Capítulo 6

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Diferente do que eu esperava, não encontrei um quarto logo de cara quando atravessei a porta, mas uma sala privativa elegante e aconchegante. Tinha todo o jeito de um ambiente familiar decorado por uma mulher e seu toque feminino, com arranjo de flores distribuídos em cima de estantes e mesas e quadros com fotografias nas paredes. Ponderei o quanto minha sogra, com seu gosto tão refinado, conseguia alcançar êxito em adicionar ao luxo uma pitada de singeleza. Mas, não era ela quem estava sentada em uma das poltronas, de pernas cruzadas enquanto tinha sua atenção atraída pela tela do celular.

Esra ergueu a cabeça ao notar o movimento no ambiente e sorriu ao se deparar comigo estática a poucos metros da porta de entrada

— Como vai, cunhadinha? — Ele guardou o telefone no bolso, se levantou e andou até me encontrar, apertando minha mão com simpatia e a expressão amável com a qual sempre se direcionava a mim.

— Assustada — confessei alisando a minha testa franzida. — O que seu pai quer comigo? Você sabe?

Esra riu. Provavelmente usaria a oportunidade para fazer um de seus gracejos se não fosse detido pelo meu estado de aflição. Então, soltou minha mão e cruzou os braços na altura do peito.

— Infelizmente, não sei qual assunto ele quer tratar com você, mas estou convencido de que não precisa se preocupar.

— Tem certeza?

Ele riu mais uma vez e mudou a posição. Parando ao meu lado, tocou em minhas costas.

— Venha, ele pediu para eu te conduzir até o quarto quando chegasse.

Embora eu tentasse ser forte e pensar positivo, meu corpo não colaborou. Meu coração deu uma leve acelerada e senti o conhecido frio na barriga despertado por situações angustiantes. Eu não tinha um bom histórico de conversas sérias e particulares com meu sogro para poder me apoiar, quase todas elas não se passaram de desagradáveis incidentes que eu lutava para deixar no passado. Entretanto, resoluta, resolvi apelar ao otimismo, mas ainda sim meu corpo se negava a colaborar. Acompanhei Esra, atravessamos o cômodo até chegar diante de uma porta. Quando ele levou a mão até a maçaneta, segurei seu braço.

— Sua mãe também está aí?

— Não, ela foi resolver algumas pendências. — Ele fez menção de seguir com seu intento de abrir a porta, mas meus dedos pressionaram o local onde minha mão repousava, preocupada em como poderia lidar sozinha com uma reunião privativa com o Rei. Estava prestes a pedir para Esra me fazer companhia, quando ele entendeu minha perturbação e interrompeu as palavras prestes a sair dos meus lábios. — Edwin está aí dentro te esperando.

Meu suspiro longo divertiu Esra. Quando soltei seu braço, ele colocou a mão em meu ombro num sinal de apoio e abriu a porta. Deixei meu cunhado e adentrei no cômodo. Vasculhei o ambiente com os olhos a procura de Edwin antes de fazer qualquer observação mental sobre o local. Eu o encontrei sentado ao lado de uma espécie de cama hospitalar, colocada ali, provisoriamente, para acomodar o Rei de maneira mais confortável. Meu sogro estava deitado, tendo um lençol cobrindo os membros inferiores. As pessoas presentes me notaram, entre elas, meu marido, o Rei, uma enfermeira e dois guardas ao fundo do aposento.

— Com licença — disse, sem saber o que fazer, tomada por um constrangimento imediato causado pelo suntuoso quarto. — Vossa Majestade mandou me chamar?

Eu me preparei para fazer uma reverência, mas a voz do Rei me interrompeu.

— Esqueça isso, criança. Aproxime-se, filha. — Ele se remexeu na cama e apontou para os guardas. — Vocês, todos, nos deem licença. Vamos, rápido, nos deixem a sós.

Ninguém foi tolo a ponto de recusar obedecer a ordens dadas com tanta veemência pelo Soberano da nação. Se retiraram, ficando apenas nós três no quarto. Edwin se levantou e eu caminhei depressa, também atingida pela firmeza contida na voz do Rei. Ia me juntar ao meu marido, mas Edmund ergueu uma das mãos em minha direção.

Amor Real 3 - ConfiarWhere stories live. Discover now