Cuidar.

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Os dias passaram de uma forma mais lenta do que o normal. Eles não pareciam certos. Pareciam vazios e sem vida, sem nenhuma alegria ou coisa assim que era tão bem-vista outrora. Antes, onde o céu costumava aparecer em um belo tom de azul, iluminando tudo o que podia, agora apenas escondia-se em grandes e cinzas nuvens.

As coisas pareciam estranhas e perturbadoras desde que o fatídico acidente aconteceu. O acidente brutal e desgovernado aconteceu há quatro dias, quando um carro acidentalmente entrou no haras Kim conduzido por um motorista bêbado, que faleceu no momento da batida. Os quatro dias mais longos e difíceis foram causados por causa de um acidente, que foi anunciado por toda a cidade daquela região...

O hospital era frio e tinha um aspecto amedrontador, com largos e longos corredores que abriam caminho para várias salas, seja com pessoas internadas ou para escritórios. O ambiente era silencioso demais e apenas os barulhos de diversas máquinas podiam ser ouvidos, além do choro de alguns pacientes ou de alguns acompanhantes.

Taehyung, que estava perdido nos próprios pensamentos, acordou em um susto ao ouvir um ronco baixo, quase inaudível. Estava pensando sobre como tudo aconteceu de uma forma infeliz, de uma forma tão rápida que, aos olhos de outras pessoas, parecia indolor. Mas que, naquele instante, estava trazendo uma dor imensurável. Procurando o dono do barulho, encontrou Hoseok.

Taehyung suspirou fundo. Estava naquele hospital horrível há algumas horas, pois, como NamJoon e SeokJin combinaram, todos deveriam revezar e ficar de guarda para receber qualquer notícia dos médicos sobre o estado de Jimin. O único problema para conseguirem cumprir tal coisa foi que Hoseok nunca saiu do hospital.

Hoseok não se alimentava, não ia ao banheiro. Ele nunca saia da cadeira, sempre olhando para a sala onde o filho estava em cirurgia há dias enquanto aguardava por respostas e mais pedidos para que esperasse mais um pouco para ver o menino.

Taehyung olhou fixamente para o outro ômega e o escutou roncar de forma baixa, com os lábios entreabertos e com a cabeça caída. Hoseok parecia mal, com olheiras debaixo dos olhos e com a faceta pálida. Nada a ver com o rapaz sempre tão gentil e alegre. Taehyung engoliu em seco, desviando o olhar daquela imagem vulnerável do outro.

Pegou o celular com rapidez para tentar se distrair, mas não conseguiu. Olhou o horário, que mostrava ser vinte e duas horas, e apenas voltou a pensar em Jimin: ele estava em uma cirurgia há mais de cinco horas. Umas das várias cirurgias que ele tinha realizado. Taehyung engoliu em seco com o pensamento, batendo a perna no chão e tentando se acalmar.

A cabeça de Taehyung encontrava-se confusa e dolorida. Ele estava ansioso demais e isso o deixava sem ar. Não conseguindo aguentar e precisando fazer alguma coisa, ele cutucou Hoseok com o cotovelo a fim de acordá-lo.

— Hoseok, ei... — chamou um pouco baixo, com afobação. Hoseok não acordou e Taehyung sentiu-se sem ar, por isso o acotovelou com mais força. — Hoseok, ei! Hoseok, acorda... você vai ficar com dores nas costas se continuar deitado desse jeito, acorda...

Sentindo o peito arder ao ver que Hoseok nem ao menos tinha aberto os olhos, Taehyung engoliu em seco e fechou os punhos querendo se acalmar. Pensou em levantar e pegar um copo d'água, mas ficou estático ao sentir o corpo do outro se aproximando do seu. A cabeça de Hoseok caiu em seu ombro e ele abraçou o seu braço lentamente, ainda dormindo.

Taehyung permaneceu estático e sem saber como agir. Afinal, desde que se viram naquele dia, apenas se cumprimentaram de relance e ficaram em silẽncio sentados um do lado do outro. Nada mais do que isso. Taehyung não sabia se o certo era se afastar ou tentar acordá-lo mais uma vez. Não sabia se deveria tentar abraçar o outro ômega ou ajudá-lo a deitar. Taehyung não sabia de nada.

Ômega da cidade [FÍSICO].Where stories live. Discover now