reunião

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Já são 8h45 e ainda estou esperando na recepção do salão principal da prefeitura, nosso novo prefeito, Mark Thompson veio me cumprimentar e demonstrou o quanto é cético na minha conversa com Paylor. Pela cara dele deve achar que iremos discutir a importância da tintura capilar de cachorros. Thompson foi contra a eleição de Paylor a presidência, defendeu seu tio que era concorrente e pregava a ideia de que o país deve ser liderado por um homem. Ele tem idade pra ser meu pai; cabelo curto e grisalho, linhas de expressão na face e um sorriso carismático. Usa um terno muito sofisticado para um dia normal de trabalho, não que seja da minha conta.

Thompson cruza os corredores novamente, rodeado de homens engravatados que tagarelam disputando a atenção dele. Noto que alguns parecem ser de diversos lugares de Panem, pelas roupas alguns até podem ser da Capital. Ouço um burburinho na entrada, certo tumulto. Pessoas passam correndo de um lado pro outro carregando caixas, empurrando carrinhos de comida, levando cadeiras, e também pilhas de papel. Finalmente alguém fala comigo, é Walter, o rapaz que me conduziu no acesso aos arquivos.

— Bom dia senhorita Everdeen.
— Bom dia Walter, não precisa me chamar assim. Katniss está bom.
Ele tem um olhar tranquilo e uma expressão satisfeita, desconfio que ele estivesse receoso em me abordar. Aperta minha mão e se senta na cadeira ao lado.
— Vim informar que sua videoconferência com a presidente não irá acontecer, sinto muito.
— O que? Não acredito que a Paylor fez isso comigo – aperto o apoio de braço da cadeira pra descontar a raiva – sabe se ela deu alguma explicação?
— Um discurso numa cerimônia de última hora, nada de importante, apenas formalidades. Começará em logo, te aconselho a se apressar.
— Me apressar pra que? Nossa conversa foi cancelada.
— Eu disse que a videoconferência foi cancelada, após o discurso vocês conversam pessoalmente segundo instruções que a presidente nos passou. Vamos indo?

***

Demorei a entender, Paylor estava a caminho de fazer um discurso em praça pública no Doze. A confusão e correria era por conta dos preparativos para a cerimônia, que tinha tudo pra ser bem chata. Equipes de segurança e tv se misturaram e trombavam nos corredores da prefeitura enquanto enlouqueciam os organizadores da estrutura do evento. Pelo lado bom, verei Paylor pessoalmente e pelo lado ruim, terei que sorrir pras câmeras nessa cerimônia. Walter me conduziu a uma sala que dava acesso a frete do prédio, uma porta foi aberta e pessoas começam a sair. Espio com o canto do olho e vejo que a praça está abarrotada de gente esperando o discurso, a população sempre comparece. Aquilo me dá calafrios. Quando estou prestes a entrar, sou instruída sobre qual lugar ocupar e como agir, me lembro das Colheitas que participei; o cenário é igualzinho e eu travo a um passo de sair pela porta. Engulo a vontade de sair correndo e caminho a passos firmes até o meu lugar.

Assessores, funcionários de altos cargos na prefeitura e responsáveis pela segurança ocupam o local, junto com pessoas públicas que apoiaram a revolução; como eu e comandantes de guerra do Oito. Tudo pronto pra começar. Só que não. Ainda falta alguém, visto que há uma cadeira vazia. Claro, falta o Peeta. Tento ignorar, mas acabo sorrindo ao vê-lo entrar correndo e se sentar, a cadeira derrapa dando a impressão de que ele vai cair. Quando nossos olhos se cruzam ele arqueia as sobrancelhas como se perguntasse “qual o sentido disso aqui?” dou de ombros e faço não com a cabeça pra ele entender que também estou boiando. O prefeito chega e fala, Paylor aparece e a cerimônia começa, mas não presto atenção em nada e muito menos no discurso. Quando acabam os vídeos no telão e os discursos há ovações e o hino de Panem, mas quando Paylor fixa os olhos em mim vejo que há algo por trás de todo aquele espetáculo. Mas o que será? Ela me dá um leve comprimento de cabeça e se retira.

Os responsáveis me instruem a falar algo à população, mas só o que faço é um breve aceno. Também sou ovacionada e vou embora sorrindo fingidamente. Penso que Peeta fará alguma aparição também, mas não é o que acontece. Ele me espera em pé e quando me aproximo vem atrás de mim, ele meio que me conduz até a saída mesmo sem necessidade, coloca a mão no fim nas minhas costas, mais precisamente na parte de trás da minha cintura. As pessoas ao redor arregalam os olhos quando nos vêm sair lado a lado com esse contato, elas tentam disfarçar e somos guiados por um pequeno corredor que leva a uma sala onde está tendo um bufê.

Everllark Real - 1a TemporadaWhere stories live. Discover now