Capítulo 12 - ADMDA

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Luís Fernando dos Santos Bianchi.

Imbecil? Sim, era como eu estava me sentindo depois de ter sido friamente grosso e insensível com Leone, e claro, que eu iria tentar me redimir com ele. Agora estávamos no banco de trás do carro, ele estava com a cabeça apoiada em meu ombro e muito quieto. Envolvo minha mão em sua cintura o acomodando e deixando-o mais próximo a mim.

- Ouça, se não quiser entrar na Velmond eu vou entender, você poderá ficar com o Rodrigo até eu voltar. – Coloquei meus longos dedos em seu queixo, suspendendo-o até os meu olhos. Os olhinhos brilhantes dele que aparentemente estavam cansados, me encantava.

- Eu prefiro ficar aqui, não quero voltar lá. – Ele diz em um tom de voz sublime e eu concordo com a cabeça sorrindo para ele.

Chegando no Shopping, Rodrigo estacionou o veículo. Já estava firme e decidido no que eu iria fazer. Não queria mais nada de ruim acontecesse com Leone, já bastava a minha mudança repentina de humor e a minha frieza com ele. Leone dormia profundamente com a cabeça apoiada na janela do carro. Parecia um anjo dormindo.

- Rodrigo, tome conta dele, sim? Eu não vou demorar, vou resolver isso agora.

- Pode deixar, Fernando. – Ele diz, firmando no retrovisor. Saio do carro, e invado a primeira entrada do estacionamento que interliga ao shopping. Apressadamente, acelero meus passos, subia degrau por degrau na escada rolante, não estava com paciência para esperar um século para aquilo me levar para outro piso. Avisto a loja e rapidamente me desvio da aglomeração de pessoas que me olhavam com um certo ultraje, assim adentro no local procurando a Alice. A mesma notou à minha presença no local, com um sorriso sínico no rosto, ela me recepciona.

- Olá senhor Bianchi, que prazer tê-lo aqui, em posso ajudar? – Ela estende uma de suas palmas na intenção de me cumprimentar, eu apenas me concentro nos seus olhos, ignorando a sutileza. Ela sem jeito, abaixa sua mão. – Veio procurar um terno? Temos as melhores opções para o senhor.

- Eu resolvi vir por outro motivo, que por sinal, não vai te agradar muito. – Ela me analisa meio suspeita, dando à entender do que se trata, mas finge inocentemente. – Você sabe do que eu estou falando, não sabe?

- Não senhor, não sei aonde quer chegar. – Na defensiva, ela afirma não saber de nada. De cima a baixo enojado gravo meu olhar na mulher.

- Me mostra as câmeras, agora! Ou eu vou me alterar mais ainda, e gritar que você foi estupidamente preconceituosa, sua vadia. Preste atenção no que estou te falando, me mostre as câmeras, agora. Ou eu vou denunciá-la! – Ela olha em volta e é perceptível os sussurros e os olhares dos demais que estavam na loja. – Então?

- Por favor, me siga. – Em meios passos, eu a acompanho até a sala de segurança que estava vazia, ela estava no computador olhando a ficha do horário e da data do ocorrido. – Nem pense em deletar, se é o que você está pensando. Deixe que eu mesmo analiso. – Puxo-a pelo braço, fazendo ela se erguer da cadeira. Busco pela fita, dando um "click" no vídeo. Assisto friamente aquela decepção só pensando na dor do Leone. Suspiro fundo com os dedos entrelaçados mirando na mulher que visivelmente estava tensa.

- Por que fez isso? – Ainda tensa, ela permanecia me olhar com súplicas e com medo. Eu não obtive respostas do questionamento. – Acha que negros são inferiores simplesmente pelo seu tom de pele? E enquanto ao Obama, Beyoncé, Malcolm X, Rihanna, Martin Luther King, Koffi Annan, Nelson Mandela, Naomi Campbell... Nenhum desses fazem e fizeram a diferença? – Ela permanecia calada. – Eu fiz uma pergunta.

