Diagnóstico.

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As lágrimas pareciam frias contra as bochechas de Taehyung, caindo em um caminho solitário. Ele estava parado, sentado na cama enquanto abraçava os próprios joelhos. Os seus olhos cintilavam para o chão, tremendo suavemente, ao tempo em que a sua respiração alta e pesada tomava todo o espaço.

"Quem era Kim Taehyung"?, Hoseok, em frente a ele, pensava. A sua mente estava cheia e cansada, e tudo o que conseguia lembrar era do choro de Taehyung. Dolorido. Profundo. Exausto. Olhava fixamente para ele, querendo respostas. Mas sabia que aquela conversa seria difícil.

Aos poucos, pôde perceber que Taehyung simplesmente não era alguém desinteressado ou que não se importava com nada. Taehyung tinha um mundo inteiro dentro de si mesmo, um mundo destruído. Um mundo que ninguém conhecia.

Hoseok, olhando além das lágrimas e do desespero, sabia que ele precisava de ajuda. Então, um suspiro fundo o escapou dos lábios antes que sussurrasse, a voz trêmula e quebradiça:

— Taehyung... você está melhor...?

— Não...

A garganta de Hoseok ficou presa. Ele quis vomitar.

— Por que... por que você foi... por que você foi atrás de mim? Você não devia... você não devia ter feito isso, Taehyung... você sabe o quão difícil isso é? Para mim?

O tremor voltou um pouco mais forte para o corpo de Taehyung, mas ele engoliu em seco. Ele começou a sufocar outra vez tudo o que sentia. Uma barreira invisível parecia impedi-lo de expressar o turbilhão de emoções que o assombravam.

— Por favor, Taehyung. Fala comigo. Fala comigo antes que eu realmente dê as costas para você. Se eu fizer isso, eu não vou voltar nunca mais. Nunca mais — Hoseok implorou, não apenas com palavras, mas com a urgência em seu olhar. Não se importou que toda a sua ferida fosse aberta. — Por favor.

— Hoseok...

— Taehyung, eu não vou te forçar. Eu não vou te obrigar a nada. A minha maior vontade é sair daqui, é correr para longe, é esquecer... é esquecer tudo isso. Taehyung, eu nunca imaginei que nós... que nós... — Um suspiro longo o fez abaixar a cabeça. — Eu não tenho medo disso. Eu tenho medo de você. Mas eu quero te ajudar.

Hoseok sentiu os ombros ficarem tensos quando Taehyung começou a se aproximar. Aproximando-se o bastante para sentir o seu cheiro sutil, para ver como o seu rosto estava inchado devido ao choro. Ele ficou sentado, olhando para baixo com todo o corpo rígido.

Esperou que algo acontecesse, mas Taehyung não se moveu mais. Apenas ficou parado, esperando por algo. E Hoseok entendeu. Embora tenha demorado um tempo até que encontrasse a força para abraçá-lo.

— A primeira... a primeira vez que... que o meu pai me bateu... foi... quando eu tinha uns três, quatro anos... — A voz de Taehyung começou a soar baixo, contra o ouvido de Hoseok. A sua respiração tensa aos poucos se acalmou em meio ao abraço dele. — Eu sou... o primeiro ômega da família, a primeira coisa... bem, eu não sei se em todo lugar é assim, mas... os meus irmãos sempre me deixavam sem comer, sempre me deixavam com as piores coisas... porque eu sou um... ômega.

Hoseok tocou as costas de Taehyung, podendo sentir como era difícil para ele falar. Todas as frases pareciam pesadas, carregadas de algo bem mais profundo do que apenas palavras poderiam expressar.

— Eu não sei se o que eu sou agora é real, eu não sei se... se essa voz é minha, se esses pensamentos são meus... porque eu não sou eu. Antes, não era assim... eu não... eu não tinha medo de tudo... eu não tinha medo, não precisava agir como... como agora.

Ômega da cidade [FÍSICO].Where stories live. Discover now