Capítulo 15

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O conselho de Phoebe foi seguido à risca e eu permaneci no quarto orando e meditando nas palavras sábias dela. Aos poucos senti o Senhor mudando as coisas lá dentro. Os tristes sentimentos não se dissiparam como mágica, mas a graça de Deus se sobressaiu acima deles. Perdão adentrou, trazendo consigo um pouco de paz em meio a minha dor. 

Uma hora após a partida de Edwin, uma pequena mala com alguns dos meus objetos pessoais foi entregue na casa, sem qualquer explicação. Havia duas mudas de roupas, produtos de higiene e minha Bíblia.

Quando John e Sara retornaram, eu já tinha tomado banho e, na ausência de novas lágrimas, o rosto transmitia um aspecto melhor. A menina estava emocionada e não conseguiu esconder a empolgação por ter a Princesa em sua casa. O comportamento dela me fez bem, distraindo minha mente da dura realidade.

Phoebe fez o trabalho de tornar o ambiente menos constrangedor para mim. Eu tive dificuldade de encarar John num primeiro momento, envergonhada devido ao meu estado quando ele me encontrou. Mas a esposa, com todo seu jeito gentil, conduziu a família para uma conversa agradável sobre assuntos bem distantes da minha luta interna.

Ao final do jantar, eu já sorria mais leve. Aproveitei a curiosidade de Sara para dedicar um tempo a ela. Nós terminamos a noite desenhando e discutindo quais das histórias de princesas eram as nossas preferidas.

— Quando eu crescer, também quero me casar com um príncipe — Sara contou seus planos enquanto coloria o paletó do Príncipe Encantado. — Mas mamãe disse que isso não vai dar. O Príncipe Esra é velho e não tem nenhum outro da minha idade.

— É verdade. E ele é o único solteiro no momento.

Sara fez uma pausa e ergueu a cabeça com o semblante infantil transparecendo a inocência contida em seus pensamentos.

— O Príncipe Edwin também é velho, né?

— É, ele é um pouco velho se comparado à sua idade. — Sorri, embora falar dele tenha provocado um rápido aperto no peito.

— Mas ele é bonito. — Despretensiosa, voltou a colorir.

— Eu também acho.

Um silêncio se instaurou entre nós. Ela concentrada em seu trabalho e eu em meus pensamentos. A imagem de Edwin, o sorriso, o olhar, até o jeito como ele dormia com uma das mãos acima da cabeça, invadiram minha mente. O desejo de estar nos braços dele era um indício de que eu já tinha resolvido boa parte dos meus problemas internos.

— Mas eu ainda quero me casar com um Príncipe, como você — Sara voltou a falar. — E usar um vestido de princesa rosa cheio de flores. Também quero uma tiara rosa brilhante. E um sapato de cristal.

— Bem, sua mãe está certa ao afirmar que seria complicado você se casar com um Príncipe de Cibele, mas deixe eu te contar uma coisa. — Toquei no braço dela e ela me deu atenção. — Nem todos os Príncipes usam coroas. Há homens muito especiais que amam ao Senhor e deve haver algum deles disposto a te tratar como uma princesa, com seu vestido rosa e sapato de cristal. Um verdadeiro Príncipe filho do Rei, nosso criador. Você ainda é nova para pensar em casamento, mas na hora certa, lembre-se de que o mais importante é saber que ele ama ao Senhor. Só assim saberá como amá-la do jeito certo.

Sara balançou a cabeça em concordância e voltou ao seu desenho. Se ela tinha entendido a profundidade das minhas palavras, eu não soube decifrar, mas o discurso me atingiu em cheio. Eu tinha aquele Príncipe na minha vida e não poderia deixar a mágoa estragar o amor tão belo que estávamos construindo.

Mais uma vez fiz uma oração silenciosa a Deus, pedindo não só por mim, mas também por Edwin.

...

Amor Real 3 - ConfiarUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum