Enfrentamento

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- POV Katniss

Impressionante como as coisas mudam de uma hora pra outra, há um segundo eu estava praticamente correndo até o Peeta, ansiando por vê-lo e imaginando como seria bom ficar perto dele depois desses dias.  Mas agora só quero ficar a pelo menos 2 kilometros dele. Meu primeiro desejo ao ver aquela cena horrível, Peeta no chão agarrado com uma loira que pra piorar é bem bonita, foi agarrá-lo e enfiar uns bons tapas e socos na cara dele. Quem é aquela garota?

Voltou a garoar antes que eu me aproximasse da casa dele e agora que estou a poucos passos de casa sinto que pode começar a chover, respiro fundo e paro de correr para andar normalmente. Quando estou girando a maçaneta sinto um puxão no meu antebraço.

— Katniss espera, por favor, me deixa falar com você!

— Me solta, sai daqui agora Peeta! Eu não quero ouvir nada.

Virei e dei um tapa no rosto dele e um no peito para empurrá-lo. Ele se afastou e segurou meus dois braços me puxando pra mais perto dele, Peeta estava irredutível. Mas eu, eu nunca me dou por vencida.

— Você tem que me ouvir. Não é o que você acha que viu, eu juro.
— Cala essa boca, que desculpa mais original– sim, eu carreguei na ironia – Vai embora!
— Eu não vou embora e você vai me ouvir. A Ellen é só uma amiga, é vizinha do Luke e...

Dei outro empurrão nele, dessa vez com as duas mãos bem abertas em seu peito. Eu não conseguia enxergar muito bem com os olhos embaçados pelas lágrimas. Enquanto ele se equilibra para não cair eu entro em casa e bato a porta com toda força possível passando a chave.

Ele continua lá fora, batendo na porta e gritando alguma coisa que não entendo, há uma dor nos meus ouvidos. Um grito de todas as vezes que eu pensei que havia perdido o Peeta, mas agora que sei que é real, dói muito mais. Greasy Sae estava na cozinha preparando chá e me olhou surpresa, tanto pela minha volta tão cedo quanto pelo meu rosto vermelho banhado em lágrimas. Tropecei no primeiro degrau quando subo pro meu quarto e ao me levantar eu volto a chorar como um bebê. Antes que ela venha me consolar, eu subo correndo e me jogo na cama.  Fico lá, chorando e apertando o travesseiro contra o meu corpo tão forte que meus dedos doem. Pego no sono e em meus sonhos revivo aquela cena varias e varias vezes. Acordo me debatendo e gritando, olho pro criado mudo ao lado da minha cama e vejo uma caneca térmica contendo o que imagino ser o chá que Greasy Sae preparava quando cheguei, quando estico o braço e pego a caneca percebo que estou tremendo e o chá quase cai. No mesmo instante ela entra em meu quarto com um olhar preocupado e penoso, será que ela sabe o que aconteceu e está com pena de mim? Não entendo o porquê, eu devo merecer que Peeta tenha se cansado de mim e alem de tudo ele merece ser feliz. Mesmo assim essa sensação... Tão estranha e amarga. Ah, não, não pode ser... Mas é a única explicação. Sim, estou me contorcendo de ciúmes por trás de toda tristeza.

Como uma santa, Greasy Sae me desperta desses pensamentos.

— Menina, eu posso perguntar o que aconteceu? Você estava tão feliz quando saiu pra casa dele.
— Sim, eu acho que estava mesmo. – abaixo a cabeça e tomo um gole de chá
— Quis te perguntar assim que chegou, mas depois achei melhor te deixar em paz. E então, vai me contar? 

   Greasy Sae se senta ao meu lado na cama e me encara de modo maternal. Entrego a ela minha caneca de chá e despejo tudo nela, não escondo nenhum detalhe da cena e nem do jeito como me senti, conto até da tentativa frustrada de Peeta em vir atrás de mim. Ela se mantém em silencio e respira pesadamente, com um pouco de medo até. E isso me assusta.

Então ela faz outra pergunta:

— Essa garota loira, tem o cabelo encaracolado?

— Sim, por quê? Você sabe quem ela é?  - ela engole em seco e pigarreia, ainda sem dizer nada e então eu me altero – Se você sabe alguma coisa que eu não sei, faça o favor de me dizer logo! Não me deixe continuar fazendo papel de boba.

Everllark Real - 1a TemporadaWhere stories live. Discover now