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Era isto.

Enquanto o professor Arnaldo - mais conhecido como Lesminha por falar, piscar, respirar e escrever muito de vagar (nível cena das preguiças em Zootopia) graças aos seus setenta anos nas costas; explicava conceitos de Robótica, Nathan teve uma epifania.

Ele olhou para o seu celular por um milésimo de segundo, apenas para ver a hora (e eu não estou sendo irônica, ele é empenhado), quando a epifania aconteceu.

A notificação do pedido de amizade de Miguel reapareceu, e seu dedo estava sobre a tela quando simplesmente escorregou e Nathan acabou o rejeitando.

Simples assim, com zero respeito por todo o dilema que Nathan estava passando.

Automaticamente Nathan entrou em pânico. Foi uma epifania de: CARALHO MERMÃO, O QUE EU 'TÔ FAZENDO DA VIDA, EU SOU UM MERDA, MERMÃO!

Mais conhecida também como crise existencial ou crise de ansiedade. Escolha o que o seu Pokémon, leitor.

Nathan até tinha crise. Mas não era frequente, e não era algo tão forte como agora. Talvez, finalmente, o peso de tudo que realmente havia acontecido no feriado caiu sobre ele só nesse momento graças ao gatilho de ter feito merda.

Então, sobre o alto efeito da ansiedade que causava uma epifania louca, Nathan seguiu os instintos e levantou da carteira, enfiou o celular no bolso e saiu da sala.

Não conseguiu racionalizar o suficiente para se importar – como normalmente se importava, diga-se de passagem - com a sala ou com o professor, ou com a aula. Ele só saiu, precisando urgentemente de ar.

Então, quando saiu, seu corpo decidiu, já que sua mente saiu do controle por um intervalo de almoço após ter super aquecido:

Por que não resolver o problema pela a raiz e ir até a parte de Artes e Humanas?

O campus da sua faculdade pública era separado assim: Existia a Engenholândia, nome politicamente correto era a parte das Exatas e Engenharias. Essa parte ficava no início da faculdade, então para entrar no campus, normalmente se entrava pela a Engenholândia. Para sair do campus, normalmente era necessário passar pela a parte de Artes e Humanas, que ficava depois da parte de Biológicas e Saúde.

São espaços muito diferentes, edifícios mais diferentes ainda, o que dificulta a interação entre os cursos de diversas áreas.

Da Engenholândia até Artes e Humanas seria uma caminhada. Não diria longa, mas significativa. Principalmente para as suas pernas, que iriam sentir todo o percurso mais indicado à veículos.

Naqueles mais longos três anos de graduação (acreditem, parece que são 84 anos), Nathan não consegue se recordar se já pisou na parte de Artes e Humanas. Sabia fazer o caminho, de carro, para sair da faculdade e só. Conseguia andar pela a Engenholândia e o Matagal - a parte de Biológicas e Saúde - de olhos fechados, mas já a parte de Artes e Humanas...

Nem sabia o apelido do lugar.

Mesmo assim, seu corpo estava decidido (afinal de contas, seu processo de pensamento racional foi suspenso do trabalho por superaquecimento, então... O negócio era todo com o seu corpo, como quando ele era criança): Era para lá que tinha que ir. Nem sabia se os cursos de Artes possuíam os mesmos horários que os de Exatas. Não deveriam ter currículo integral, certo?

Aquela era uma péssima ideia.

Nada disso o impediu de começar a andar. E ele andou. E peregrinou, peregrinou, por anos peregrinou até que... Brincadeira. Foco (não a foca).

Peixes Fora do Aquário (✔)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora