Capítulo 7

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— Como estou?

Edwin ergueu o olhar e me avaliou, dos pés até a cabeça, com um sorriso contemplativo. Eu trajava um vestido azul um pouco mais formal do que costumava usar, acompanhado de um blazer da mesma cor, e meu cabelo se encontrava parcialmente preso, destacando um par de brincos delicados cuja a procedência eu não fui informada.

— Linda, como sempre.

— Obrigada, você é um cavalheiro, Príncipe Edwin. — Estendi a mão solicitando um beijo. Ele prontamente me atendeu, levando os lábios até os meus dedos. — Rachel deve receber o mérito por cada transformação em minha aparência. — Dobrei os joelhos e curvei o meu corpo para frente numa reverência. — Estou pronta para meu primeiro compromisso oficial. Sua mãe foi muito gentil em pensar em mim.

Mal havíamos chegado em Kent e recebi o telefonema de minha sogra solicitando que eu a substituísse em um evento de celebração em homenagem a diversos autores nacionais. Uma das atrações seria a entrega do prêmio de um concurso literário patrocinado pelo governo. Como não desejava se afastar do Rei e sabendo do meu interesse por literatura, julgou ser uma excelente oportunidade de eu iniciar minha vida pública em um ambiente onde eu me sentiria mais à vontade. Eu aceitei sem precisar pensar muito, levada, principalmente, por meu desejo de fazer algo depois de tantos dias ociosa vagando pelo Palácio me sentindo uma inútil.

— Você se sairá muito bem, tenho certeza. Aliás, nós vamos.

Dei um passo à frente e ajustei a gravata dele. Mantive minha mão apoiada na aba do paletó sem conseguir erguer a cabeça.

— Promete me impedir de fazer qualquer besteira? Vou me esforçar para ser espontânea, mas contida, como Milena me instruiu. Porém, se precisar, me salve de mim mesma, por favor. Não quero trazer mais problemas além dos que já estamos enfrentando.

— Não fique insegura. Prometo beijá-la com ardor em público se for necessário despistar qualquer deslize seu. — Edwin sorriu quando eu o encarei com a testa franzida. — Pense bem, seria uma ótima escapatória. Os jornais só falarão disso por uma semana.

— Eu sei que você está brincando. — Descansei minha testa no ombro dele e fui abraçada. — Mas, gostei do plano.

— Então vamos nos apressar ou chegaremos atrasados.

Para aquela saída, fomos acompanhados de muitos funcionários. Além dos inúmeros seguranças, havia os assessores, entre eles, Milena. Desde a confissão sobre os sentimentos que a atormentavam, era inevitável para mim observar a interação dela com Zac. Sempre quando eram obrigados a estar juntos, eu procurava qualquer sinal de uma possível história de amor prestes a surgir, mas acabava encontrando uma mulher ainda mais contida devido ao constrangimento por ter seu segredo revelado. Ao invés da antiga implicância, ela se mantinha retraída perto dele. E eu sequer podia dar uma dica ao meu amigo, alheio ao quanto ele mexia com as emoções da moça.

O evento estava acontecendo em uma das universidades mais antigas de Cibele, a Universidade Real Jehan Cauvin. O campus não ficava muito distante de nossa antiga casa, por isso, o caminho era familiar para mim. Recordar-me de ter andando por aquelas ruas trouxe à tona o passado. Apertei as mãos, enquanto apreciava os pequenos detalhes antigos, como a placa torta da Sorveteria Gelato Real, o arranjo de flores artificias na janela de uma casa envelhecida, mas também as novidades do bairro.

Não havia aquele mercado ali. Essa casa é nova. Onde foi parar a padaria?

E, de repente, me dei conta de que estávamos fazendo a curva na Rua do Carvalho. Virei-me de súbito para Edwin e ele sorriu. Inclinando-se em direção ao motorista, tocou no ombro dele dando uma ordem para parar no local combinado. Quando o carro estacionou do outro lado da rua da minha casa, fui atingida por um misto de sensações, mas, estranhamente, elas eram todas boas.

Amor Real 3 - ConfiarWhere stories live. Discover now