Capítulo 4

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A expressão de Edwin quando entrou no quarto, já tarde da noite, era de exaustão e desassossego. Quando me viu, estendeu uma das mãos com a palma em minha direção e afrouxou a gravata.

— Me dê alguns minutos, por favor — pediu e da mesma forma como entrou, saiu em direção à varanda pela porta de acesso à área externa.

Tentando ser compreensiva, embora minhas emoções tivessem se abalado um pouco, não me levantei do sofá em que eu estava. Esperei. Porém, quando os minutos se passaram e nada do retorno dele, me levantei, ajustei a corda do roupão na minha cintura e fui até uma área no quarto de onde eu tinha visão do exterior.

Edwin estava com as mãos apoiadas no parapeito, o corpo inclinado para frente e de cabeça baixa. Imaginei que estivesse orando, porque se mostrava inquieto. Ciente das complicações dos últimos dias, não intervi, embora no fundo meu desejo fosse ir até lá e conversar, procurar saber o que estava acontecendo e perguntar se eu podia ajudar. Contudo, decidi continuar aguardando.

Demorou um pouco para ele voltar para o quarto. A expressão ainda era de cansaço, mas estava mais branda.

— Está tudo bem? — perguntei abraçando meu corpo.

— Na medida do possível — respondeu sem dar mais detalhes.

Ele tirou a gravata e jogou numa das poltronas, depois, se livrou do paletó e dos sapatos. Só então abriu os braços para me receber, suavizando a expressão e voz.

— E você? Como está?

Recebi um beijo e aproveitei o aconchego para me encostar no peito dele.

— Preocupada com você.

Edwin beijou minha cabeça e afagou meus cabelos, permanecendo em silêncio. Podia ouvir as batidas do seu coração, enquanto minha mente criava teorias e mais teorias, procurando saciar a curiosidade diante da postura séria que ele mantinha.

— Vou tomar um banho. — Se afastou um pouco, deu um sorriso e apertou meu nariz. — E podemos comer depois. Estou faminto. Não comi nada esperando pela companhia da minha mulher para a última refeição.

Entendendo a referência a uma das minhas últimas petições sobre estarmos juntos e notando um pouco de provocação na frase final, eu me soltei e cruzei os braços.

— Ninguém mandou chegar tão tarde. Aliás, eu até fui obrigada a comer um sanduíche enquanto esperava por você.

— Comeu sem mim? Que absurdo! — Ele estalou a língua. — Pensei que me amasse, Anne Hawis!

— Não comece! Vá logo tomar seu banho.

Após Edwin se retirar, voltei para o sofá. Tinha acabado de aprovar o vestido que Rachel havia sugerido para o dia seguinte através de uma mensagem pelo celular. A vida estava começando a voltar ao normal com a boa resposta do Rei e do Príncipe em suas recuperações. Não havia mais aquela nuvem da morte assolando, os dois estavam fora de risco de vida. Meu sogro, inclusive, tinha sido transferido para o quarto dele após fazer cirurgias no quadril e joelho. A notícia era de um longo processo de reabilitação, mas com expectativas de restauração total. Estava sendo submetido aos melhores tratamentos e tinha todos os recursos necessários para tal, afinal, era o Soberano de nossa nação.

Sem capacidade de voltar a pensar em moda, apenas aguardei até meu marido aparecer vestindo uma blusa casual e uma bermuda. Ele massageava o pescoço com os olhos parcialmente fechados.

— Quer uma massagem? — perguntei já me levantando. — Sou muito boa nisso. — Alisei as mãos uma na outra. — Quando eu era jovem meu pai me pagava para fazer nele. Perdi as contas de quanto ganhei com esse trabalho.

Amor Real 3 - ConfiarNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