e eu morrendo de fome. Sentamos lado a lado e ele me fez experimentar sua nova descoberta: um folhado com recheio chamado croissant. O aspecto era ótimo, tanto que comi um recheado de queijo e mais 2 de frango, junto com umas frutas e chocolate quente. Teria tomado outra caneca de chocolate, mas a curiosidade cortou parte da minha fome.

Acho que ele percebeu isso, Peeta sempre reparando em detalhes.
- Não quer comer mais um? - limpei minha boca com a mão e balancei a cabeça negativamente.
- Não consigo comer pensando no que você tem pra me mostrar. O que é?
- Tá tudo na padaria. Vou só terminar meu suco e podemos ir ok?
- Claro - tentei parecer controlada, mas minha mente estava a mil. O que poderia ser de tão secreto na padaria? E quanto suco cabe nesse copo, 2 litros? Não consegui mais aguentar e levantei da mesa impaciente.
- Por favor, Peeta vamos logo até a padaria, não aguento mais esperar!
Ele respirou fundo e me lançou um olhar triste, ou preocupado, não pude decifrar.
- Espero que seja esse o momento certo.

O que ele quis dizer com isso? Não importa. O que importa é que finalmente o Peeta me pegou pela mão e me levou rumo à padaria.

Entramos e tudo parecia normal, Delly veio vindo em nossa direção quando passamos pela porta, mas Peeta a dispensou com um simples gesto com a cabeça e os dois trocaram um olhar cúmplice. Isso não é surpresa, os dois s ão muito amigos e eu até senti ciúmes quando o Peeta a convidou para voltar ao distrito 12 e ajuda-lo a reconstruir a padaria, ela aceitou na hora e parecia mais empolgada que ele. No começo foi difícil, já que não sei como agir amigavelmente com as pessoas, mas ela é uma garota tão gentil e bondosa com todos que hoje eu a adoro. Ela é quase tão doce quanto a minha irmãzinha.

Quis parar e falar com a Delly, mas deixei que ele me conduzisse. Demos bom dia aos clientes e funcionários, e notei que alguns deles tinham o mesmo olhar que a Delly. Com certeza perceberam que era o momento de me mostrar o segredo. Contornamos o balcão e entramos para a cozinha industrial, passamos pelos fornos, o estoque e chegamos a uma passagem para outra cozinha, reservada a confeitaria. Paramos na entrada e Peeta finalmente me dirigiu a palavra:

- Eu estive trabalhando numa coisa delicada, tanto profissional quanto emocionalmente. Pode entrar Katniss.
Hesitei em entrar, não sei porque, as minhas pernas travaram. Algo me dizia que Peeta estava certo em me guardar segredo, mas juntei a coragem de passar pela porta. Lá dentro estavam os 2 homens que Peeta mais cofiava na padaria, filhos de um senhor que trabalhou para o pai dele. Foi morto no ataque ao 12, obviamente.
Eles trabalham junto com Delly atendendo os fregueses, mas naquela hora estavam embalando doces cuidadosamente numa caixa que parecia feita pra isso. Num enorme balcão ao lado deles haviam várias já fechadas e no chão tinham pilhas de caixas vazias esperando serem preenchidas. Não entendi nada até que eu me lembrei de uma coisa...

- Peeta, esses são doces geralmente feitos para aniversários ou casamentos. Não são?
- Sim, eu pesquisei e descobri uns tradicionais do D4. Principalmente em festas infantis. E dei o meu toque pessoal a eles, ficaram únicos.

Nem precisei ouvir mais nada, me dirigi ao lado oposto ao balcão e encontrei uma geladeira de vidro, como uma estufa no formato de um cilindro. Dentro dela estavam muitos doces, lindos e extremamente semelhantes ao bolo que Peeta fez para o casamento de Annie Cresta e Finnick Odair. Notei que havia pelo menos uma dúzia de geladeiras como aquela.

Sim, eu estava entrando em pânico. Senti toda força se esvair do meu corpo ao lembrar a morte de Finnick e de como eu não fiz nada para ajudar. Pensei que fosse desmaiar e senti os braços do Peeta me segurarem.

- Calma Katniss, eu tô aqui! Não devia ter te trazido ainda, que estupidez minha...
Fechei os olhos e tentei me acalmar encostando minha cabeça em seu peito, respirando bem forte pra aspirar o cheiro dele e fui soltando o ar pouco a pouco enquanto o sentia acariciar minhas costas. Ele ficou preocupado. Ficamos algum tempo assim e o escutei sussurrar:
- Quer ir embora? Quando você melhorar eu te explico tudo.
Passei minha mão pelo rosto secando um suor gelado da minha testa, consegui levantar a cabeça pra olhar pra ele.
- Não Peeta. Eu quero ficar, de verdade, preciso que você me explique tudo agora.
- Tem certeza? - ele continuava arrependido de me trazer, mas já não tinha volta
- Absoluta. Diz, pra quê isso tudo?
- Pra quê não. O certo é pra quem... Aqui o motivo disso tudo.
Ele me soltou e se afastou voltando com uma foto nas mãos. E me entregou. Lá estavam Annie e seu filho, que ela chama carinhosamente de Finn.

Everllark Real - 1a TemporadaWhere stories live. Discover now