- Ah, claro que fizeram a diferença. Mas eles são conhecidos e alguns citados são ricos. – Sem nenhum tipo de constrangimento em seus dizeres, sinto meu coração arder pelo racismo que ela transmitia.

- Você é branca assim como eu, mas digamos que as mulheres que eu citei, elas estão bem à frente de nós dois, não acha? Eu sou um homem bem sucedido, mas elas possuem um impacto bem maior... e são negras. E você, uma vendedora de uma das lojas mais renomadas, querendo impor algo que você não tem, caráter e valor.

- Agora o senhor está me ofendendo! – Ela se altera, o que me faz soltar uma risada roca e provocativa. – Ofender? – Digo com ironia. – E enquanto ao Leone, que você humilhou, agiu com degradação e ainda quer falar de ofensa? Você é baixa, barata e vazia, você é patética! – Saio apressadamente da sala da segurança, e ela, aparentementenervosa, me acompanha.

- O senhor vai me denunciar? – Sua expressão era de desespero, quase em um tom de voz choroso. – Deveria ter pensado nisso antes de ter feito o que fez! – Digo já na ala da Velmond, que por sinal, estava bem movimentada.

- Por favor, senhor Luís. Estou arrependida! – Quando eu ia dizer algo, sou surpreendido por uma voz doce e conhecida. – Senhor, esquece tudo isso, eu não quero denunciá-la. Não vale a pena. – Volto minha atenção para Leone que estava acompanhado de Rodrigo que fazia gestos de que não poderia conter o Leone dentro do carro.

- Tem certeza disso, Leo? O que ela fez foi grave, e fez com você. – Ele se aproxima. – Ponho minhas palmas em seu rosto, fazendo meus polegares deslizarem para o lado e para o outro, acariciando-o. – Tem certeza?

- Tenho sim. Ela vai aprender da pior maneira, o pior castigo, é o castigo da vida. E também, não quero me envolver com a polícia. Mas eu não boto nunca mais meus pés aqui, mesmo com uma ordem sua, me desculpe. – Ele diz em um tom calmo, mas decidido, claro que eu iria respeitar à sua vontade.

- Tudo bem, querido. Posso providenciar ternos em outros lugares, não se preocupe. Vou respeitar a sua decisão. – Ele assente, sorrindo. – Então não temos mais o que fazer aqui. – Contorno novamente para a mulher. Ergo meu dedo para o seu rosto, como se eu estivesse apontando. – Está avisada, mais uma dessas e eu mesmo te processo. – Vamos, Leo.

- Tudo bem, vamos. – Saímos da loja e fomos para o estacionamento, Leone mantinha a cabeça voltada para o solo. – Tudo bem, Leo? – No fundo eu sabia que não estava nada bem, mas eu queria dar atenção para o meu menino.

- Tudo sim... obrigado por ter me defendido, eu nunca vou esquecer desse gesto. – Ele me dá se aproxima timidamente dando um beijo em meu rosto, e ele cora na mesma hora. Acaricio o lugar que ele beijou, dou um sorriso e beijo sua testa. Sou despertado por um pigarro proposital do Rodrigo e elevação de sobrancelhas. Entramos no carro e partimos.

No meio do percurso, noto Leone sonolento de novo, dormia tranquilo e aos poucos encostado em meu ombro sem notar.

- Rodrigo, me leve para o meu apartamento. – Ele assente e volto à apreciar a mais bela visão confortado em meu lado. Depois de um tempo, estávamos em minha cobertura, Leone em meus braços carregado em "estilo noiva", levo-o para o meu quarto, deixando-o na minha cama descansado e imaginando o quão longo dia ele teve, mesmo que estivéssemos por volta das duas da tarde, ele precisava descansar, absorveu muita negatividade.

Parecia uma criança vulnerável que precisava de proteção, mas ele terá...  

A DIFERENTE MANEIRA DE AMAR - (Romance gay)Where stories live. Discover now