Capítulo 21

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O baile de entrada na Sociedade Auxiliadora Feminina era um marco para várias mulheres de Cibele. Liderada pela Rainha, e tendo todas as Princesas da nação como patronesse, fazer parte da organização tornou-se o sonho de muitas da alta sociedade. A maioria estava atrás apenas do título e da visibilidade, mas havia aquelas que, como eu, ansiavam por ajudar de verdade. Fundada por nossa segunda Rainha, o objetivo era dar de comer aos famintos e socorrer os necessitados; prestar auxílio financeiro e também participar ativamente das obras e causas sociais.

O elegante evento requisitava o uso de tiaras por parte das Princesas. Minha sogra me concedeu acesso às jóias reais para um empréstimo. Pude escolher a minha preferida, da cor de ouro branco, adornada com arabescos. Combinava perfeitamente com meu vestido, é claro, de tom lilás.

Quando me olhei no espelho e vi o resultado completo do dia de embelezamento, cabelo, maquiagem e sapatos ornando com o traje, fui obrigada a rir, dando-me conta de que eu me sentia como uma Princesa. Bem, era exatamente o que eu era de verdade.

Aguardei no quarto da Princesa — que eu apelidei de quarto auxiliar, já que fazia do quarto do Príncipe o meu também — a chegada da Rainha. Ela quem me conduziria até o salão. Meu marido, junto com os irmãos, eram simples figurantes na noite de festa. O baile era dedicado às mulheres.

Para minha surpresa, Cloe apareceu antes. Com um olhar apenas, sugeriu que todas as funcionárias nos deixassem a sós. Sua ordem silenciosa foi obedecida, inclusive por Milena e Rachel.

— Você está encantadora — ela me disse com gentileza, ainda parada perto da porta. O sorriso era sincero. — Lembro quando foi a minha vez, nem de longe estava tão bonita como você.

— Aposto que está sendo modesta — respondi espanando a mão no ar. — Você é linda sem precisar de qualquer esforço. Poucas mulheres em Cibele conseguem se igualar à sua beleza.

— Está sendo generosa — ela contestou, mas a feição denunciou que se agradou do elogio.

— Por favor, queira se sentar. — Apontei para uma das poltronas do quarto sem saber como deveria recebê-la ali.

— Ah, não, obrigada. Vim para uma rápida visita. Apenas para desejar sorte e... — Os lábios dela se contorceram de maneira tão sutil que tive dúvidas se tinha enxergado o gesto direito. — Perguntar se posso ser útil em algo.

Não tive tempo de deter a expressão de surpresa se formar em meu rosto mais rápido do que minha razão pôde impedir. Cloe percebeu e um clima embaraçoso se formou entre nós. Eu precisava dizer algo e desfazer aquilo.

— Muito obrigada, fico feliz por saber que tenho seu apoio — falei e sorri.

— Sempre terá — ela respondeu com convicção. — Quando precisar de qualquer coisa, nunca hesite em me chamar.

— Vou me lembrar disso quando precisar lidar com os paparazzi se eles nos flagrarem em uma cena constrangedora — brinquei me referindo a situação que ela passou quando uma rajada de vento ergueu a saia além do desejado.

— Pode deixar, estarei pronta para te ajudar a lidar com o problema. — A postura dela relaxou um pouco quando ela sorriu. Depois de alguns segundos em silêncio, avaliando meu rosto, voltou a falar: — A propósito, a gravidez fez bem a você. Seu olhar está radiante, iluminado.

Cloe deu alguns passos, se aproximando com mais confiança.

— Quero que saiba que estou muito feliz por vocês. De verdade. Sinto um pouco de diversão com o recém-conquistado cargo de tia. Ter um sobrinho é novo para todos nós. — Ela continuou andando e parou com a mão em cima do encosto da poltrona. — Eu e Elliot também estamos tentando, como ficou óbvio pela atitude dele. Desde quando o médico o liberou... Bem, ele resolveu que era hora. Até mesmo me acompanhou nas consultas para saber se está tudo bem comigo.

Amor Real 3 - ConfiarWhere stories live. Discover now