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Segunda feira.

Sem contagem aqui, são os jogos.

As torcidas com suas respectivas bandas e grupo de líderes de torcida (sim, você leu certo) se reuniam nas arquibancadas dos dois lados do ginásio público da cidade.

Ao mesmo tempo em que as competições de diversos esportes aconteciam, as festas diurnas rolavam no mesmo terreno, mas em uma grande área aberta diferente. O batuque das bandas e os gritos das líderes de torcida se misturavam com a música alta da festa e os sons das pessoas que torciam e aproveitavam a festa, tornando-se, no mínimo, uma experiência caótica.

Mas um caótico divertidíssimo e empolgante.

Nathan adorava a adrenalina de um jogo importante. Ele adorava os jogos. Aconteciam exatamente na época do ano que mais precisava liberar energia acumulada e não pensar em mais nada além do que acontecia no presente, confiando bem mais nos instintos e nos reflexos do que em qualquer outra coisa.

Seu corpo falava por ele, e dentro da quadra ele nunca estava errado.

O time de basquete seria o primeiro do dia. Era tradição dos jogos universitários que abrissem com o time de basquete e o de futebol de salão, pois eram os mais valorizados dentro de campus diferentes. Teria apenas um jogo, depois seriam outros esportes que Nathan geralmente ficava para ver.

Foi apenas quando a abertura terminou e os dois times de basquete se posicionaram na quadra que Nathan acabou achando Miguel na arquibancada. Desde que saiu da escola, ninguém mais o assistia e torcia por ele.

Seus pais não faltavam em praticamente nenhum jogo quando era mais novo, porém, agora evitavam os jogos universitários. Não era espaço para eles. Havia muitos jovens bêbados e drogados para se sentirem confortáveis ali no meio.

De certa forma, era bom já que Nathan não se sentia pressionado. Porém, também precisava admitir que era ruim - sempre foi - ver todo mundo comemorando com as pessoas importantes nas arquibancadas, namorados e amigos, depois das partidas.

Como evitava se aproximar do próprio time (que era feito, em maioria, de babacas), Nathan sempre saía sozinho dos jogos como se nada que tivesse acontecido na quadra importasse.

E por isso foi surpreendente ver Miguel acenando para ele com um sorriso, mesmo que tivesse sido quem o arrastou para os jogos universitários desde o começo. Supostamente, deveria ser difícil encarar Miguel, já que Nathan passou da madrugada de sábado até agora dentro da cabeça correndo em círculos e pegando fogo, lembrando-se em looping do que havia feito pensando em Miguel.

E tentando chegar, mesmo que em vão, em algum tipo de conclusão. Pois tinha medo de perder Miguel por não ter conseguido definir nada ao final dos encontros de soluções que planejaram, mesmo já tendo o beijado.

Mas não foi difícil se perder olhando para ele e sentir apenas algo indiscutivelmente bom e quente no peito. Como imaginava reservadamente, se não se distraísse de novo olhando para a cara de Miguel durante o jogo, o garoto serviria como um amuleto da sorte.

O jogo começou e Nathan prestou atenção dessa vez, pois o armador do time não podia dar bobeira quando precisava, basicamente, puxar a estratégia do time.

Eles sempre eram muito agressivos e forçavam pressão no primeiro tempo para a defesa adversária em cima do garrafão, o que Nathan amava com todas as forças. Não precisava se segurar, não precisava se preocupar com força e velocidade desmedida, era libertador.

Porém, dependendo com quem se jogava, a partida poderia se tornar frustrante fácil. E era sempre assim com aquele maldito time que enfrentavam agora, que optavam por agarrar e derrubar na hora de defender e roubar a bola.

Peixes Fora do Aquário (✔)Where stories live. Discover now